Isto já foi mais parecido com um debate..

... entre dois candidatos a Primeiro-Ministro.
Mas sempre foi razoavelmente animado, em grande parte graças ao cenário e à intervenção dos moderadores/entrevistadores.
A tia Constança e tio Miguel estiveram bem melhor do que o costume, refrearam mais ou menos a agressividade que os caracteriza e, exceptuando uns lembretes na primeira parte que serviram para manter os candidatos neste debate e não no de 1995, a coisa correu bem.
Comparativamente às duplas da SIC (Ricardo Costa/Rodrigo Guedes de Carvalho) e da RTP (Judite de Sousa/José Alberto Carvalho) esta esteve muito melhor, muito mais dinâmica, não se perdendo com anotações do tempo gasto por cada candidato e não arrastando a formulação das questões.
A coisa pareceu oleada e a TVI, neste particular, ganhou à vontade à concorrência.
Quanto aos candidatos, Louçã este fluente como é habitual, mas não conseguiu espetar tantos alfinetes em Cavaco como gostaria.
Já Cavaco esteve muito menos rígiddo do que lhe é habitual e conseguiu aguentar-se minimamente ao barulho.
Ficámos a saber que eles os dois percebem de Finanças Públicas.
Também ficámos a saber que concordam - por estranho que pareça - em muita coisa, da Justiça à situação da Segurança Social.
No fundo, e sabendo nós que o Presidente da República não é um Primeiro-Ministro, percebeu-se que qualquer deles preferiria um cargo executivo.
Mas Louçã perdeu a hipótese com a maioria absoluta do PS e é obrigado a esperar até 2009 a ver no que isto dá, e Cavaco para seguir em frente só podia tomar a decisão de se candidatar à Presidência.
Em suma, o encontro foi equilibrado, pois Cavaco defendeu-se muito razoavelmente de um dos dois debates mais incómodos que vai ter e já só falta enfrentar Soares e descansar, a menos que o camarada Jerónimo nos surpreenda.
Loucã brilhou, mas não tanto como seria de esperar e não conseguiu ser tão acutilante contra a Direita como gostaria, pois se repararam ele, ao contrário de Alegre, Soares ou Jerónimo nos anteriores debates, raramente aflorou com essa ameaça, limitando-se a falar em individualidades e grupos que apoiam Cavaco, mas nunca enchendo a boca com o papão da Direita.
E aqui falhou algo, porque nos restantes debates não pode usar esse argumento.
Cavaco continua entrincheirado, na sua carapaça, escapando mais ou menos incólume aos embates, apesar da suas evidentes limitações retóricas e telegénicas.

AV1