quarta-feira, dezembro 21, 2005

O Ovo e a Galinha

Do Correio da Manhã (já que a notícia original do Público não está online):
«Reestruturação fecha esquadras e postos da PSP e GNR
Mais de 50 esquadras e postos da PSP e GNR vão encerrar já em 2006 no âmbito do plano de reestruturação territorial das forças de segurança que está a ser preparado pelo Ministério da Administração Interna (MAI).»

A medida não vai afectar o nosso concelho, nem nada muito próximo de nós, mas fica-me sempre aquela dúvida: porque será que as autarquias aprovam o loteamento e construção de habitações a esmo, sem que sejam asseguradas as infraestruturas básicas para que depois a vida das populações não decorra em sobressalto ?
Já sei que vão alegar que, para serem implantadas novas estruturas, é necessário que as localidades preencham certos quesitos, entre as quais um determinado nível de população.
Mas, independentemente disso ou mesmo por causa dessas exigências, não seria mais cuidadoso não entrar em grandes cavalgadas urbanísticas, se depois as populações ficam sem uma rede de segurança pública eficaz, sem instalações de correios condignas, sem serviços de saúde com capacidade de resposta, sem equipamentos de lazer deidamente equipados e mantidos ?
Mas por estas bandas não se pensa assim.
Em termos de segurança pública, a culpa é sempre do Poder Central.
É verdade, mas não só...
Os problemas crescentes de insegurança em Alhos Vedros - de que ouço falar desde a infância, mas mais agudos desde os anos 80, com recorrentes ondas de assaltos a pessoas e estabelecimentos ou furto de automóveis - só se podem agravar quando se implantam urbanizações desproporcionadas para a rede de equipamentos urbanos que pré-existe.
Vila Verde, Vila Rosa, a nova Quinta da Fonte da Prata apenas vieram e virão cada vez mais agravar os crescentes fócos de insegurança pública que já antes existiam.
Não adianta sacudir a água do capote para os de cima.
A verdade é que as autarquias precisam das receitas do imobiliário como de pão para a boca, para poderem enfrentar as despesas incontroláveis em que se meteram para "mostrar obra", só que muitas vezes essa não é a obra mais necessária.
É uma espiral sem retorno, se não existir a coragem de fazer o ponto da situação, consolidar o que existe e só depois arrancar para novos voos.
Sem os alicerces bem assentes na terra, não vale a pena continuar a acrescentar andares ao edifício.
Mas por cá, defender isto é ser contra o Progresso, a Modernidade e a patacoada da nova Centralidade.
AV1

Sem comentários: