quarta-feira, janeiro 11, 2006

Parques temáticos, lúdicos e de brincadeiras:

Nada contra, mas…

Seja-me permitido dizer: salvo melhor análise, não sou contra, antes sou a favor.
Por muitas razões, que poderei explicitar.
Mas, é preciso que o positivo de uma ideia não nos impeça de ver os contornos do seu enquadramento.
Porque, quando isso acontece, pode fazer-se um burro saltar para o precipício, só porque se lhe exibiu à frente dos olhos uma vistosa cenoura.
Imaginemos que Investidores e Câmara Municipal, por exemplo, se põem de acordo para a criação de uma parque de brincadeiras numa importante zona proposta no Projecto de Revisão do PDM versão 2005 para classificação REN.
Aí…
Aí, considerações importantes podem surgir, respostas a perguntas cruciais devem ser dadas:
* Desde quando o assunto está em conversações? No Verão de 2005 era assunto inexistente, ou era tabu guardado em segredo? Quem sabia? A que níveis?
* Quais as contrapartidas públicas e privadas susceptíveis de serem divulgadas ou investigadas entre promotores e decisores? Quem ganha e quanto com o quê?
* O que comentar ao seguinte texto “Este acordo traduz-se assim na redução dos perímetros urbanos, na reserva de território com interesse público e na valorização ambiental do concelho, resultando directamente dos estudos efectuados no âmbito da revisão do Plano Director Municipal que se encontra na sua fase final. Recorde-se que anteriormente estava previsto para o Pinhal do Forno a construção de um empreendimento de carácter turístico e de uma zona habitacional que poderia pôr em causa a manutenção do maior ''pulmão verde'' actualmente existente no concelho.”… presente aqui.
* Se um Parceiro/investidor de peso consegue desclassificar de Zona REN o Pinhal do Forno para Parque Temático, se um Parceiro/investidor de peso consegue desclassificar de Zona REN as Fontaínhas para Parque Industrial, se um Parceiro/investidor de peso consegue desclassificar de Zona REN a Migalha para uma nova Cidade, se um Parceiro/investidor de peso consegue desclassificar de Zona REN o Cabau para um novo Espaço Urbano, se um Parceiro/investidor de peso consegue desclassificar de Zona REN 2,9 hectares no Penteado para uma nova Zona Residencial, se um Parceiro/investidor de peso consegue desclassificar de Zona REN as Arroteias para mais Cidade, se um Parceiro/investidor de peso consegue desclassificar de Zona REN o Esteiro Furado para um Complexo Hoteleiro, será que uma viúva idosa e sem poder económico significativo poderá agora mandar construir finalmente uma Cabine eléctrica de 4 m2 na sua Fazenda de quase 1 hectare nos Brejos da Moita, para alimentar um motor de rega da sua pobre horta e ter finalmente electricidade na sua pequena Casinha?
* As afirmações e as propostas políticas da direcção política do Município da Moita são para levar a sério ou a brincar? Quando defende REN, e depois desanexa REN, o que deve ser considerado para valer? A primeira ou a segunda posição? Quando se classifica uma vasta área como REN proposta sem alternativa, e depois se defende publicamente que essa proposta é errada e a resistência das populações é justa e deve ser apoiada, em que acreditar? Na mão que a agride, ou na mão que defende, ambas atadas ao mesmo esqueleto? Quando defende a permeabilização dos solos e garroteia com REN novos 922 hectares de solos já permeabilizados e sem riscos de impermeabilização, ou quando alarga o solo urbano para mais 395 hectares de Zonas de Cidade e Zonas de Parques Industriais, qual das 2 posições é para ser levada a sério?
* Não há aumento da população no Concelho que de modo algum justifique o crescimento do Solo Urbano previsto no Projecto de Revisão do PDM versão 2005, o que coloca no campo das medidas fora-da-lei o referido Projecto. Vai agora aumentar-se a população do Concelho com mais Avestruzes, Búfalos, Cabras de Leque, Chitas, Girafas, Coatis, Cobos de Leche, Elandes, Gamos, Gnus Azulis, Marabus, Muflões, Nandus, Órixes cimitarras, Pecaris de colar, Sitatungas, Tigres de Bengala, Veados ibéricos, Zebras da planície, Aves de Rapina, Águias-de-Asa-Redonda, Búteos de Harris, Falcões Lanários, Peneireiros de dorso malhado, Aves Exóticas, Araras azul-amarelas, Catatuas de crista amarela, Loris Palradores, Araras vermelha de asas verdes, Loris de cabeça preta, Papagaios Eclectus, Faisões dourados, Periquitos Celestialis, Periquitos Australianos, Periquitos rabo-de-junco, Inseparáveis de Angola, Papagaios da Patagónia, Papagaios maximilianos, Loris Arco-íris, Caturras, Araras nanicas, Tucanos, Burros Domésticos, Cabras Anãs, Póneis de Shetland, Flamingos Pequenos, Ibis Sagrados, Coatis, Cangurus de Bennett, Lamas, etc ? Nada contra os pobres bichinhos, bem simpáticos até, mas serão eles que irão ocupar os previstos 60 mil Fogos para 67 mil Habitantes do Município da Moita?
* Quantas bitolas, quantas medidas tem a Câmara da Moita em uso, quando se relaciona com os Munícipes e com as Pessoas em geral? Um metro para a Câmara tem 110 cms para uns e 87 cms para outros, ou é sempre igual? E quais os critérios para diante de uns Munícipes ripar sistematicamente da medida grossa e dura, e diante de outros Investidores usar por sistema delicadamente as medidas suaves e permissivas?
* Como deverão actuar na hora de decidir os decisores que são favoráveis a uma posição equitativa e justa, contra a errada e desnecessária classificação como REN de centenas e centenas de hectares na Várzea da Moita, por exemplo? Deverão parar para pensar e para auscultar as populações interessadas, antes de uma qualquer decisão, mesmo obrigando ao seu adiamento, ou poderão aprovar apressada e unanimemente uma desclassificação casuística aqui, outra ali, sem cuidarem de fazerem finca pé na defesa dos interesses das populações, e assim desperdiçando mesmo o aproveitamento de uma ocasião soberana a ser esgrimida como contrapartida justa e negociada face às chorudas e ricas novidades em discussão?

