quinta-feira, março 03, 2005

O Quiosque da Memória



Em 1989, Santana Lopes ainda não tinha entrado na fase em que se passou a queixar dos poderosos e do poder económico. Na edição de 9 de Junho de 1989, o Independente passava em revista as actividades empresariais de PSL.
Vejamos algumas breves passagens do artigo assinado por Graça Rosendo:

«A verdade é que, à sua sombra, construiu-se aquilo que orgulhosamente, ele chama "um enorme conto de fadas". Ou, para ser mais objectivo, "o maior grupo de comunicação social do País".
Possui nove empresas, tem quase um milhão de contos investidos e à volta de 350 trabalhadores. Pedro Santana Lopes já é o sujeito desta frase. Mas sim o "grupo Pedro Santana Lopes", como passou a ser conhecido. Aliás, ele não tem nada de seu nesse grupo. E faz questão de afirmar que "dele nunca ganhou um tostão".
(...) Tudo começou mais ou menos há três anos, a propósito das rádios piratas. pelo menos é assim que conta Rui Gomes da Silva, deputado do PSD e um dos braços direitos de Pedro Santana Lopes. É hoje um dos que decide no grupo.
(...) Durão Barroso trouxe, pela sua mão, amigos a investir no grupo. Como Branquinho da Fonseca ou Telmo Santiago, que são sócios fundadores da Invesmedia, a aproprietária da Sábado.
(...) Em três anos, foi assim: depois da revista seguiu-o o jornal LP, criou.se uma pequena agência publicitária, a Publicria, comprou-se o Record e anunciou-se o semanário Liberal. Entretanto, o grupo comprou O Diário Popular. E é preciso não esquecer os dez por cento que possui no Jornal do Comércio e a empresa, já constituída, de nome TV Geste. Ao todo, é quase um milhão de contos investidos. Com duas garantias apenas: a de que o mercado da comunicação social e da publicidade está a crescer, e a de que Pedro Santana Lopes é um nome "com futuro."

O interessante nisto tudo, para além do contexto muito específico da fase inicial do cavaquismo, são os nomes envolvidos que nos soam familiares: Gomes da Silva, Durão Barroso...
Quinze anos depois, esta trilogia esteve na origem, directa ou indirectamente, daquelas investidas no sector da comunicação social que teve como sinal mais visível o chamado "caso Marcelo".

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