segunda-feira, janeiro 31, 2005

A Estante IV


Contra os lugares comuns do politiquês de valor duvidoso, a palavra de quem estuda em profundidade as nossas eleições:

«Embora o discurso jornalístico e dos líderes políticos enfatize sobretudo a importãncia do chamado “eleitorado central” para as vitórias de cada um dos dois maiores partidos, o que os meus dados revelam é que a clivagem esquerda/direita continua a ter um papel fundamental na política portuguesa, pelo menos ao nível dos alinhamentos dos eleitores. Ou seja, não estou a negar a importância das transferências de voto entre a esquerda e a direita para determinar as vitórias dos dois maiores partidos. Aliás, os níveis de volatilidade de bloco em 1987 e 1995 apontam para uma importância não negligenciável das transferências de voto ao centro. Todavia, a análise da evolução dos perfis sociológicos dos partidos políticos portugueses revelou que os realinhamentos eleitorais, que se produziram a partir de 1987 e de que resultou uma forte concentração de voto no PSD e no PS, se efectuaram sobretudo no seio de cada um dos “blocos” ideológicos e não entre eles.»

(André Freire, Mudança Eleitoral em Portugal, Oeiras, Celta, 2001, pp. 105-106).

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