Este novo Parque Temático, se for aprovado, dará uma cajadada mortal no esquecido e moribundo Projecto de Revisão do PDM versão 2005.
Quem arromba uma vez, arromba outra, e mais outra e uma nova vez.
A excepção à regra, várias vezes reiterada, arromba com a própria regra.
E mostra que estas Pessoas não são sérias, não porque roubem lâminas gilettes em qualquer hipermercado, isso não, mas antes porque não falam com seriedade, não propõem políticas coerentes, não mostram nem seriedade, nem isenção, nem decoro nas políticas que perseguem, nas actuações públicas que apresentam aos Cidadãos.
Na verdade:
* Falam em continuar a trabalhar e discursam sobre maiores exigências de ética política, e correm a meter os papéis para chorudas aposentações aos 48 anos;
* Falam em defender os solos permeabilizados, e vá de virar à tripa forra solo rural, muitas vezes ex-REN, para novas Urbanizações e projectos megalómanos de betonização desenfreada e tão inútil quanto hipotecadora do futuro;
* Falam em igualdade de oportunidades e em serviço às populações, e vá de castigar e garrotear os pobres dos Agricultores e das gentes das Zonas Rurais, tradicionalmente bombos de todas as festas, em benefício de 6 ou 7 destinatários locais ou quase sempre estranhos, verdadeiros privilegiados com grandes passes de mágica de promoções urbanística e turística errantes e erróneas.

Quem quiser acreditar nestas Pessoas, acredite.
Eu, para esse peditório, já dei.
E comigo, muitos outros moradores desta nossa sacrificada terra da Barra Cheia e dos Brejos da Moita, e de outras terras sacrificadas do Concelho.
Por isso, na hora certa, saberemos denunciar, desmascarar, pôr a nu os políticos fautores das más políticas.
Ou pelo menos das políticas desiguais, sempre boas para montante, sempre tiranas e ditatoriais para jusante.
E assim saberemos defender o nosso direito justo e razoável, as nossas expectativas e os nossos interesses legítimos.
Neste caso, contra a errada, desnecessária, injusta e brutal tentativa de se impor 922 hectares de nova REN apenas sobre as terras e as vidas daquelas Famílias de Munícipes da Moita que não têm poder económico para “comprar” uma qualquer desclassificação REN a pedido e à maneira.
Porque os 6 ou 7 grandes Empresários ou lobbistas influentes que se querem livrar da REN, e assim viabilizar os seus investimentos prenhes de novos urbanismos, esses sim safam-se sempre.
É ver, Meus Senhores, é ver!

Conservador

3 comentários:

Mário da Silva disse...

Caro conservador.

Hoje já não, dado o adiantado da hora, mas amanhã já lhe respondo à maior parte das perguntas.

* Desde quando o assunto está em conversações? No Verão de 2005 era assunto inexistente, ou era tabu guardado em segredo? Quem sabia? A que níveis?

Desde Janeiro de 2005 e ao mais alto nível. Logo vê que a Revisão do PDM tem uma leitura bem interessante à luz destes factos.

E dado que já foi votado logo tornou-se documento público e será disponibilizado brevemente para consulta num lugar perto de si.

Até mais.

Mário da Silva disse...

Ah! E você esqueceu-se de referir os empregos. Os imensos empregos que serão gerados com este empreendimento. E o negócio que daí advirá também par as empresas do Concelho da Moita, especialmente se levarmos em conta que o mesmo empreendimento tem entrada directa a partir da IC13.

E olhe que isto já está a ser cozinhado a nível de Secretário de Estado. Não pense que esta gente se mexe devagar e em pequeno.

Será que iremos ter outro esquema ao bom estilo CDS/PP e PRD na Companhia das Lezírias? se calhar vamos.

Mas estes são CAMARADAS logo está-nos PROIBIDO duvidar da sua boa fé.

Até mais.

Anónimo disse...

Duvidar!?? Eles "são gente de confiança"