Se há assunto sobre o qual tenho evitado pronunciar-me é o da situação na Autoeuropa.
A razão é simples e até idiota.
Não o tenho feito porque acho que a acção da Comissão de Trabalhadores liderada por António Chora tem tido uma atitude irrepreensível na forma como tem conduzido as sucessivas negociações com a Administração.
Ora, no contexto local, escrever isto é o mesmo que me afirmar inimigo figadal do PCP e companheiro de conspirações do António Chora, pessoa com quem nunca troquei palavra e não conheço pessoalmente.
E tenho evitado, apesar de sucessivos asneirames do agente multiusos local e de outros agentes provocadores, meter-me por tal assunto.
Conheço várias pessoas que por lá trabalham ou que trabalham em empresas que dependem da Autoeuropa e sei bem o que as preocupa: manter o seu posto de trabalho num contexto económico e laboral muito difícil em que a sua perda pode representar um longo período de desemprego e incerteza quanto ao futuro.
Não é que eu ou essas pessoas achemos que para manter os postos de trabalho tudo seja justificável mas, até ao momento, as soluções encontradas têm sido bastante razoáveis e não me repugnaria nada que muitas delas fossem extensíveis a muitos outros sectores da actividade económica.
Dito isto, passo ao assunto central do post e que nada tem a ver directamente com as lutas intestinas pelo poder na CT, com os activistas minoritários a fazerem tudo para minarem o trabalho da direcção maioritária, mesmo se isso implicar prejuízos para os trabalhadores. Mas tácticas, são tácticas, e por isso mesmo é que nunca fui sindicalizado nos trabalhos por onde passei. Sou reaccionário, já sei. Mas nunca fui patrão, nem esplorei trabalho alheio.
Adiante.
Vem isto a própósito do facto de entre as minhas relações de amizade estar uma pessoa que há algum tempo se viu na contingência de sair do país e ir trabalhar para a VW na Alemanha, onde se encontra numa posição intermédia mas importante ao nível da definição do local e das empresas onde a VW se abastece de peças e materiais para as suas linhas de produção.
E essa pessoa, apesar de uma posição de destaque relativamente menor, é mais útil ao nosso país, à manutenção de centenas ou mesmo mais de postos de trabalho e á sobrevivência de diversas empresas no nosso distrito, que uma dezena de opinadores encartados, avençados e com o rabinho e as costas quentes pelo cartão partidário.
Por isso, repugna-me profundamente que quem não sabe, nem nunca soube, o que é difícil manter um posto de trabalho, estar muitos meses desempregado à espera de nova hipótese e ter de lutar pelo seu lugar ao sol sem ajudas externas, andar por aí a "largar postas de pescada" (expressão agora em moda na discussão política no concelho e ai de quem me criticar por usá-la) como se fosse conhecedor encartado na matéria.
Eu já passei por todas essas situações (como antes de mim a minha ascendência há 25 anos atrás) e tenho algum pudor, agora que tenho uma situação mais segura, em fazê-lo, mas há mesmo quem não tenha vergonha nenhuma na cara e apenas escreva disparate sobre disparate.
AV1
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2 comentários:
...minando com isso o Sindicalismo Democrático e esquecendo que em Portugal existiu o Anarco-Sindicalismo e que na nossa história foram os trabalhadores organizados sem tutelas de partidos que formaram a luta pelos seus própros interesses, isto até 1945.
Os sindicatos não podem estar aliados nem a partidos nem a Lobbys e terão de ser o que os trabalhadores queiram que seja.
Viva o António Chora e a sua atitude pragmática de defesa dos trabalhadores e da defesa dos seus postos de trabalho !
AV2
Bem Dito,
Só falta acrescentar que os sindicalistas do cartão que estiveram no fecho da Merloni e outras, estão agora na Direcção do sindicato a tempo inteiro, ou seja desemprego???? o que é isso??? interessa é a luta desenfreada, e quem cá ficar que se desenrasque, Porque eles estão sempre orientados.
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