segunda-feira, dezembro 26, 2005

De volta aos negócios

Que aqui não há tolerância de ponto e o chefe é um gajo muito chato.
Pois é.
Lá se sobreviveu a outro Natal, com "menos" de 1000 acidentes nas estradas durante a sacramental "Operação Natal" das forças policiais.
Por razões de convívio familiar, no Domingo fui obrigado a conduzir por aí e, entre outros locais, fiz a famosa EN-10 até à zona de Corroios.
O maravilhamento que me percorreu ao ver de que forma o futuro Metro do Sul do Tejo serpenteia por ali, mesmo ao lado da estrada, atravessando-a quando calha, incluindo em zonas de rotundas e tudo o mais ofereceu-me uns arrepios só de pensar como será quando aquilo estiver a funcionar.
O mais interessante é que, seguindo uma tradição muito suburbana de autarquias da cintura norte e sul de Lisboa com a colaboração complacente do Poder Central, há aquele peculiar hábito de se acumularem queixas quanto às más acessibilidades e à necessidade de melhorar os transportes públicos.
Depois, quando se fazem progressos nesses transportes públicos para descongestionar a situação caótica existente, segue-se uma nova revoada de construção que leva para essas zonas - que agora se afirma terem acessos melhorados - tanta ou mais poipulação que aquela que é necessária para congestionar tudo outra vez.
O comboio na ponte 25 de Abril, por exemplo, poderia ter ajudado a descongestionar a própria travessia se grande parte da zona a nascente da A2 que se mantinha ainda fora do espaço urbano não tivesse sido loteada em série e dado origem a toda aquela enorme urbanização tipo United Colors of Benetton que nasceu junto do que veio a ser a estação da Fertagus e respectivo parque de estacionamento.
Ora como o preço dos bilhetes e passes não é assim extremamente acolhedor, quem não vá todos os dias a Lisboa e leve companhia no carro, continua a ir para a estrada porque economicamente fica ela por ela, na melhor das hipóteses.
O mesmo se vai passando para sul, com a Câmara de Palmela a urbanizar desenfreadamente na última década as freguesias do Pinhal Novo (com a abertura da Vasco da Gama) e da Quinta do Anjo, não esquecendo, para poente, tudo o que do Barreiro até Alcochete foi nascendo de casario, sob a ilusão dos melhores acessos que por aí agora se encontrariam.
Para não deixar de falar no nosso tenro torrão, toda a conversa da "nova centralidade" que o poder local quer fazer-nos engolir tem como argumento as melhores acessibilidades da Moita.
Claro que quem usar a saída da auto-estrada para a zona do Carvalhinho percebe, então agora que fecharam a desastrada saída para o lado de Palmela, que em hora de ponta aquilo já está saturado que nem se pode, ficando a fila em pleno IC 32, pois não existe espaço suficiente até à rotunda dos Passarocos para permitir um escoamento capaz do trânsito.
Do outro lado do concelho, prepara-se outra coisa do género pois a prometidíssima Circular Exterior (ligação Barreiro-Moita) que pretende fazer a ligação ali da saída do nó do IC21, atravessando a zona das Fontaínhas, numa primeira fase apenas até ao Vale da Amoreira, seria uma boa solução, se isso não servisse para depois lotear e urbanizar toda a área em seu redor criando um novo pólo populacional que tornará essa ligação não uma solução, mas mais um problema.
Enquanto se continuarem a conceber os chamados "melhoramentos" das acessibilidades apenas como uma estratégia encapotada de valorizar os terrenos circundantes para a construção, não há maneira de melhorar qualquer tipo de serviço às populações.
Se é para descongestionar zonas de trânsito saturado, é inconcebível que depois se acrescentem novos focos de saturação.
Portanto, se a ligação é para servir quem chega ao concelho pelo IC21, muito bem.
Agora vejam lá é se a iniciativa, em vez de servir as populações, não irá servir apenas quem tem interesse em rentabilizar a propriedade (mais ou menos recente) desses mesmos terrenos.

AV1 (com foto do Brocas e imagem do Google-Earth)

3 comentários:

Mário da Silva disse...

Portanto, se a ligação é para servir quem chega ao concelho pelo IC21, muito bem.

Se a nova estrada vai direitinha da IC21 para o Barreiro, com breves saídas para os espaços a urbanizar, sempre gostaría de saber como é que você ainda pensa que "vai servir" para alguém do concelho?

Esta estrada só vai servir para dar acesso à Nova Baixa da Banheira (futuro nome porque será conhecida toda a área) que será enchida com gente -- que há semelhança da maioria da população da BB/VA -- nunca irá ao "concelho da Moita" na sua vida; conhecendo a terra meramente através da Delegações Camarárias e Juntas de Freguesia.

Desiluda-se que a coisa não foi pensada para "servir" o povo da Moita mas sim para Servir os interesses de MACLEs e Emídios Catums, felizes proprietários dos lotezinhos comtemplados.

Só nos questionamos: Será grossa imcompetência desta gente da CDU ou será que já escorreu algum dinheirinho? Esperemos que seja a primeira, embora saibamos que escorreu algum para as eleições, e sabê-mo-lo de fonte segura.

Só é pena que Judiciária neste país seja tão incompetente, ou mais, do que aqueles que devia investigar.

Até mais.

AV disse...

Pois...
Eu é que sou muito ingénuo.

AV1

Ponto Verde disse...

Ufff! Ainda bem que há mais quem note e critique para além do A-Sul, o desnorte de todo isto. Excelente post!

Mas tudo está bem quando acabe bem , o os VERDES lá apoiam o candidato Jerónimo...