sábado, novembro 04, 2006

É o país que temos e ajudamos a existir

O Expresso de hoje traz diversas notícias que, se a as ligarmos, são um mosaico do país triste em que vivemos e em que se recupera o pior do passado, recusando-se a possibilidade de mudar para melhor.
  • Voltando a tempos que se pensavam ultrapassados, há notícias de tentativa de ingerência, na hora, nos telejornais da televisão pública.
  • No PS, todos os que desalinham da voz de mando do pastor são tratados como ovelhas negras, rebeldes sem direito a causa.
  • Em outras paragens, mantendo o culto do secretismo, vai haver uma reunião de partidos comunistas que se procura ocultar "por questões de segurança". Claro que quando se convidam organizações como o PC norte-coreano ou as FARC, há certamente problemas de segurança.
  • Quanto ao Estado, parece que esfrega as mãos de contente com as notícias de novas greves no sector público, fazendo contas às poupanças que irá fazer com o dinheiro sacrificado pelos grevistas. Claro que os sindicatos embarcam alegremente nesta estratégia que deveria ser usada com parcimónia e de forma a não sacrificar os já sacrificados e a beneficiar o infractor. Mas isso seria esperar que revelassem argúcia, o que não seria habitual.
  • Um jovem oficial que denunciou irregularidades na Escola Prática da GNR viu o Minsitro da Adminsitração Interna bloquear-lhe a promoção, que é para aprender a ver e calar.
  • Entretanto, o líder do BES, em vez de se mostar preocupado com o facto da sua instituição servir para branqueamento de dinheiro em Espanha prefere dizer que há quem faça pior.
Sinceramente dá para desanimar.
Mas é o país que ajudamos todos a construir, dia a dia, com as nossas pequenas cumplicidades, desculpabilizando tudo e todos, lavando uma mão com a outra, piscando o olho e assobiando para o lado, pois todos somos primos ou amigos do cunhado da senhora que vive ao lado de...

O pântano está de volta, só que agora já nem as areias são movediças.
Só falta mesmo um Salazar.
Ou será que...

AV1

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