domingo, dezembro 04, 2005

Memórias Bedófilas

Um tipo atravessa diversos estádios de infância e/ou adolescência ao longo da vida. Existe o primeiro e original, em que os nossos gostos se formam, normalmente um segundo quando se entra na meia-idade quando se olha com nostalgia para o passado e eventualmente se recuperam aqueles gostos que a idade adulta abafou ou tornou menos práticos ou respeitáveis e um terceiro e último, quando entramos na fase final da vida.
Eu estou actualmente no segundo estado, graças ao qual, após uma década e meia ou mais de algum adormecimento do meu gosto pela banda desenhada, voltei a redescobrir o prazer de (re)ler muito do que há um quarto de século ou mais fazia as minhas delícias.
Para meu grande espanto, e contra as minhas próprias expectativas, até as reedições actuais das histórias em quadradinhos do Tex, populares por cá no final dos anos 70 e inícios de 80 em edições brasileiras, conseguiram cativar a minha atenção. BD italiana, originalmente publicada a partir dos anos 60 e ganhando destaque com o sucesso quase paralelo dos western-spaghetti da Cinecittá, Tex manteve sempre características muito próprias, desde o classicismo romântico do seu grafismo até à enorme extensão de muitas histórias (mais de 300 páginas em alguns casos, divididas ou não em episódios semi-autónomos). Agora, na era revivalista em que a geração que cresceu com estes heróis conseguiu (muitas vezes a custo) atingir uma situação que permite adquirir o que antes lhes estava vedado ou muito limitado, as reedições abundam e esta é uma reedição de histórias que chegaram a Portugal nos anos pela mão da Editora Vecchi (a mesma que também publicava então o MAD), agora com a chancela da Mythos (que igualmente nos traz as sobras do MAD com um ano de atraso).
Comprei o primeiro volume por simples curiosidade, mas amanhã vou à procura do segundo, embora já saiba que o herói ganha sempre no final.
Nem outra coisa seria de esperar.

AV1

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