segunda-feira, março 21, 2005

Estamos ouvindo...

... a apresentação do Programa do Governo.
Notas prévias, antes de análise mais detalhada:
1) Discurso muito longo que, como nestes casos, promete muito. Resta saber se nos próximos meses arrancam pelos menos 25% das medidas anunciadas. Para um mandato equilibrado de quatro anos, esta é proporção mínima que se espera para os primeiros tempos.
2) Oposição a voar baixinho, para passar despercebida. Pelo PSD, Marques Guedes quase pediu desculpa por estar ali. Pelo PC, Jerónimo de Sousa embaralhou-se um bocadito e pareceu estar com falta de prática de falar no Parlamento. Pelo CDS, Pires de Lima mostrou-se razoavelmente claro e aguerrido, mas partindo de uma posição muito frágil, atendendo às medidas do Governo que apoiou. Pelo Bloco, Louçã lá veio perguntar se tinha companhia na manifestação a fazer pela revisão da lei do aborto. Pelos Verdes, Heloísa Apolónia surgiu com a história da igualdade do género que, embora apanhando uma contradição entre princípios teóricos e práticas no Governo, não parece muito relevante, por razões que também poderemos explicar mais tarde, tendo esquecido que o Grupo Parlamentar do PS tem 40 deputadas, enquanto a Oposição toda junta não chega a 15. Quanto aos líderes dos partidos derrotados nas eleições de Fevereiro, desapareceram em combate, não aparecendo, ou mantendo-se mudos e quedos.
3) Discussão armadilhada sobre a questão das reformas antecipadas e da sustentabilidade da Segurança Social. Depois explicamos melhor, em texto específico, que também procurará analisar o que está errado na discussão sobre o downsizing da Função Pública, espartilhado entre a exigência de a reduzir e a necessidade de a qualificar em termos humanos.
4) Boa ideia a do Cartão Comum do Cidadão, se concretizada de forma diferente do que se passou com os Cartões de Utente na Saúde, com aquele Cartão de Contribuinte com banda magnética que nunca funcionou ou com as primeiras tentativas de informatizar o concurso de professores. Bem feito, é óptimo. Feito à nossa maneira, será uma catástrofe em câmara lenta.
5) Vai reviver o programa Polis. Chegará a Alhos Vedros e à sua zona ribeirinha, ou ficará pela Moita ?

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