segunda-feira, novembro 27, 2006

Breve histórico do PCP

O PCP nasceu em 1921 como a secção Portuguesa do Comintern, que foi uma organização fundada por Lenine e pelo PCUS, que planeava estabelecer uma República Soviética internacional, como um passo transitório para a completa abolição do estado ou seja a implementação da Anarquia.
Staline acabou com o Comintern em 1943, mas desde 1923 que Staline desconfiava e achava perigosa esta ideia, porque desejava que a URSS se desenvolvesse tecnológicamente e com um sistema político centralizador baseado num estado forte, e fosse a URSS a dimensionadora e a mãe de todos os “socialismos”, como o chegou realmente a ser, antes da China ter experimentado por antítese uma forma nacional de “socialismo”.
Eu não escrevi que o PCP andou a “reboque de situações internacionais” como o Manuel Madeira “transcreveu”, falaciosamente e ponho entre aspas, “transcreveu”, porque em nenhuma parte do meu post “PCP Local X PCP Nacional”, tal frase aparece, o que terá induzido o MM a utilizar esta frase será o facto de eu ter escrito nesse texto, que... “o PCP sempre teve na URSS o seu modelo de socialismo...e seguiu as mutações ideológicas do arquismo colectivista de estado”.
O PCP poderia ter enveredado pelo Trotskismo, quando Leon Trtsky, organizador do exército vermelho e um dos principais dirigentes da Revolução de Outubro, fundou a 4ª Internacional, perto de Paris em 1938, por exemplo, ou pelo Maoismo, mas manteve-se fiel à doutrina da URSS da altura que era o Stalinismo.
Isto apesar do PCP ter sido expulso do Comintern, nesse mesmo ano de 1938. De 1938 a 1947 o PCP passou por um período de guerras internas e neste período que corresponde também ao período da 2ª Guerra Mundial, realmente houve um hiato de seguidismo com a URSS, mas isso foi devido à URSS, por acção de Georgi Dimitrov, ter expulso esta sucursal portuguesa da Comintern, por se ter notado”...uma quebra repentina nas actividades do partido...”
Em 1943 depois da reorganização do PCP e depois da morte de Bento Gonçalves no Tarrafal, o partido achou que se deveria unir com a oposição ao regime Salazarista e com todos os que queriam acabar com essa ditadura. Em 1946 o PCP adopta a ideia de que só um movimento popular amplo e de massas, poderia derrubar o regime Salazarista, seguindo nessa altura a moda das Frentes Populares, que grassavam em França e na Itália no pós-guerra, em que os partidos comunistas se aliavam com os partidos socialistas e os modernos partidos sociais-democratas (1) para tomarem o poder.
Álvaro Cunhal em 1948 veio restabelecer as ligações com a URSS, viajando até à Rússia, para acordar com Mikhail Suslov a reentrada do PCP, agora na Kominform, (Oficina de Informação Comunista), porque a Comintern tinha sido extinta em 1947.
Em 1957 um ano após a dissolução por sua vez da Kominform o 5º congresso do PCP, foi realizado pela primeira vez fora do País, em Kiev na União Soviética.
Durante a década de 1960 o PCP tomou a posição de apoio aos movimentos de guerrilha anti-coloniais, formados pela União Soviética, mais tarde também alguns foram formados pelos EUA, quando o PCP poderia ter por exemplo a opção nacional de que o desenvolvimento das colónias e dos seus cidadãos, seriam outro caminho possível para a sua gradual independência económica e posteriormente política, passando por um período de federalismo com Portugal e evitando assim a descolonização “exemplar”, que veio a acontecer em 1974/75 e as posteriores guerras civis que dilaceraram os povos de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.
O PCP, foi por isso apoiante da visão tacanha da URSS que desconhecendo a realidade desses colonialismos, apenas jogava no jogo de influências Leste/Oeste, numa guerra fria geo-estratégica , que haveria de perder por ter abandonado depois o processo autocrático e centralista que tinham designado como “socialismo” e enveredando pelo capitalismo selvagem, não tentando salvar os primeiros ideais socialistas de Lenine e Trotsky e não tendo a coragem e a audáciaque seria pôr em prática na URSS, o Anarquismo, optando pelo arquismo ditatorial agora de características capitalistas.
O projecto URSS falhou em todos os aspectos, tanto social como económicamente e o PCP, volto a reafirmar sempre seguiu esse projecto e esse modelo e não teve até agora uma visão socialista autónoma e independente para a nossa Pátria.

