sexta-feira, novembro 17, 2006

Aborto Argumentativo

Qualquer leitor distraído do AVP já saberá que sou a favor da despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, que aqui discuti acesamente com quem tem poisção contrária, assim como votei "Sim" no referendo dos anos 90 e, já agora, aproveito para afirmar que o voltarei a fazer no início do próximo ano.
Tenho essa posição há muito, não a tenho de forma despreocupada e não sou muito sensóvel a vários argumentos usados pelos defensores do "Sim" nem me revejo nas estratégias-choque que certos sectores usam para denegrir os defensores do "Não", estratégias essas cuja burrice se comprovou pelo fragoroso fracasso no dito referendo realizado.
Ora desta vez, mais do que esse tipo de estratégia perfeitamente acéfala, está a usar-se desde já uma outra estratégia igualmente triste e de um nível argumentativo verdadeiramente nulo.
De acordo com algumas luminárias, o referendo só vale se der o resultado que queremos.
Aliás, as leis da República só devem servir para o que nos interessa.
Portanto, e havendo uma maioria a favor da despenalização da IVG no Parlamento, dê o referendo no que der, seja vinculativo ou não, deve avançar-se com a lei na Assembleia da República de qualquer modo.
Os inteligentes que defendem isto esquecem que, ao darem como boa tal estratégia, estão a justificar que uma maioria inversa possa fazer lei contrária, quando o equilíbrio de forças for outro.
E isso não é solução.
Tendo-se enveredado - de forma correcta, quanto a mim - nesta questão, o respeito por ela deve ser mantido.
Há mesmo alguns opinadores verdadeiramente patéticos que invocam erradamente os compromissos eleitorais do PS para forçarem tal solução e chegam mesmo a relembrar a maioria absoluta dada pelos eleitores ao PS, o que serviria de cheque em branco para todas as medidas defendidas por socialistas e xuxalistas.
Esta gente é irremediavelmente idiota.
Será que não perceberam que esse argumento se pode voltar contra eles em inúmeras outras situações?
Sinceramente há níveis de idiotice que nem eu consigo compreender.
Então o PS ganhou com maioria, pronto, está feito, podem cortar a eito que o povo votou neles e ninguém pode refilar. Isto dito por ortodoxos do PC é uma verdadeira atrocidade.
E depois são capazes, numa pirueta de coerência às urtigas, virem criticar o autismo da maioria em outras questões sociais.
Pois, pois...
Há maiorias que em algumas situações são convenientes, mas em outras não o são.
Esta forma de argumentar é que devia ser interrompida de forma voluntária ou não para que não sirva apenas para descredibilizar quem vota "Sim".
E depois queixem-se se voltarem a perder.

AV1

5 comentários:

k7pirata disse...

Nem mais. Uma maioria de direita a acontecer no futuro (cruzes canhoto), podia simplesmente alterar a lei. Já em referendo só com novo referendo.

Anónimo disse...

Não tenhas vergonha de dizer que estás a gozar com o Madeira porque já todos percebemos.

Anónimo disse...

Eu sou inocente.
Eu nem conheço a pessoa!
Ó pra mim admirado!
(o de cima é o AV2)

Anónimo disse...

Estais convencidos de que temos uma maioria com políticas de esquerda ou andam aí só para confundir o Zé-povinho?

Anónimo disse...

Whatiiii?