segunda-feira, janeiro 03, 2005

12 decisões para o Ano Novo

X - Como não incomodar os outros com o nosso fumo

Para mim, não fumador inveterado, mas defensor dos fumadores em casos de manifesta injustiça, existem dois direitos essenciais e inalienáveis:
1) Toda a criatura humana (ou outra) tem o direito a fumar, independentemente de isso lhe provocar os maiores danos aos órgãos vitais, sejam eles os pulmões, o cérebro, a próstata ou o conhecidíssimo osso do fígado, entre diversos outros.
2) Todas as restantes criaturas humanas (ou outras) têm o direito de não querer que o fumo das criaturas acima referidas lhes entre pelas narinas acima e atinja os órgãos vitais supra-citados.
Este é um velho caso de a nossa liberdade acabar exactamente onde começa a dos outros.
Por isso, ninguém tem o direito de impôr proibições sobre comportamentos individuais, ou colectivos, desde que não ponham em risco mais do que os próprios agentes desses comportamentos.
Por isso, igualmente, ninguém tem o direito de impôr danos a terceiros com os seus comportamentos.
Estou a aplicar isto ao acto de fumar e de inspirar passivamente o fumo, como poderia ser a qualquer outro tipo de conduta em sociedade (bebida, condução, cantoria karaoke, exibicionismo da genitalia e afins).
Portanto, considero da maior imbecilidade quem argumenta com a proibição do tabaco, com o argumento dos danos para a saúde, desde que estes sejam bem claros para o fumador, mas também quem, de forma irresponsável, obriga os outros a levar com o fumo do seu cigarro impunemente.
Isso passa-se em locais públicos fechados (estações dos CTT, repartições públicas, instituições bancárias, etc, independentemente da sinalização em contrário).
Isso passa-se em hospitais (pasme-se...) por parte do próprio pessoal (médicos e enfermeiros), para quem os corredores não devem fazer parte do recinto hospitalar.
Isso passa-se em restaurantes, quando gentis senhoras e senhores, no fim ou mesmo a meio da refeição, sacam do cigarrito e desatam a puxar fumaças em direcção à vizinhança, esticando o bracinho e mantendo a beata fumegante longe de si, mas perto do incauto comensal.
Isso ainda se passa, pelo menos ocasionalmente, em transportes públicos, por parte de gente de diminutas capacidades cívicas e intelectuais, que arvora depois um ar de grande superioridade e desdém.
Vamos a ver se percebemos, de novo, duas coisas simples:
Ninguém deve ser histericamente anti-tabagista.
Ninguém deve ser estupidamente desrespeitador de quem não quer ser fumador passivo.
E, se formos a ver bem, a segunda situação é claramente mais danosa do que a primeira.
Os fundamentalistas anti-tabaco podem ser algo histéricos e repressores, mas os fumadores irresponsáveis para os outros estão, no mínimo, a agredir desnecessariamente quem os rodeia.
Por isso, meus amigos e amigas, virem lá o cigarrinho para o vosso nariz, porque o meu já está suficientemente entupido com a sinusite.

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