«Quando os cérebros iluminados e as vozes indignadas deste país se erguem, na santa cruzada que empreenderam, contra a proliferação de filmes "pornográficos", não posso deixar de me surpreender com o silêncio que se abate sobre filmes como «Música no Coração» que, a seu modo, procuram colaborar num mesmo processo de intoxicação ideológica que, no seu programa, inscreve o conformismo como objectivo principal. Por que carga de água é que «Música no Coração» será menos nefasto que «Emmanuelle» ou «A Linguagem do Amor»? Porque, ao contrário daqueles filmes, «Música no Coração» não inscreve a sexualidade no seu discurso ? Mas então o que significa o facto de «Música no Coração» recorrer a uma permanente exaltação da família patriarcal, da autoridade que ela pressupõe e das formas de sexualidade veiculadas pela sua moral eminentemente conservadora ?»
(Texto de João Lopes, crítico de cinema há 30 anos, que nos parece ter evoluído um pouco neste período, publicado originalmente na Vida Mundial nº 1874 de 14 de Agosto de 1975. p. 1)
Comentário da Redacção do AVP: João Lopes era muito moderado nas suas opiniões em pleno Verão Quente, pois Julie Andrews a cantar “The Hills are Alive” é bem pior do que tudo que a Sylvia Kristel possa ter feito em toda a sua irrelevante carreira cinematográfica.
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