Todos nós nos lembramos daqueles cachorritos que antigamente se punham (ainda há quem os ponha) na parte traseira dos automóveis e que ficavam com a cabecita a dar a dar, sempre a acenarem-nos que sim, senhor, estamos de acordo.
Ora bem, eu tenho a teoria que existem pessoas béu-béu.
São aquelas pessoas que digamos nós o que dissermos, solicitemos o que solicitarmos nunca nos dizem que não.
Mas também nunca fazem nada, tal como os cachorritos que permaneciam imóveis, só abanando a cabecita.
Na Faculdade, tive uma quase colega que era assim. Dissessemos o que dissessemos, ela concordava sempre connosco. Mesmo se invertessemos toda a argumentação anterior, ela concordava sempre, de fileira.
Salvou-a de chatices, o facto de não ser assim muito espampanante, porque um dia ainda alguém lhe solicitava favores, com os quais concordaria por uma questão de princípio, mas aos quais dificilmente acederia quando compreendesse o que se passava.
Mais recentemente, entre as minhas relações de trabalho e certa amizade (cá para mim ele até lê este blog) conheci alguém de uma extrema simpatia, mas de uma total inutilidade em termos práticos, no que se trata de concretizar promessas feitas.
Como estou a trabalhar num projecto que, para além de muito mal pago, exige reuniões num ponto muito central de Lisboa onde o estacionamento é difícil e caro, pedi-lhe há 2 anos que me arranjasse um passe para aceder a um espaço privativo da instituição, destinado a membros fixos (ia fazer uma piada sobre membros amovíveis e próteses, mas estou-me a conter...) e colaboradores.
Vocês já têm o dito passe ?
Eu também não !
E não é por falta de ter renovado o pedido e de ter recebido juras, não de amor eterno porque não gosto de amores barbados, mas de resolução da questão.
"Isso é num instante", "é só fazer um telefonema à drª", "só falta um papelinho" ou "no outro dia não estava lá a pessoa, mas eu trato disso já amanhã", fazem parte do reportório de respostas que recebi, sempre com a garantia de solução iminente do problema.
Faltam pouco mais de 2 meses e 1 ou 2 reuniões para acabar o projecto, tendo passado 25 meses sobre o seu início e incontáveis reuniões, a quase metade das quais faltei, porque enfim...
Agora já não quero.
Nem reuniões, nem a treta do passe.
Mas hei-de explicar esta minha teoria das pessoas béu-béu ao meu colega e amigo A.
Por princípio e exigências de temperamento, ele não levará a mal e certamente concordará.
Se estiveres a ler, abana lá a cabeça para eu ver...
AV1
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1 comentário:
As minhas suspeitas confirmaram-se.
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