segunda-feira, setembro 04, 2006

Segunda orelha cortada

Do Setúbal na Rede, no provecto ano de 1999:

«Durante este mês de Fevereiro, o secretário de Estado do Ambiente, Ricardo Magalhães, vai promover uma reunião com a Direcção Regional do Ambiente e as câmaras da Moita e de Palmela, para analisar o problema do rio da Moita, uma vala real que transborda para os terrenos adjacentes por causa da impermeabilização de que foi alvo por ocasião da construção do complexo da Ford Volkswagen, em Palmela.
A novidade foi avançada ao "Setúbal na Rede" pelo vereador do pelouro do Ambiente da Câmara da Moita, José Manuel Figueiredo, e decorre do encontro mantido com o representante do Governo, no dia 15 de Janeiro. Satisfeito com a sensibilização do secretário de Estado para esta matéria, o vereador acredita ser "desta vez" que o rio da Moita será "tratado como merece".
O vereador acredita nas promessas oficiais e, por isso, preconiza a regularização do leito e das margens do rio da Moita a médio prazo, com um financiamento que "poderá ser feito ao abrigo do próximo Quadro Comunitário de Apoio". (...)
Milhões para a zona ribeirinha
Preocupado com a lentidão do processo de requalificação dos cerca de 20 km de zona ribeirinha da Moita, a autarquia reuniu no dia 27 de Janeiro com a Administração do Porto de Lisboa, um encontro de onde saiu a certeza de que a 6º fase da requalificação vai avançar em breve com a remoção das carcaças de embarcações abandonadas.
Estabelecido ficou ainda o modo de participação da APL no processo de revisão do Plano Director Municipal da Moita, assim como um protocolo a ser assinado entre as duas entidades com vista à concretização de um programa conjunto de requalificação e valorização daquela área
. No entanto, ficou por definir o destino do cais de desmantelamento de navios, em Alhos Vedros, e o desassoreamento da caldeira junto ao moinho de maré.
Desde o início do processo de reclassificação já foram recuperados 60 hectares e gastos mais de um milhão de contos, pelo que o vereador do ambiente prevê gastos de "largos milhões" para recuperar toda a zona ribeirinha e transformá-la em área de lazer, uma recuperação que passa ainda pela aquisição de algumas marinhas de sal e antigos viveiros do peixe.
Uma tarefa para a qual a autarquia conta com a ajuda financeira da APL e da administração central
, já que em causa estão verbas "demasiado altas para uma autarquia", adianta o vereador. Quando a projectos em curso, José Figueiredo aponta a recuperação da área ribeirinha entre a Moita e Gaio-Rosário, cujos projectos estão já em fase de estudo.»

Obviamente que a preocupação era a ribeira da Moita e o texto passa em grande parte por aí, mas tanta outra coisa se lê aqui e como é tão dúplice o discurso da autarquia em relação ao Poder Central, conforme seja feito lá fora ou cá dentro.
Em primeiro lugar discutiram tudo, menos o caso do cais de desmantelamento.
Porque foi isso? A APL ou o secretário de Estado recusaram-se ou a agenda moiteira nunca teve como prioridade a situação em Alhos Vedros?
Todos sabemos a resposta, nem vale a pena iludir a coisa.
Em seguida, anuncia-se uma chuva de milhões para a zona ribeirinha. Para qual? Pelos vistos, apenas se concretizou para a da Moita. O Governo mudou e o governo novo apertou o cinto depois? É possível, mas também se afirma com clareza que a APL e a administração central iriam financiar a requalificação da zona ribeirinha, no que se incluía a aquisição de antigas marinhas e viveiros de peixe, o que nos deixa a dúvida: então essas zonas não são todas da APL? Afinal, parece que não, pois claro que não, pois se assim fosse não era preciso adquirir as marinhase os viveiros. Aliás, o moinho do Julião tem sido do Julião e não da APL.
E que marinhas foram adquiridas? As que foram entulhadas na entrada da Baixa da Banheira ou as que servem de lixeira a caminho do Cais Novo?
O mesmo vale para os viveiros.
O que é interessante em tudo isto, é como as relações entre a CMM, o poder Central e a APL sempre são apresentadas a uma luz mais do que favorável nestas ocasiões, só surgindo mais tarde acusações que as declarações dos responsáveis políticos desconfirmam, a menos que alguém, algures, em algum tempo, tenha faltado à verdade por qualquer tipo de conveniência.
E é interessante que, mesmo quando a APL se mostrou na disposição de levar o cais de desmantelamento para fora, pelos vistos a "vontade política" faltou a alguém. A quem?
E em 1999 a agenda contemplou a discussão da limpeza e assoreamento da ribeira da Moita com a própria APL, mas nada se falou quanto ao Cais de Alhos Vedros.
Isto demonstra a menorização a que sempre foi votada a questão do Cais - está lá, é um dado adquirido, só se fala nisso se for preciso - assim como as prioridade do poder moiteiro.
E demonstra que, quem agora escreve sobre o assunto com o discurso-cassete do papão-APL ou anda muito mal informado ou só tem interesse em desinformar.

AV1

4 comentários:

nunocavaco disse...

Não quer responder ou então não sabe. Então boa volta à praça.

AV disse...

Já lhe respondi no Banheirense.
Anda desatento, é o que.
Mas eu percebo a desorientação.

AV1

AV disse...

De novo na tasca, pra mim são duas mines !

AV2

Anónimo disse...

É perseguição!
Como é que souberam que a essa hora o homem estava na tasca?


David White Bier