segunda-feira, janeiro 30, 2006

O Fisco: (novo) modo de usar

Consta por aí que a modernidade anda a chegar ao Fisco e que é desta que a porca destorce o rabo.
Parece que em vez de fazermos a declaração do IRS são as Finanças que nos mandam a sua ideia sobre o assunto, para nós respondermos de nossa justiça, se achamos bem, menos bem ou assim-assim.
Tipo conta da luz: a partir de uma estimativa, apresenta-se a conta de cada mês e, se acharmos mal, telefonamos a dar a nossa contagem.
Quer-se dizer, à partida e em qualquer país normal, acho isto uma bela ideia.
O problema é assim a modos que o país e a malta que temos por cá.
Eu contra o Fisco nem tenho nada de muito mal a dizer...
Agora em relação aos fisquinhos, os funcionários que o fazem mexer, já tenho algumas reservas.
É que isto da informática é muito lindo, cruzamento de dados e tal, tudo online, maravilha.
O problema é que os computadores ainda não funcionam sozinhos e os programas ainda não se replicam e regeneram a si mesmos.
Alguém tem de bater nas teclas.
E aí é que está o busílis.
É que eu, por experiência própria, sei o que passei durante uns dois ou três anos, graças a diversos erros de inserção de dados por parte dos funcionários que foram introduzir no "sistema" o meu historial financeiro.
Foi um fartote de gargalhada.
Ele foi esquecerem-se do meu reinvestimento de mais-valias em nova casa.
Ele foi esquecerem-se de inserir a isenção da Contribuição Autárquica.
Ele foi mandarem-me cobrar a dita contribuição de uma garagem que ainda não era minha.
E depois, como tinha dívida, não me reembolsavam o IRS do ano seguinte.
É assim: só não erraram onde não puderam errar.
Só rir, só rir...
Devo ter calhado a alguém na hora mesmo antes da pausa para o cafézinho e foi no que deu.
Depois, qual é a desculpa da praxe ?
Errar é humano e outras coisas imaginosas como essa.
E depois ninguém tem culpa, ninguém sabe quem foi que fez ou que fez que foi.
Por isso, é melhor dar assim uns bons anos para o pessoal do Fisco - os fisquinhos - se habituarem ao novo método, antes de os porem a fazer cálculos sobre o que eu ganhei e gastei, ou deixei de ganhar e gastar.
Se por causa da luz, eu já tenho uma trabalheira com a EDP, que tende sempre a sobreavaliar o meu consumo, nem quero ver com o IRS.
Lembrem-se da barracada dos dois primeiros anos do concurso dos professores com sistema informático.
Lembrem-se da incapacidade de informatizar o sistema de justiça, anos a fio.
A ideia ser boa, é.
Vejam é se arranjam quem a execute de forma capaz, sei lá, contratem uns andróides ou uns gajos alemães, suiços ou austríacos, que é quase o mesmo.

AV1

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