Termino dizendo que Portugal precisa dessa ideia e se não for o PCP ou o BE a avançarem com ela, alguém se encarregará de o fazer.

(1) os antigos partidos sociais-democratas, mudaram depois o nome para partidos comunistas, desde que Lenine mudou o nome do seu partido de, Partido Social-Democrata da Rússia, para Partido Comunista da Rússia, isto ainda antes da Revolução de Outubro.

AV2

9 comentários:

Anónimo disse...

O que tu fazer só para o Madeira te escrever.

AV disse...

mas ao mesmo tempo aumento a minha cultura politíca !

AV2

Anónimo disse...

Como nasceu o Partido Comunista Português?

Terminada a primeira guerra mundial (1914-1918), Portugal mergulhou numa grave crise económica, com uma vertiginosa subida dos preços e do desemprego.
O ano de 1919 ficou assinalado pela maior vaga de lutas reivindicativas dos trabalhadores, face ao agravamento das condições de vida.

Apoiado na força das suas organizações sindicais, o proletariado português respondeu ao aumento da exploração, desencadeando um amplo movimento grevista, para conter a ofensiva do capital.
Com o apoio da União Operária, cresceram as movimentações reivindicativas e, no fogo dessas lutas, a classe operária conquistou, finalmente, a histórica vitória da jornada de 8 horas de trabalho.

Em Setembro de 1919, as organizações sindicais deram um novo passo para o reforço da sua unidade de acção, criando a CGT - Confederação Geral do Trabalho, que rapidamente reuniria 100 000 membros.
Mas, sem um programa político, a classe operária não conseguiria definir uma política de alianças coerente, e encontrava-se isolada nas suas batalhas contra o patronato.

Entretanto, na linha da repercussão internacional da Revolução Russa de 1917, desenvolvera-se em Portugal, um entusiástico movimento de solidariedade e apoio à causa “bolchevique”.
Haviam-se formado círculos diversos, para popularizar a experiência do proletariado russo, em 1919, fundou-se a Federação Maximalista Portuguesa que passou a editar o semanário “Bandeira Vermelha”.

A partir de Novembro de 1920, realizaram-se várias reuniões nas sedes de alguns sindicatos, com o intuito de se construir uma vanguarda revolucionária da classe operária portuguesa. No mês seguinte, reuniu-se uma Comissão Organizadora dos trabalhos para a criação do Partido Comunista Português, que iniciou, em Janeiro de 1921, a elaboração das bases orgânicas da nova formação política.

De modo diverso ao que ocorrera na generalidade dos países europeus, o Partido Comunista Português não se formou a partir de uma cisão no Partido Socialista(...), (inexistente à época e criado apenas em 1973, na Alemanha),(...) mas ergueu-se, essencialmente, com militantes saídos das fileiras do sindicalismo revolucionário e do anarco-sindicalismo, que representavam o que havia de mais vivo, combativo e revolucionário no movimento operário português.

A fundação do Partido Comunista Português não foi um acaso nem fruto de uma decisão arbitrária. Foi a expressão de uma necessidade histórica da sociedade portuguesa e resultado da evolução do movimento operário português.

Extraído do livro "60 anos de luta"

Anónimo disse...

O ano de 1919 ficou assinalado pela maior vaga de lutas reivindicativas dos trabalhadores, face ao agravamento das condições de vida.
FALSO, 1911 foi o ano do pico de actividade grevista em Portugal.

Com o apoio da União Operária, cresceram as movimentações reivindicativas e, no fogo dessas lutas, a classe operária conquistou, finalmente, a histórica vitória da jornada de 8 horas de trabalho.
FALSO, a consagração do horário de 8 horas semanais e do dia de descanso semanal obrigatório aconteceu também em 1911, embora com o permanete boicote dos patrões.

na linha da repercussão internacional da Revolução Russa de 1917, desenvolvera-se em Portugal, um entusiástico movimento de solidariedade e apoio à causa “bolchevique”.

FALSO, em Portugal a Revolução "maximalista foi apenas saudada pelos anarquistas, em virtude de Lenine ter retirado a Rússia da guerra.

o Partido Comunista Português não se formou a partir de uma cisão no Partido Socialista(...), (inexistente à época e criado apenas em 1973, na Alemanha),(...)

FALSO, já existia em Portugal um Partido Socialista desde finais do século XIX, como uma facção republicana mais radical do que o PRP.

Isto quando se fazem cópias, por vezes as coisas acabam baralhadas.
Nada substitui o verdadeiro estudo e conhecimento.

