sábado, outubro 22, 2005

Hábitos





Habituei-me desde há quase um quarto de século a ler o Expresso, tendo comprado e arquivado neste momento cerca de 98% ou mais de todos os seus exemplares desde Março de 1983.
Mesmo quando passei a perceber, com mais clareza, a diferença entre notícias verdadeiras e notícias "plantadas", o hábito permaneceu e, no fundo, há coisas bem piores (ser elder por exemplo, porque tinha de ser louro, de olhos claros e espadaúdo).
Esta semana, o Expresso traz-nos material interessante em duas frentes (Felgueira e Banca) e um frete para compensar "pecados" aintigos (notícia sobre o BES).
Passemos a explicar:

* No caso judicial do saco azul de Felgueiras, agora parece que as escutas não vão ser admitidas (minudências do Direito) e, por isso, a acusação tem de ser reformulada e o julgamento deve ficar adiado para daqui a 1 ano. Depois, digo eu, aparecerá outra caganita processual, e o adiamento continuará, quase por certo acabando tudo como no famigerado caso do julgamento de Leonor Beleza, prescrito apesar da "vontade da arguida se defender" (!!!).

* Quanto à Banca, a Operação Furacão da Judiciária indicia a existência de "truques" na contabilidade da Banca (grande novidade...) que terão lesado o Erário Público em muito mais de 2 mil milhões de euros. Posso estar enganado, mas é quantia capaz de tapar o buraco do défice, sem obrigar centenas de milhares de trabalhadores por conta de outrém a reformarem-se mais tarde e com menos dinheiro. Só esperamos, que as técnicas dilatórias do costume conjugadas com os jogos de bastidores dos "infiltrados" dos grupos económicos no aparelho político-administrativo do Estado, não façam com que tudo fique emn banho-maria daqui por uns meses e que o dinheiro em falta não continue à deriva.

* Por fim, e não fugindo à Banca, o Expresso faz notícia de 1ª página o facto de o BES investir na Saúde e ter criado um lar para doentes de Alzheimer. Não sei se isto é notícia de capa oara um semanário de referência, pois nunca fui jornalista, editor, redactor ou director de um órgão de comunicação social, mas isto cheira-me a compensação pelas notícias desfavoráveis ao banco em causa, publicadas antes e durante o Verão e que levou a uma espécie de corte de relações comerciais entre o BES e a Edimpresa. Mais que não seja porque a nota de 1ª página não tem mais nenhum desenvolvimento, não especifica que tipo de doentes terá acesso à unidade hospitalar em causa, nem os custos da sua utilização, mais parecendo peça de press-release. Mas isso não seria coisa própria de um dito semanário de referência, pois não ?

AV1

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