sexta-feira, janeiro 21, 2005

O Clássico do (Des)Governo



«É claro que reduções reais no número de Funcionários seriam o fim da civilização, tal como a conhecemos. A resposta é muito menos preocupante: deixamos de chamar Funcionários Públicos a alguns funcionários.
Por exemplo, transformar todos os museus em fundações independentes e, assim, todo o pessoal deixaria de ser chamado Funcionários Públicos. Continuarão a ser as mesmas pessoas a desempenhar as mesmas funções e continuarão a ser pagas com subvenções do governo. Mas as subvenções, tal como os subsídios e os bónus, não são contados nas estatísticas dos salários. Parecerá um corte, e um corte impressionante, desede que ninguém investigue muito.»

Jonathan Lynn e Anthony Jay, Sim, Senhor Primeiro-Ministro (Ed. 70, 1987, volume I, p. 182)

Esta passagem surgiu-me logo como óbvia ao ver hoje Santana Lopes a explicar como reduziria os custos com a Administração Pública na entrevista que deu ao Jornal da Noite da SIC. Para ele a solução passa, como nas Câmaras com a recolha do lixo, por concessionar serviços antes a cargo dos organismos públicos a empresas externas, para onde passam os funcionários responsáveis por desempenhá-las.
No mundo maravilhoso da mente do Santanita, poupa-se assim, pois deixa-se de pagar aos funcionários.
Resta saber como é que as empresas que prestam esses serviços os cobrarão a preços mais baixo do que antes custavam, se têm de pagar aos mesmos trabalhadores e ainda retirar um lucrozinho chorudo para pagar, por exemplo, aos administradores das ditas empresas (certamente em parte recrutados entre as chefias dos serviços públicos que antes existiam ou, no caso presente das Câmaras, entre o pessoal político que assim arranja umas alcavalas para abrilhantar os rendimentos de vereador ou presidente).

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