Papagaios há muitos.

Anónimo disse...

O PARTIDO COMUNISTA DA «REORGANIZAÇÃO» DOS ANOS 40 AO 25 DE ABRIL.

(...)Quando se examinam as propostas que faziam as diversas forças políticas para o regime que deveria suceder à ditadura, não pode deixar de ter-se em conta que desde a 2ª Guerra Mundial (1939/45) ao 25 de Abril de 1974, quase 30 anos, se registaram radicais alterações na situação internacional, significativas alterações na situação nacional e uma evolução das organizações e do pensamento político da Oposição determinando importantes mudanças programáticas.

Se em relação ao PCP, em linhas gerais e simplificadas, quisermos definir o essencial dessas mudanças, podemos dizer que, na medida em que o Partido aprofundou a análise da realidade portuguesa, foi-se precisando a necessária complementaridade das vertentes política, económica, social e cultural da revolução antifascista, da revolução democrática, no quadro da independência e soberania nacionais.

Manteve-se entretanto sempre, como objectivo e tarefa central, como eixo da luta antifascista, a liquidação da ditadura fascista, a conquista da liberdade política, a instauração de um regime democrático.

Logo em Março de 1943 (pouco tempo portanto após a reorganização, ainda grassava a 2ª Guerra Mundial) nos "9 pontos-Programa para a Unidade Nacional", aprovados no III Congresso (1943) e confirmados no IV Congresso (1946) se propunha a instauração da liberdade de palavra, de imprensa, de reunião, de associação, de crenças e cultos religiosos, a legalização das organizações operárias e progressistas" e a constituição de um Governo Provisório até que o povo português escolhesse os seus governantes através de eleições em sufrágio directo e em escrutínio secreto de uma Assembleia Constituinte.

O IV Congresso realizado em 1946, portanto já depois do fim da guerra, insistindo nos objectivos centrais das liberdades democráticas lançou a consigna de um Governo de Concentração Nacional para proceder à realização de eleições livres.

O V Congresso (1957), o Programa aprovado, a par de objectivos de carácter social, de objectivos relativos às estruturas socioeconómicas (nacionalização das empresas monopolistas e reforma agrária com a expropriação dos latifúndios), e do reconhecimento do direito dos povos das colónias portuguesas de África à imediata e completa independência, apontou como objectivo político central a instauração das liberdades e direitos dos cidadãos e de um regime verdadeiramente democrático.

O VI Congresso (1965) realizado já num período de crise da ditadura e guerra colonial, aprovou o "Programa do PCP para a revolução democrática e nacional" definindo 8 pontos ou objectivos fundamentais largamente desenvolvidos: 1º Destruir o Estado fascista e instaurar um regime democrático; 2º Liquidar o poder dos monopólios e promover o desenvolvimento económico geral; 3º Realizar a Reforma Agrária entregando a terra a quem a trabalha; 4º Elevar o nível de vida das classes trabalhadoras e do povo em geral; 5º Democratizar a instrução e a cultura; 6º Libertar Portugal do imperialismo; 7º Reconhecer e assegurar aos povos das colónias portuguesas o direito à imediata independência; e 8º Seguir uma política de paz e amizade com todos os povos.

O 1º objectivo foi definido como o "objectivo central" da revolução antifascista. Apontou-se a dissolução dos órgãos e instrumentos do poder fascista, a instauração e garantia das liberdades sindical, de palavra, de imprensa, de associação, de reunião, de greve e de manifestação; a liberdade de consciência, de divulgação das crenças e da prática do culto; a igualdade de direitos para todos os cidadãos independentemente do sexo, grau de instrução e situação económica.

Adiantou-se como objectivo "uma organização democrática do Estado, uma câmara legislativa única eleita em sufrágio directo, universal e secreto para todos os cidadãos maiores de 18 anos, a designação do Governo pelo Parlamento e a sua responsabilidade perante este, eleições livres para todos os órgãos de administração local; a reorganização das forças armadas, a democratização da justiça.

Este breve enunciado permite aferir da importância central que no programa do PCP assumiu (como sempre assumiu ao longo dos 71 anos da sua história) a democracia política(...).


Conferência de Álvaro Cunhal
no Seminário «Para a história da oposição ao Estado Novo»
Universidade Nova de Lisboa - 9 de Abril de 1992

AV disse...

"A fundação do Partido Comunista Português não foi um acaso nem fruto de uma decisão arbitrária. Foi a expressão de uma necessidade histórica da sociedade portuguesa e resultado da evolução do movimento operário português"

Não havia necessidade nenhuma, o proletariado Português, estava já muito bem representado pela CGT, antiga União Operária Nacional, confederação Anarco-Sindicalista, e pelo jornal Anarquista de maior tiragem, "A Batalha" fundado em 1919 e que teve o seu último nº2556, da primeira série, publicado em 1927, um ano depois da Revolução que levou à queda da primeira República e à implantação do Estado Novo, como curiosidade o PCP só publica o seu primeiro "Avante!", 12 anos depois do aparecimento do jornal "A Batalha", ou seja em 1931.

O PCP não participou portanto das grandes Batalhas que os trabalhadores Portugueses, travaram desde 1886 que foi o ano do início da actividade anarquista em Portugal, fruto da primeira Internacional, onde as águas se dividiram entre os Anarquistas e os Marxistas.

"A 1ª Internacional

Originalmente, a organização continha, em ordem de quantidade, sindicalistas ingleses, proudhonistas franceses, republicanos italianos e marxistas alemães, e era liderada por Karl Marx. Algum tempo depois, disputas entre Marx e Mikhail Bakunin, o anarquista mais proeminente na Internacional, levou a uma racha entre marxistas e anarquistas, com os países latinos se alinhando aos anarquistas e os países anglo-germânicos se alinhando a Marx"

Fonte Wikipédia

AV2

Anónimo disse...

Esclarecimento,

A minha referência (no comentário- 11.12PM/27.nov.) à inexistência durante a ditadura fascista do PS era, obviamente, do actual, que nada tem em comum com o outro PS existente até 1933. Ano em que cessou a actividade, numa Conferência Nacional organizada para o efeito e com a autorização do regime fascista.

A diferença entre mim e o AV1 é que entendo não existirem "papagaios". Mas, de forma constante e irregular, um processo de conhecimento e formação, sem o qual não há cultura. Logo, a vida é uma aprendizagem contínua, onde ninguém se sobrepõe a ninguém e jamais alcançamos o "centro da sabedoria".

Relativamente às falsidades a que alude, AV1, deixe-me dizer que cada um interpreta a história à sua maneira, e alguns com objectivos inconfessados.

O seu auto-convencimento e a visão autoritária dos outros já eu conheço e dispenso. Por isso, não se traumatize por não ir perder mais tempo consigo.

Anónimo disse...

AV2,
Ao longo da história da humanidade sempre houve grandes batalhas. Diga, e entrará no "Guiness" o nome de uma organização que tenha participado em todas.

Diga (para não haver demagogia) se, para si, "grandes Batalhas" foram só as verificadas no final do sec.XIX e se durante esse período, dos partidos actualmente existentes, foi só o PCP a não estar presente.

Já agora, em termos de "grandes Batalhas" classifique o período de ditadura vivido em Portugal entre 1926/1974. E, se não for pedir muito, diga quais os partidos, dos actualmente existentes, além do PCP que com resistência e luta organizada (muitíssimas vezes com sacrifício da própria vida) foram fundamentais e determinantes para o derrube da ditadura fascista e a instauração de um regime democrático em Portugal.

Tenha paciência mas, ao contrário do que afirmou, o Tempo veio dar razão e confirmar a necessidade e importância Histórica da fundação do Partido Comunista Português em 1921.

Pela verdade e a justiça, permita-me uma correcção: o 1º orgão oficial do PCP não foi (como erradamente V.Exa. disse) "O Avante"(1931), mas "O Comunista" cuja 1ªpublicação saiu em 16.Outubro.1921.

Anónimo disse...

"além do PCP que com resistência e luta organizada (muitíssimas vezes com sacrifício da própria vida)"

Variadissímas e nem me apetece mencionar todas. Até era giro que os registos da PIDE fosse *mesmo* públicos que era para vermos quantos ~comunistas foram perseguidos, presos e torturados.

Essa coisa que só vocês é que lutaram é uma patacoada que o tempo há-de destapar.

"foram fundamentais e determinantes para o derrube da ditadura fascista e a instauração de um regime democrático em Portugal."

O que foi fundamental foi a conjuntura internacional e uma revolta militar/golpe de estado consentido e que pouco teve a vêr com os "interesses" do povo e muito menos dos comunistas.

Que os comunistas por estarem bem organizados, a aproveitaram em seu benefício e dos seus apaniguados Russos isso é que não houve dúvida nenhuma.

Boa noite.