terça-feira, janeiro 31, 2006

Deus desceu à Terra II

Pois é, minhas irmãs e meus irmãos (voz de Joaquim Monchique a fazer de Bispo Tadeu na TSF):
Bill Gates está entre nós.
Apesar de tudo o que possam dizer dele e da Microsoft, eu gosto razoavelmente do homem.
Acusam-no de muita coisa, mas a verdade é que ele ergueu um império económico a partir do seu trabalho e cabecinha, num momento em que era a IBM que dominava o mundo da informática e a desproporção de meios era enorme.
Claro que, com o tempo, a MS se tornou tão dominadora como a velha IBM, mas isso é a velha história da ascensão e queda dos grandes potentados.
É verdade que nunca mais houve um Windows como o 98, que eles têm algumas práticas comerciais duvidosas, mas também é verdade que o homem está longe de ser a personificação do Mal.
Aos defensores do opensource só posso dizer que lhes desejo tanto sucesso e eficácia como ao William Gates III pois se o tiverem todos ficaremos a ganhar sem ser preciso andar a tentar apedrejar o homem.

AV1

14 comentários:

Mário da Silva disse...

O homem (e os que o acompanhavam) foram bastante inteligentes, mas não mais que um Dell, um Bezzos, etc.

Alguns factos:

O MS-DOS foi adquirido a outra empresa e convertido para os PCs da IBM.

A Microsoft ficou com o copyright do produto porque a IBM nunca acreditou nos PCs como negócio.

Quase todo o Software "inovador" da Microsoft foi realmente inovado por outros: MS-DOS, MS Windows (Xerox), MS Word (WordStar), MS Excel (Lotus 123), etc, etc, etc.

Têm sido pouco escrupulosos e têm liquidado com técnicas muito pouco louváveis toda a sua concorrência, de que é exemplo caricato os processos contra a Lindows (agora Linspire) por causa do nome semelhante ao Windows que foi estranhamente registado pela Microsoft (nomes comuns não podem ser marcas registadas) que foram perdidos nos EUA e para conseguir criar problemas veio pôr processos contra empresas distribuidores na União Europeia.

***********

Por último a vinda dele cá a convite do Ministro não é de todo inocente.

É bastante preocupante -- ou devia sê-lo para todos nós -- o protocolo de colaboração com o estado, que segundo os meios de informação vai "dinamizar o plano tecnológico" (Diário Económico de hoje, 31 de Janeiro).

Para todos os que andam nesta área é evidente que o facto da existência deste protocolo com a Microsoft o que vai fazer é matar o plano tecnológico e impedir que Portugal desenvolva a sua própria tecnologia, à semelhança de vŕios outros países europeus (Alemanha, Espanha, França, Polónia e vários outros).

A "grande" oferta da Microsoft de formar 1 milhão de pessoas "aumentando a sua capacidade para encontrar emprego" é um maravilhoso presente envenenado pois de seguida esse milhão vai ter capacidade para trabalhar em Microsoft e nada mais.


Caro amigo AV1.

Não entre, por favor, na onda louvaminheira ao Bill Gates. Não queira que o nosso país seja mais um no GATEStão.

AV disse...

"A Microsoft ficou com o copyright do produto porque a IBM nunca acreditou nos PCs como negócio."

Pois foi !!!
A verdade é que eu sou da geração pré-Windows e pré-muita coisa e sei bem o que era trabalhar com geringonças como o dBase, o Wordperfect e outras "maravilhas" que tais.
Nessa altura o MS Works foi um achado.
Quem o desenvolveu, não sei.
Mas duvido que um tipo como o Bill Gates em inícoo dos anos 80 fosse capaz de papar toda a concorrência se não valesse alguma coisa.

Eu não louvaminho o homem.
Apenas constato realidades.

Quanto ao facto de a MS ter muito interesse em tornar-nos dependentes de si, coloco duas reservas de fundo:

a) O nosso mercado não é assim tão atractivo.
b) Onde estiveram as outras propostas de parcerias ?

Percebo a sua defesa dos sistemas abertos e aprecio o que é uma visão algo utópica do mundo dos negócios, mas como diz um amigo nosso comum, porque não os lixamos comprando o "material" a um euro na feira de Banguecoque ?

AV1

Mário da Silva disse...

Porque, como devia saber, o "negócio" não são os clientes caseiros ou há muito que já tinham a polícia à porta.

O "negócio" são as grandes empresas -- que algumas já pagaram e bem -- e, acima de tudo, o Estado; porque o Estado é um grande cliente e porque o Estado pode influenciar muita coisa.

E os métodos são, ou subtis ou brutais.

Do primeiro lembro a oferta de software gratuito a alguns países africanos e 23 milhões para vacinas. Se levarmos em linha de conta que os CDs lhe ficam por menos de nada e que os 23 milhões (a casa dele custou 60 milhões) branquearam muitas das suas atitudes e a má imagem dos processos que correm contra ele por concorrência desleal e crimes no âmbito do anti-trusting.

Olhe que até nem ficou cara a campanha publicitária.

uma visão algo utópica do mundo dos negócios - AV1

A Mandriva e a RedHat são dois exemplos de que esta visão é tudo menos utópica.

Até mais.

AV disse...

"O "negócio" são as grandes empresas -- que algumas já pagaram e bem -- e, acima de tudo, o Estado; porque o Estado é um grande cliente e porque o Estado pode influenciar muita coisa."

Sou espírito de contradição.
Se assim é, porque é que... porque é que ... esses que influenciam não fazem outra coisa, a começar pelas empresas ?
(Já não falo do Estado por razões óbvias...)

AV1

Mário da Silva disse...

Olha1 E já agora.

o Bill
mais Bill
na Wikipedia

Some commentators have questioned the consistency of Gates's stance on this issue. They point out that Gates has confessed to obtaining source listings from dumpsters in order to learn how to program and they point to the way in which Microsoft quickly develops its own versions of others' interfaces and paradigms, notably features of the Macintosh GUI which appeared in Windows. Additionally, the subject of the Open Letter to Hobbyists diatribe—Altair BASIC—did not pay any royalties to John George Kemeny or Thomas Kurtz, inventors of the BASIC programming language. However, Microsoft defenders point out that reading software for understanding is probably educational "fair use" (although the company expends considerable effort to prevent its own software being so used) and that being aggressive isn't necessarily being unethical. - Em referência ao modelo de desenvolvimento de software criado por Bill Gates e que é hoje o dominante.

He did it by buying a CP/M clone called QDOS ("Quick and Dirty Operating System") from Tim Paterson of Seattle Computer Products for $56,000, which Microsoft renamed PC-DOS. -- Sobre como foi verdadeiramente criado o Microsoft PC-DOS, depois MS-DOS.

Isto são as realidades. mas leia o artigo da Wikipedia (sei que não gosta) que está muito bem escrito e não é nada faccioso.

Até mais.

Mário da Silva disse...

E para finalizar...

procure no texto da Wikipedia por "Under Gates's leadership, Microsoft has frequently been accused of aggressive business practices." e leia partir dai.

O homem é mesmo mau e não respeita anda para chegar aos seus fins.

Pode até fazer algumas boas acções mas não se iluda sobre os interesses dele.

Mário da Silva disse...

E agora é que é mesmo o fim.

Also among Gates's private acquisitions is the Codex Leicester, a collection of writings by Leonardo da Vinci which Gates bought for $30.8 million at an auction in 1994.

Como vê os 23 milhões para vacinas para os coitadinhos dos pretos não chegou nem ao que ele pagou há anos pelos textos do Leonardo.

Não me lixe com a bondade do Bill Gates, homem que é um dos principais patrocinadores financeiros dos encontros de Davos.

Até mais.

Mário da Silva disse...

E para descontrair: Bill Gates and other communists

Agora de volta ao trabuco.

Mário da Silva disse...

E uma notícia de como as coisas são feitas em outras partes. Como criar poder

Mário da Silva disse...

Se assim é, porque é que...

Leia os links :)

Over and out.

AV disse...

"Não me lixe com a bondade do Bill Gates"

Onde é que eu escrevi que o homem era bondoso ?
Não me diga que já ataca o que escrevo e o que não escrevo, nem penso.
Cuidado, olhe o contágio...

;)

AV1

Mário da Silva disse...

o homem está longe de ser a personificação do Mal

Eu interpretei como WG II sendo de alguma forma bondoso :)

Como eu acho que mesmo o seu apoio a África é sofismático e só visa a sua promoção como "bondoso", já que ele foi um dos subscritores e promotores de leis que impediram e impedem, por exemplo, que os medicamentos contra a SIDA sejam de produção livre na mesma África que a Fundação dele ajuda.

Até amanhã.

AV disse...

O WG III não é a personificação do Mal, tal como muita gente não o é, podendo não ser bondosos.
O que é preciso é não ser fundamentalista pró ou contra o homem, porque há causs bem mais interessantes para se ser anti do que esta.
Mas é a minha opinião, lá diz o outro.

AV1

Mário da Silva disse...

Mas duvido que um tipo como o Bill Gates em inícoo dos anos 80 fosse capaz de papar toda a concorrência se não valesse alguma coisa. - AV1

Qual concorrência? Não havia nenhuma concorrência.

Processadores eram só os da Intel
Personal Computer eram só dos da IBM

O erro da IBM em relação à Microsoft foi o mesmo que cometeram em relação à Intel permitindo que a última colocasse os seus processadores em máquinas não IBM.
De seguida, e como só havia um SO para os processadores Intel, a Microsoft começou a licenciar o agora MS-DOS para essas mesmas máquinas.

Depois entraram os Chineses de Taiwan e o resto é história.

O que massificou a computação doméstica não foi a IBM nem a Microsoft mas sim os preços cada vez mais baixos da produção dos computadores.

Você sabe que se quiser ter tudo o que deve estar a usar de uma forma legal no seu computador o preço desses software é superior ao preço do próprio computador?

A Apple ainda pensou em ir por aí -- ao permitir os clones dos PowerPC -- mas rápidamente percebeu que essa era uma péssima jogada.

E agora até passou a usar uma variante do BSD (Unix/Linux) no seu MacOS X.

leia este artigo que é muito interessante e aponta para outras leituras também interessantes: Darwin

Pronto! Assim já não fica só com 13 comentários :D