sábado, dezembro 31, 2005

Peca por defeito

Parece que o Expresso acha que este assunto é algo de muito surpreendente para fazer dele a primeira página da última edição do ano de 2005.
Eu acho que a estimativa peca por defeito, atendendo ao que pude e posso constatar por observação directa.
Se bem repararmos, e embora o fenómeno masculino dê mais nas vistas, as artes e os meis de comunicação social e entretenimento estão entregues a pessoas alegres, só isso explicando determinados estados de perpétua euforia de algumas figuras públicas.
No mundo académico, eu subiria a percentagem para uns belos 20% no mínimo.
Na política, actividade mais brutal e menos requeintada do que as anteriores, talvez os valores andem ligeiramente abaixo da média.
Porque não nos esqueçamos de uma coisa muito elementar: as médias só existem enquanto construções artificiais que conjugam realidade muito diferentes e por vezes opostas.
E em matéria de sexo, se temos uma boa parcela de heterossexuais esganados, aparentemente sempre famintos de sexo, também temos uma razoável proporção de celibatários pouco activos, mesmo se involuntariamente, e uma outra parcela que por vezes esquecemos de castos convictos por razões ideológicas.
A parte da homo e bissexualidade faz parte de todo este vasto espectro e o seu peso de 10% é algo que vem de quase todas as análises empíricas feitas com um mínimo de seriedade desde a segunda metade do século XIX.
Quanto à hipótese de casamento entre homossexuais (admitido na Holanda, Inglaterra, Espanha e já um bom número de outros países) eu concordo em absoluto, ao contrário do que acho sobre a equiparação entre uniões de facto e casamento.
Aliás, só admitindo os casamentos homossexuais para quem os quiser fazer se ultrapassa a questão das uniões de facto que, se o são como manifestação de um modo de vida alternativo e não conformista em relação às convenções sociais, devem assumir essa não convencionalidade até ao fim.
Se o papelito do casamento é apenas um contrato, então não queiram ter as vantagens desse contrato, sem o assinarem.

AV1

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