domingo, março 20, 2005

Top 5 das Bostas "Disco"


O período correspondente ao disco-sound é abundante em músicas que só não ficaram entregues ao absoluto esquecimento, porque eram demasiado más para as esquecermos. Ficam aqui, por ordem crescente de dor infligida, as que me fizeram sofrer mais entre c. 1975 e c. 1980:

5º lugar: Boney M, Rasputine – A coisa é assim: não é que esta música seja muito pior do que o resto de toda a discografia do grupo (Ma Baker, Daddy Cool, Horray, Horray, it’s a Holi-Holiday) mas, talvez por causa do disparate da letra, para mim marca o momento mais baixo deste quarteto que, visualmente e pelo ridículo do acto, ainda se conseguia aturar. Tenho o cd duplo com a compilação do grupo (mais remixes) apenas para afastar visitas inconvenientes ou chatear algum vizinho.

4º lugar: La Bionda, One For Me, One for You – Mas o que era isto afinal ? “Um p’ra mim, um p’ra ti” e daqui não se saía, tudo muito débil, a antecipar o europop de uma década mais tarde. Bosta musical em estado puro.

3º lugar: Patrick Hernandez, Born to be Alive – Sucesso brutal em final dos anos 70, esta musiquinha passava ininterruptamente na rádio de uma forma devastadora para as meninges de qualquer ser humano dotado de bom gosto. Ainda hoje fico meio nauseado quando a ouço e, para mal dos meus pecados, foi recuperada naquele revivalismo dos seventies que marcou há um par de anos – terei sido só eu a notar ? – a selecção musical dos dj’s de serviço em casamentos.

2º lugar: Donna Summer, Love to Love You Baby – Single responsável por alguns olhares muito espantados lá por casa porque, na edição de duplo lado A que apareceu no mercado português, esta música vinha em pacote com a vencedora do concurso da Eurovisão desse ano ou algo parecido (“qual foi?” é uma boa pergunta, porque não sei onde pára o raio da rodela de vinil, só sei que não foi o ano do Johny Nolan). Qual não foi o espanto e incredulidade da minha mãe quando, virado o disco, esta senhora desata a gemer como se não ouvesse amanhã e a arpejar as cordas vocais como se estivesse num orgasmo de longos minutos. O trauma nunca foi completamente ultrapassado e essa cena repete-se na minha cabeça sempre que volto a ouvir esta pérola da rainha do disco.

1º lugar: Gloria Gaynor, I Will Survive – Digam o que disserem, mais do que a canção, eu detesto esta versão da GG (já a versão dos Cake é fabulosa, recuperando o que é essencial na música e despindo-a da tralha da produção disco). Não quero saber se isto veio a tornar-se um hino das minorias discriminadas, nomeadamente dos(as) homossexuais, pois o esganiçanço da senhora não tem salvação nenhuma. Momento a esquecer, sem apelo nem agravo, da história da música popular que, infelizmente, retorna com frequência aos nossos ouvidos em bandas sonoras de filmes e eventos variados a que somos obrigados a assistir.

Prémio de Carreira do Mérito Duvidoso – Toda a obra de Demis Roussos neste período, antes e depois.

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