Linguajar - forma muito característica que o moiteiro tem de comunicar com os restantes moiteiros, mas que confunde naturalmente os incautos visitantes ou os próprios linguistas, tanto pela estranheza como pela originalidade do dialecto local. O principal traço é a introdução de vogais nas sílabas de diversas palavras por forma a transformá-las em sonoros e espaventosos ditongos. O "i" é muito usado em termos clássicos como brotoeija (comichão que muito aflige o moiteiro nas chamadas partes pudendas), carangueijo, cerveija, igreija, etc, etc, incluindo o sempre presente Tóino. O "u" também merece a preferência, quando se trata de nasalar até à exaustão algumas palavras como os números douze e treuze, coisa bela de se ouvir em especial naquela fase da adolescência que corresponde à mudança de voz do forcado amador, ainda antes de levar uma bela cornadela nas ditas partes e antes de aflautar um pouco o falajar quotidiano. Já o "o" é mais usado para substituir, no caso de alguns nomes, a sílaba inicial, como por exemplo no caso dos nomes femininos Órora, Ólália e Ógusta ou nos seus correspondentes masculinos (Ógusto, mas também em casos do Ójaquim, Óvitor e Ójão). O "a" é mais para amandar qualquer coisa ou para o mítico Hâ? com que o moiteiro brinda qualquer coisa que se lhe pergunte; por fim, o "e" é maravilhosamente transformando em "ê" em diversas situações comunicacionais com destaque para o "Ê pá!" ou "Ê Toiro Lindo!!", que é são dos meios de chamamento mais divulgados no território moiteiro. Claro que tudo isto é sublinhado por uma utilização da voz quase sempre a plenos pulmões ou perto disso, por forma a que toda a gente, em qualquer ponto da vilória, possa saber o que se passa na extremidade oposta. São hábitos de vida comunitário muito arreigados e que se mantém, para felicidade de etnólogos e de um antropólogo residente, mais um ou outro amoitado. O mesmo acontece quando falam ao telefone convencional ou mesmo ao telemóvel, tendo mesmo existido a ideia de só tornar necessária a utilização destes meios e comunicação à distância a partir de situações que impliquem a comunicação acima de 50 km, por exemplo, para além de Lisboa, pois qualquer discussão entre um casal moiteiro, mesmo de aficionados gays, se ouve com toda a clareza nas ruelas do Bairro Alto. Tudo isto, como é sobejamente conhecido, proferido de boca bem aberta e com lançamento de basta perdigotagem num raio nunca inferior a 10 metros ou mesmo superior, caso o moiteiro decida chamar o filho enquanto come a sua febra numa roulote da festa. Nesse caso, a perdigotagem é enriquecida com o belo pedaço semi-mastigado de pão e carnuncha e torna-se bem mais nutritivo. E assim é.
Fernandinho Letrinha Fina
3 comentários:
No domingo o moiteiro típico, aquele que frequenta o Clube Náutico e redondezas linguajou que se fartou.
E teve o comportamento típico de todo o bom português, ou bom benfiquista ou bom... moiteiro:
- Quando o Benfica perde o que é que o bom benfiquista faz?
- Chega a casa e dá porrada na mulher.
Pois foi isso que aconteceu no domingo, e não é preciso o antro/sociólogo de serviço vir explicar.
Já se sabia, todos os intervenientes sabiam que não ía haver foguetes para alguns moiteiros fazerem o gostinho ao dedo uma vez no ano: atirar foguetes dos barcos duarante a procissão.
Vai daí, (devidamente orquestrados, claro) viraram a sanha contra tudo e contra todos. Até o padre não escapou ao linguajar e ao insulto e ao palavrão.
Quem filmou e fotografou que o mostre. Fellini, que estivesse aqui a filmar poderia ter realizado umas boas boas cenas.
E a comissão de Festas ou em última análise, a Câmara, onde é que estava?
Com o novo decreto lei que regulamenta o fogo de artificio e os foguetes, cabe à Câmara licenciar esta área.
É certo que é uma tradição muito antiga o atirar os foguetes dos barcos acostados ao cais.
Este ano a tradição não se cumpriu, por força da lei.
Mas houve algum esforço para explicar à população porque é que essa tradição não se mantinha?
Não. Não tiveram "tomates" para assumir as explicações, porque viram que não tinham força para tal.
Por isso, encolheram os ombros, fizeram que não ouviram, nem sabiam. Entretanto mandaram que instrumentalizasse "a coisa" e desviasse "as atenções"
Comportamento típico de que, na vereação supervisiona a Festa: o nosso amigo RG.
O Sociólogo
Mas o mais giro é que o JL tinha aparecidso a anunciar que autorizava, o que achei estranho, atendendo à lei.
AV1
E mais, disse em público que:
atirem lá uns foguetes que a gente fecha os olhos!
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