domingo, janeiro 09, 2005

As memórias de um BeDófilo em Alhos Vedros



Cap. 1 – A Iniciação

Indo já para a quarta década do ofício, cumpre fazer um balanço da minha experiência e leitor de BD desde os inícios dos anos 70, quando, ao dar os primeiros passos na leitura, deixei de ver os bonecos para passar a desfrutar das histórias em quadradinhos em toda a sua dimensão.
Confesso que não me lembro do primeiro livro de BD que li ou que tive como meu. Terá sido, certamente, um exemplar de O Falcão com uma qualquer história do Ogan, do Oliver ou do Kalaar (pois o Major Alvega só surgiria em 1974/75), ou, mesmo sendo menos provável, um número da colecção Combate que então nos iniciava nas aventuras do combate aos nazis na II Guerra Mundial.
Lembro-me, porém, dos primeiros livros de quadradinhos que os meus pais me compraram.
Tinha caído sobre o braço a jogar à bola nas traseiras da minha casa e, após radiografia inconclusiva no Barreiro, fui mandado para São José com a suspeita de ossos fracturados e necessidade de internamento, para eventual cirurgia. Teria para aí uns 8 anos e já lia razoavelmente para a idade.
A caminho de Lisboa, enquianto esperávamos pelo barco na estação do Barreiro, os meus pais decidiram comprar qualquer coisa para eu me entreter, caso fosse preciso ficar no Hospital,
Sem saberem muito bem que escolher da oferta do quiosque que lá existia, e eu sem grande voto na matéria, compraram-me um livrinho de uma colecção de curta pulicação com histórias de agentes da Scotland Yard e um livro de formato maior (uma espécie de álbum, a cores e tudo) de uma colecção chamada Carlitos, e cujo conteúdo consistia em história dos Peanuts e de Os Sobrinhos do Capitão.
Não fiquei muito entusiasmado com as opções e, admito, os Peanuts com os dramas existenciais do Charlie Brown passaram-me então ao lado. Os Sobrinhos do Capitão divertiram-me a sério, quando regressei a casa, visto que, afinmal, o braço só estava torcido.
O outro livrinho, a preto e branco, foi de consumo rápido e sem grande pensamento sobre a coisa.
Como tinham sido comprados pelos meus pais, foram livros que se mantiveram na minha bedeteca por alguns anos, pois eles dariam pela sua falta. Com o passar do tempo, os Peanuts foram ganhando importância na minha escala de valores e acabei por me arrepender do estado em que fui deixando o livro, até ao ponto da total inutilidade, com as folhas todas soltas da capa e, por fim, desaparecidas em combate.
Foi por essas alturas que, graças a amigos um pouco mais velhos ou com algumas moedas disponíveis para o efeito, entrei em contacto com aquela que seria a colecção mais marcante do meu final de infância e início de adolescência (segunda metade dos anos 70), o saudoso Mundo de Aventuras, da Agência Portuguesa de Revistas, então a sair da 4ª série, de formato menor, e a entrar na sua 5ª série, de formato quase tablóide e em que recomeçou a sua numeração (imagem acima).
Mas, sobre isso, falaremos para a semana.

António da Costa

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