Depois de ter ouvido na 6ª feira o Nuno Markl fazer a lista das músicas que não devem voltar a passar na rádio e de no sábado ter visto pela 4º ou 5ª vez a edição especial dos One Hit Wonders no canal VH1, apeteceu-me fazer a minha lista dos ódios musicais de estimação, ou seja, daquelas músicas que eu nunca consegui suportar bem, ou em virtude da sua (falta de) qualidade inerente ou devido ao contexto em que fui forçado repetidamente a ouvi-las.
Refira-se que isto não é um top de músicas de que eu já gostei e agora não gosto (boa parte dos Beatles mais tardios com o Yesterday à cabeça), de que não gostei e agora até ouço (quase todos os Beach Boys) ou de que nunca sei se gosto ou não, mudando de opinião a cada par de anos (caso da fase disco do Bee Gees com o Staying Alive e oscilar entre o kitsch quase sublime e a mais absoluta bosta).
Ora aqui vai o meu Top 5:
5º lugar – Modern Talking; You’re My Heart, You’re My Soul.
Penso que não são precisas grandes explicações, tão má é a canção, tão maus eram os intérpretes, tão mau era o seu vestuário, tão mau era tudo. O euro-pop mais trash que se pode imaginar, em versão duo-gay alemão. Arrepios sobem por mim acima só de pensar nas vezes em que fui involuntariamente obrigado a ouvir esta desgraça na segunda metade dos anos 80.
4º lugar – Alphaville; Big in Japan.
Acho que tudo, ou quase, o que disse acima serve para esta trágica banda que me provocava pesadelos sempre que, inadvertidamente, via o início do vídeo com o vocalista com aquela maquilhagem típica de dona de bordel já muito batida pela vida. Sendo quase contemporâneas, estas duas músicas atormentaram desnecessariamente toda uma fase da minha vida.
3º lugar – Santana; Samba Pa Ti.
Para além de ter levado anos para perceber o título desta música, a razão da animosidade (pois eu até gosto do Santana e tudo) deve-se ao facto de ter sido o slow mais batido em todos os anos 70, fosse em festas-convívio da Secundária da Moita ou festas de passagem de ano na Velhinha ou em garagens de gente amiga. Música destinada a dar o tiro de arranque para o marmelanço, tinha efeitos devastadores em mim, pois despertava-me um imediato vómito, o que era claramente incompatível com actividades romântico-eróticas. Era sempre preciso esperar pela segunda música do género, o Hotel California dos Eagles, que já não me dava a volta ao estômago.
2º lugar – Pink Floyd; Another Brick in the Wall.
Sei que vou ser massacrado pelas hordas de fãs dos Floyd mas eu nunca consegui encará-los muito bem depois do álbum The Wall. Antes adormeciam-me; depois irritavam-me. Andava no 9º ano e todos os meus colegas que se achavam contestatários cantarolavam esta treta para chatear os “setores”. O problema é que, numa turma de 28, chumbaram 24, pelo que já se vê que a cantoria era o problema menor que os professores enfrentavam. Eleito delegado de turma, levei o ano em Conselhos Disciplinares e passei a detestar, por associação, o raio da música que servia de hino aos vândalos de serviço. Para além de que sempre achei que os tipos dos Pink Floyd já eram então demasiado velhos para se armarem aos cucos.
1º lugar – Stevie Wonder; I Just Called to Say I Love You.
O horror, meus amigos e amigas, o horror que foi ouvir esta canção 2349 semanas consecutivas em primeiro lugar do top nacional de singles (e álbuns) no início dos anos 80 e, por tabela, a passar o vídeo no Vivámúsica quando ainda era apresentado pela jovem montijense Júlia Pinheiro. Música tipo ladaínha, vídeo do mais chato que se pode imaginar, todas as semanas. Bem esperei eu que, na 73ª, na 567ª ou na 1874ª semana, a música fosse ultrapassada por qualquer outra porcaria (até o Words do FR David teria sido bem vinda) só para poder ouvir e ver um vídeo decente no final do Vivámúsica. Em vão. Ainda hoje sempre que vejo o artista, que é um bom artista, a abanar a cabeça, fico com suores frios e enjoos imediatos.
António da Costa
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário