terça-feira, dezembro 20, 2005

Cada vez mais parecido com o filho !



Escrever sobre o debate de hoje é algo constrangedor.
É sempre triste ver alguém, com um passado digno, fazer a figura que Soares fez de auto-complacência e narcisismo desmesurado, embora isso fosse previsível.
Digamos que nem Louçã, nem o mais desvairado dirigente do Bloco ou do PC, faria um ataque pessoal tão deselegante a Cavaco.
No fundo, alguém lhe disse que apoucar o adversário está bem.
Menorizar, tentar enxovalhar, invocar mexericos de amigos europeus, comparar números de livros publicados, acusar de inculto e de mal formado, diminuir a competência profissional, são tudo estratégias juvenis ou de certo radicalismo canhoto sem mais argumentos.
Foi mal, ficou mal e a certo ponto quase desliguei a televisão de tão constrangedor que foi o desempenho de Mário Soares.
Na sua busca interminável de ângulos de ataque a Cavaco caiu em várias contradições, esqueceu-se do seu próprio papel triste em muitos momentos, das alturas em que sacrificou tudo em nome das suas ambições pessoais e engrandeceu-se a si mesmo para lá do razoável.
Ficou cada vez mais parecido com o seu filho João Soares perante Santana Lopes, na disputa pela Câmara de Lisboa. E sabemos como acabou.
Só faltou o remoque anti-fascista, embora aquela alusão a Marcelo Caetano tenha roçado as raias da pura baboseira.
Má educação, falta de cortesia, puro desvario narcisista.
Se este homem chegar a uma segunda volta, eu voto com todos os dedos em Cavaco.
Por muito mau que seja, mais vale estar calado e "blindado" ("ele não tem conversa" diria Soares em mais um dos seus dichotes rasteiros) do que ser de tal forma insuportável.
É isto que alguma "esquerda" nos quer "vender" ?

AV1 (com cartoons de António de 1981 e 1987, publicados no Expresso, mas extraídos da obra Suspensórios, 1983 e do catálogo do Salão Nacional de Caricatura de Porto de Mós, 1988).

1 comentário:

Mário da Silva disse...

Eu também vi em reprise e tarde.

"ele não tem conversa" foi o maior disparate porque o único que passou o tempo a falar sobre as suas ideias foi mesmo o Cavaco. Ele até disse a certa altura "Bom! Continuamos a falar das minhas ideias. Não faz mal, não me importo."

O "velho" esteve mal ou talvez não. Eu sempre achei que o que ele tinha de melhor era mesmo a capacidade de, num diálogo frente a frente, enrolar os outros, mesmo irritá-los -- e quase irritou mesmo o Cavaco.

Este modelo em que ele é que tem de dizer o que pensa tinha de ser desastroso.

O Soares chego a dizer a incongruência de que o "presidente, neste mandato, não irá fazer nada" (escrevi estes apontamentos).

É pena que tenha dado numa hora má; durante o fim de uma telenovela com muito share e depois da 01:00h, mas se calhar não foi assim tão inocente.

Ao contrário de alguns eu não acho nada que o Sócrates queira lá alguém que lhe possa criar problemas e o queira controlar; e estou a falar do Cavaco Silva ou do Manuel Alegre, que este último será talvez uma oposição pior do que o Cavaco, mas nenhum será bom.

Atá mais.