sábado, novembro 25, 2006

Nem de propósito

Chove que se farta, ficam à mostra insuficiências várias em intervenções recentes do poder moiteiro e logo aparecem certos artigos de opinião a desculpabilizar e a culpar os do costume.
Eu especifico: chegou-me às mãos um jornal Primeira Página datado de ontem, em que um senhor que confesso não conhecer do partido "Os Verdes" chamado Álvaro Saraiva afirma ser urgente a regularização do Rio da Moita.
Claro que se passa adiante da designação de "rio" com dificuldade em não sorrir, mas é-se obrigado a aguentar um texto que, em nome de uma visão maniqueísta do mundo, faz variados entorses aos factos e à própria coerência do discurso produzido.
Vejamos resumidamente o que Álvaro Saraiva afirma: quando foi decidida a instalação da Auto-Europa o Governo negociou as contrapartidas à "revelia dos municípios", entre as quais estaria a construção definitiva da colecta e do tratamento dos efluentes da fábrica, assim como a constituição de um sistema de drenagem a norte da fábrica, em direcção ao Tejo. A obra não esteve feita na data marcada, depois foi realizada apenas em parte e agora no concelho da Moita são necessárias obras que a autarquia não tem meios para comportar e que deve ser o Poder Central a fazer.
Eu até concordo com a última parte, só lamento que este texto venha ao arrepio de declarações passadas de responsáveis autárquicos moiteiros, de opções actuais em termos de investimento e que pareça não perceber que se contradiz a si mesmo.
Não é que esteja contra a necessidade de obras que permitam que a ribeira da Moita não acabe um dia por transbordar por causa de detritos que se acumulem na passagem junto à rotunda "da BP", o que estranho é que o autor do artigo ziguezagueie na argumentação, seleccionando apenas os factos que lhe interessam.
Aliás, poder-se-ia mesmo começar pela própria instalação da bomba de gasolina naquele local, levando à impermeabilização de uma zona crítica, sem que isso tenha sido feito sem qualquer tipo de melhoramento sensível nas estruturas existentes, nomeadamente na passagem hidráulica evidentemente subdimensionada que ali existe e persiste há décadas, com arranjos apenas de pormenor e sem que alguma vez se tivesse considerado a elevação da dita para permitir um melhor escoamento das águas.
Mas como só se lembram disto quando chove, na altura devem ter-se esquecido de exigir uma contrapartida deste tipo à BP. Aliás, como se está a passar a poente de Alhos Vedros, com a vala que vem desde o Vale da Amoreira e Vinha das pedras até ao Cais Velho, onde também querem colocar uma rotunda em cima de umas condutas mirradinhas que o mais certo é virem a dar problema. E tudo isso planeado sem intervenção do Poder Central que até agora só apontou que ali há erro.
Mas Álvaro Saraiva parece ter-se também esquecido - ou essa informação não lhe chegou no dossier fornecido - que em final dos anos 90 o então vereador para o Ambiente da CMM voltou uma tarde de Lisboa, de uma reunião com a Administração do Porto de Lisboa e um qualquer Secretário de Estado, cheio de promessas e satisfações (que aqui já transcrevemos) quanto à obra que agora se afirma ter sido negada pelo Poder Central. Pelos vistos ou na época alguém faltou à verdade, ou foi embarretado, ou então é agora que alguém se esqueceu desse detalhe.
Para além disso, AS também parece ainda não ter percebido que a AutoEuropa está implantada no concelho de Palmela e que então a dita autarquia teve voto em algumas das matérias em apreço. Se ninguém julgou relevante chamar a CMM à conversa, esse é um outro problema.
Por fim, AS confunde-se, penso que involuntariamente, quando acha que os municípios devem ser chamados para discutir contrapartidas, mas que já não é deles a responsabilidade pela execução de obras essenciais no seu território. Aliás, é mesmo estranho que a CMM tenha decidido estoirar nas obras (paradas, paradinhas, mal-feitas, mal-feitinhas) da Marginal mais ou menos a mesma quantia que agora se diz ser necessária para a obra de regularização da ribeira da Moita.
É claro que as ideias de espelhos de água e coisas de aparato semelhante são mais agradáveis de anunciar - mesmo se ficam por concretizar - do que fazer obras verdadeiramente necessárias.
Agora mesmo, mesmo a finalizar, regista-se com um sorriso a referência aos habitantes da Barra Cheia como sendo os principais prejudicados por toda esta situação.
Não fosse o autor pessoa que desconheço e a quem não sei se deva assacar um apuradíssimo sentido de ironia, e ainda acabava a dizer que todo o texto não passa de uma memorável peça do burlesco político.

