segunda-feira, janeiro 17, 2005

Eu e o Bloco de Esquerda

Ainda antes da segunda parte do meu manifesto eleitoral, gostaria de fazer aqui um pequeno àparte sobre a minha relação com o Bloco de Esquerda, a propósito do texto incluído pela concelhia da Moita na actual edição de O Rio.
Para resumir as coisas: tenho tanta simpatia pessoal e consideração pelos membros do BE do concelho e em particular pelos de Alhos Vedros, que conheço há anos, alguns dos quais com quem andei à escola e outros que até qualifico como amigos, como tenho profunda aversão pela maior parte dos seus líderes nacionais, que reputo do mais oportunista, interesseiro e ansioso de protagonismo que o nosso sistema político tem para oferecer, em particular a figura que vai ser cabeça de lista pelo distrito de Setúbal.
Sem me querer alongar mais, a única razão por que F. Rosas é candidato por Setúbal é por ser este o distrito onde tem mais hipóteses de ser eleito, fora de Lisboa e Porto, onde está tapado pelos restantes membros da oligarquia que governa o BE, à moda das velhas "plutocracias" (termo que ele muito aprecia) do Bloco de Leste.
Curiosamente, é a Alhos Vedros que ele se encontra mais ligado neste distrito, se recuarmos às suas visitas à Academia na década de 70 nos seus tempos de maoísta do MRPP (vinha do estalinismo do PC e ia em trânsito para o trotsquismo do PSR). Penso que a esse respeito o Leonel Coelho terá para contar algumas histórias.
Mas, apesar disso, arrepia-me ver como rapazes e raparigas até bem-intencionados a embarcarem com entusiamo num navio em que o capitão só os vê como marujos instrumentais e úteis para as suas ambições pessoais. Se o pudessem ouvir a falar, em privado, sobre muitas das causas que vocês pensam que o BE arvora sinceramente até ruborizavam de vergonha.
Depois, se ele for eleito, não se queixem que ele nunca mais vos conhece de lado nenhum.

António da Costa, 17 de Janeiro de 2005

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