«Numa coisa o Governo Sócrates cumpriu integralmente o seu programa: os tribunais de que depende o prosseguimento de casos de corrupção, deixaram mesmo de funcionar.
Não é que se tenha perdido grande coisa: processos iniciados com grande estrondo e que acabam com absolvições gerais e indulgências plenárias não são coisa que prestigie a justiça. Contudo, agora, nem isso acontece.
Os processos não andam mesmo: nem o caso Bragaparques. Gravações, filmagens e tudo. Nem assim. Há-de faltar qualquer coisa com certeza, por isso o processo está a andar á velocidade do "envelope sete".
Quanto ao "apito dourado" já está na fase em que os arguidos, cujas imaculadas reputações foram enlameadas com este processo, começam a processar o Estado.
(...) A tarefa do Governo foi fácil porque utilizou o desprestígio em que tinham caído os magistrados: não se pode dizer que este Governo impediu os magistrados portugueses exercessem a sua função normal de criação de algum risco para os crimes de colarinho branco porque eles já não a desempenhavam.
(...) O Governo atingiu o seu objectivo ao acabar de vez com a possibilidade de intervenção judicial em relação aos potenciais ilícitos da classe política: o efeito secundário não desejado, foi a desagregação do sistema.» (Saldanha Sanches, Expresso Economia, 2/Set, sem link na edição online)
Se a isto juntarmos a intensa luta pelo poder no topo da Magistratura, em que o que interessa é dominar o Supremo Tribunal de Justiça e o Conselho Superior da Magistratura, percebe-se que o mundo da Justiça é mais um em que a última preocupação é o desempenho da função para que foram investidos os juízes.
Depois, claro, enquanto se preparam todas estas jogadas, é difícil arranjar disponibilidade e paciência para minudências como fazer avançar os processos, em especial os que podem perturbar as carreiras e arriscar amizades com futuro.
AV1
Sem comentários:
Enviar um comentário