AV1 (hoje devo ser do PS, claro)

9 comentários:

Anónimo disse...

Realmente as tropas são mesmo fraquinhas.
Como o N.C. e o M.Caceteiro já não chegam para defender o indefensável, aparecem nas lides jornalísticas,no Jornal da Moita, a Marlene Santos (assessora do João Lobo) com um artigo bacoco, e agora este A.Saraiva (chefe de gabinete do dito) na 1ª Página, a tapar o sol com a peneira.
Já sabem que ontem à tarde a praça do município era um mar de lama?

Anónimo disse...

Então este é o Saraiva dos abraços!!!
Sou mesmo um tosco!!
Não conheço estas individualidades!
Caramba, preciso de dar a cara.

Anónimo disse...

este é o amiguinho do Lobo, sempre ao lado dele como se fosse preciso um chefe de gabinete para fazer o que ele faz.

Anónimo disse...

Luís Nascimento (sim o vereador do PSD)
Caro amigo, obrigado pelas palavras aquando dos insultos do Exm. Sr. Presidente à minha pessoa, como é natural, responderei no mesmo jornal onde eles foram proferidos, e não entenda nisto qualquer descortesia para com o seu blog.
Então o meu amigo não sabe quem é o Álvaro Saraiva???
Logo depois de João Lobo o homem mais poderoso do Concelho da Moita! Aquele a quem, dizem as más linguas, até os vereadores têm de pedir licença para irem ao WC???
Sinceramente, esta falha nem parece sua!
Morador e eleitor no Montijo, o chefe de gabinete de João Lobo é por alguns (o próprio João Lobo, provavelmente) um paraquedista, eu, pessoa civilizada, considero-o um homem esforçado que dá o que sabe (muito ou pouco depende das opiniões) ao Concelho da Moita.
Um Abraço

Anónimo disse...

Olá, boa tarde meu caro Luís,
Não, não conhecia o homem pela cara, apenas de nome e como nomes há muitos nem percebi que era o mesmo.
Talvez por ser pouco frequentador do Montijo, essa terra que a Moita profunda tanto parece invejar de quando em vez.
Vou lá ao Fórum, por causa da Bliss e do carrefou.
Pouco mais.
E força nessa resposta que, independentemente das brincadeiras que fiz consigo, acho indecoroso este modo de tratamento entre pessoas que foram eleitas para cargos públicos.

Um abraço sincero de volta

Anónimo disse...

Do "carrefour", caramba que já nem consigo escrever decentemente.

AV disse...

vai lá vai...

AV2

Anónimo disse...

O sr Av1 até ficou nervoso após o agradecimento publico do sr. paraquedista.

E ainda se desculpou por algumas "brincadeiras"...

E eu que estava à espera de uma resposta publica aqui mesmo... Que desilução, vou ter que aguardar pelas citações que aqui vão ser colocadas em tempo oportuno, porque ler no jornal da moita não é a mesma coisa.

Méé...

Anónimo disse...

O que é uma "desilução"?

Não me envergonho de ter mudado em parte a minha opinião sobre o vereador Luís Nasciemnto. Ainda não é isso que me faria mudar de voto ou sequer deslocar-me nas próximas autárquicas para votar, mas a absoluta falta de civismo de João Lobo ficou claramente demonstrada.

E$ aqui cita-se o que bem se entende. Já sabe... se não gosta tem muito blog local por onde escolher.

Já agora, escusava de balir sempre que cá vem. Já percebemos que encarneira, não é preciso demonstrar...