terça-feira, janeiro 02, 2007

O Pacheco Pereira de Sócrates...

... chama-se Vital Moreira.
Tal como JPP defendia Cavaco Silva fizesse ele o que fizesse, também Vital Moreira, comunista talvez não arrependido como se verá, se tornou o defensor oficial e oficioso do socratismo.
No Público de hoje Vital Moreira faz a defesa em toda a linha da investida do Governo de Sócrates contra o que ele chama as "aristocracias operárias" na esteira da terminologia marxista.
De acordo com Vital Moreira os trabalhadores da administração pública, os professores, os enfermeiros e todos aqueles que trabalham em empresas públicas fazem parte de um grupo de privilegiados com situações ilegítimas e insustentáveis que devem ser combatidas e eliminadas num afã aplainador.
Segundo Vital parece que o clássico operariado já não faz as lutas por melhores condições, são os "aristocratas operários" (interessante como esta designação é aplicada e a quem) que lutam por não peder "regalias", o que ele do alto da sua sapiência afirma compreensível mas ilegítimo e impossível de merecer contemporização pelo poder executivo.
De certo modo isto tem toda a lógica se assumirmos que aqui encontramos a aliança objectiva de duas ideologias com muitos pontos em comum: de uim lado o pragmatismo economicista que tudo quer varrer à sua passagem; do outro lado o não renegado igualitarismo marxista que pretende uma ausência de "diferenças" entre a massa trabalhadora.
Por isso, Vital cripto-marxista convicto admira a "autoridade" e "firmeza" de socráticas, assim como o ex-esquerdista Pachecho admirava essas qualidades cavaquistas.
Só que Pacheco Pereira conseguia elaborar a defesa de Cavaco para além de uma única cartilha argumentativa e já sse tinha libertado de boa parte da ganga ideológica maoísta.
Já Vital não consegue sair do seu labirinto intelectual. Abandonou o PC por razões que não tiveram nada a ver com a natiureza do pensamento e, em boa verdade, andou anos em busca de um homem providencial a que se ancorar, pois Guterres não chegou para isso.
Vital e Sócrates: ambos querem uma massa indistinta e obediente.
Os extremos(?) sempre se tocaram.

3 comentários:

Anónimo disse...

Interessantissimo..
Faz-me um pouco lembrar uma resolução do CC do PCP prá ai de Maio de 1974...

Anónimo disse...

Mas quais extremos? Você está louco?
Sem qualquer exitação, e muito bem, considera o JPP como ex-esquerdista se é que alguma vez o foi convictamente. Já ao VM considera-o, só por sua conveniência e eventualmente de mais alguém, ainda um marxista. E não, como seria correcto e intelectualmente honesto, um ex-..., porque há muito que o indivíduo rompeu a militância com o PCP e, demonstrado pelo percurso, abandonou os valores a que abusivamente você faz referência. Situando-se numa área que pode ser identificada com tudo menos com a ideologia de MARX.

AV disse...

Cuidado com as "exitações", mas isso é um detalhe.
Agora o essencial: leu o artigo em causa?
Leu o que Vital Moreira afirma sobre a necessidade de eliminar regalias e privilégios entre os trabalhadores?
Entendeu a msg clara sobre a "aristocracia operária" que tantos problemas causava ao marxismo tradicional?
Agora diga-me onde é que está a diferença quanto ao objectivo da "sociedade sem classes"?

Se não leu o artigo, acredite que não consiga responder às questões.

Agora só o detalhe quanto ao marxismo ou não-marxismo de VM: ele não se mede pela militância ou não no PC. Há marxistas fora do PC e acredito que sejam até a maioria dos marxistas nacionais, pois acho que há bem mais de 8% dos votos no PC, para além de que boa parte dos que lá continuam de marxistas têm pouco e muito menos a formação ideológica de VM.

Bom Ano.