quinta-feira, janeiro 27, 2005

O Contraditório

É verdade. Titta Maurício voltou, em tempo de eleições, às lides bloguísticas e aqui temos o seu longo comentário incluído uns posts atrás sobre o texto de António da Costa, complementado por uma adenda a um outro texto nosso.
É o Contraditório no seu esplendor.
(Já agora, qual é o problema com o "prontos" ? É tique de alguém que conhece ??)
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Só breves comentários:
- Continuo sem perceber o que é que a ligação ao distrito tem a ver com a eleição de deputados... e muito menos quando estamos num sistema de lista. Como a esmagadora maioria dos moradores do distrito são migrantes ou 1ª geração de filhos destes, sempre gostaria de conhecer um filho puro da raça cá da terra... e depois enchem a boca com o acolhimento aos imigrantes
- O que dirão quando passar a uma única lista nacional?!? Já quando se propõe candidaturas uninominais contrapõem que era o "paraíso do caciques"... mas, "prontos"!
- Não tenho procuração para defender o candidato do PSD, mas o Dr. Fernando Negrão não nasceu no distrito, mas habita nele desde os 6 anos, tendo cumprido toda a escolaridade infra-universitária em várias das escolas públicas que servem a capital das terras do Sado!... mas, "prontos"!
- O «Bruno Dias do Barreiro» presumo que seja o candidato Bruno Jorge Viegas Vitorino? Foi um lapso... outro!
- Mas ser do Barreiro, Moita, ou Alhos Vedros faz alguém ser melhor deputado?!? Porque a Heloísa Apolónia frequentou a Escola Secundária da Baixa da Banheira (e me sucedeu como Presidente da respectiva Associação de Estudantes), deveria eu votar na CDU? Ou ela no CDS?
- Dos candidatos à esquerda a argumentação aqui aduzida é de carácter pessoal e baseada em informação que não disponho... nem uso usar!- Só me detenho para corrigir o "delfinato" do candidato da CDU: o Sr. Francisco Lopes, a ser delfim de alguém, sê-lo-ia do Dr. Cunhal! E ter por «desconhecido» o homem que dominava a máquina política no distrito quando este ainda era bem mais vermelho demonstra muita desatenção! É só mais uma!
- Por fim, o candidato do CDS. É verdade que não nasceu no distrito, mas em terras de São Paulo de Luanda, filho de um setubalense que, muito jovem, havia migrado para o Ultramar
- Acompanhando o seu pai (avô do Nuno Magalhães e, também ele, um filho de Setúbal), que, como outros, ali rumaram em busca de uma vida melhor. Além disso, o actual secretário de Estado da Administração Interna (responsável pela segurança do EURO2004 - modelo que hoje é copiado por todos os países que têm responsabilidade pela organização de eventos de grandeza semelhante... o que desmente a tese de que, ser secretário de Estado «nos tempos que correm não é assim currículo muito abonatório»!), é Presidente da Comissão Política Distrital do CDS-PP desde há 2 anos, sendo (dos 5 partidos com representação parlamentar) o único cabeça-de-lista que de tal se pode arrogar!
- Quanto a mim... preocupam-se mais do que eu próprio! Além disso não posso ser tido por «lampião da verdade»... sportinguista como sou, quanto muito seria "lagarto"!
Quanto ao segundo grupo de comentários, tentarei ser sucinto:
- Não afirmei que não era importante a ligação ao distrito, mas a ligação aos concelhos;
- Mais, a ser importante alguma ligação ela deveria ser medida pelo Presente e disponibilidade futura e não pelo Passado... eu já tive que "gramar" com um cabeça-de-lista que teve a desfaçatez de afirmar em público que conhecia bem o distrito pois quando era mais novo costumava fazer vela na ribeira de coina!!! O problema (e pareceu-me ter ficado claro no meu texto) é que quando operamos num sistema de lista propostos pelas nacionais dos partidos (e refiro-me a todos) a questão da origem concelhia torna-se numa mesquinhez absurda: a ser assim, coitados dos eleitores de concelhos como Alcochete ou Sines (cada um 10.000 eleitores num universo de quase cerca de 650.000) ou Santiago ou Grândola (os com menor densidade populacional).
- A importância dos nomes é enorme, mas apenas na medida em que podemos conhecer a credibilidade daqueles que ousam dar a cara por um programa! Mas o problema é que esse programa ("bonitinho" e "bem-feitinho" para responder aos interesses locais) submeter-se-à a interesses maiores: aos interesses do país e as suas oportunidades; aos interesses e natureza das relações económicas entre países e empresas!
- A questão do porque não uma lista nacional pura é interessante... mas foi retórica, não é verdade! Porque também se podia perguntar porque é que os círculos eleitorais coincidem territorialmente com uma unidade administrativa extinta há dezenas de anos; onde não há uniformidade de interesses entre as populações (que na maior parte dos casos são opostas ou até antagónicas); onde há disparidades brutais em termos de representatividade (que dizer de círculos que usam o método de representação proporcional e elegem apenas 2 deputados?); este modelo, é verdade, proporciona "tachos" não a paraquedistas (esses ainda pousavam aqui) mas a "parapentistas" (só por cá passam a voar em direcção a Lisboa): o de lista nacional nem os obrigava a cá vir, bastar-lhes-ia frequentar o "Paço" para obter a melhor das posições possíveis na "listinha"!
- Assim, entre o risco do extremar dos localismos (mas com um eficaz controlo político posterior) e a continuação do centralismo (que premeia os sicários do costume - a deslocalização da incompetência é a única situação onde o prejudicado é quem o vai receber... pior, é a única situação onde a incompetência é premiada: «se deste barraca aqui... vai para ali, onde os gajos ainda não te conhecem os defeitos!»), preferiria o sistema de círculos uninominais!
- Quanto aos "senadores" que rumam a banhos... muitas vezes são as estruturas locais que os pedem... e eles bem resistem! A solução "senadores" é por vezes a maneira de permitir mobilizar em torno de uma só candidatura os meios e as pessoas e evitar que se tenha que escolher entre os vários "galinhos" locais... Nalguns casos, bem próximos de nós, a solução passa por esconder o verdadeiro candidato por detrás de outro que vai ao engano e acaba por descobrir a realidade dura e porca das eleições.
- Quanto aos comentário a latere sobre (supostos) «erros ortográficos e outros» é a técnica do costume: contrapôr erros que alteram a substância e a verdade dos factos e atribuir-lhes uma (ir)relevância semelhante à de comuns erros de ortografia! Quando, para vós, um "à" colocado quando se exigia um "há" é tão relevante como uma afirmação como a que foi feita (várias vezes) sobre a não ligação ao distrito do Dr. Fernando Negrão, ficamos todos esclarecidos!
Keep up the good work...
João Titta Maurício

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