quinta-feira, janeiro 19, 2006

Questões de meios

Há uns dias, naqueles arrobos de campanha menos pensados, o camarada Jerónimo dizia que se tivesse os meios de campanha de Cavaco Silva também se conseguiria eleger Presidente da República.
Olhe que não, camarada Jerónimo, olhe que não.
As coisas não são assim tão simples.
Basta ver os meios de campanha de Manuel Alegre e a sua forma de organização basista, quase inorgânica, com escassíssimos fundos, para percebermos que o dinheiro não é tudo.

Na Visão de hoje, surgem dados sobre as várias campanhas, facultados pelas próprias máquinas das candidaturas.
Para não irmos a comidas e dormidas, fiquemo-nos pelos meios de campanha de rua:
Cavaco Silva: 1000 outdoors, mudados 3 vezes desde a pré-campanha.
Jerónimo de Sousa: 340 outdoors, 200 minis e 4000 mupis.
Mário Soares: 700 outdoors, mudados 3 vezes de igual forma.
Francisco Louçã: 183 outdoors e 377 minis.
Manuel Alegre: 100 outdoors, mudados apenas 2 vezes.
Garcia Pereira: 4000 cartazes pequenos.

Neste campeonato, pela lógica de Jerónimo, Jerónimo disputaria o 2º lugar com Soares e Alegre o último com Garcia Pereira.
Mas todos sabemos que não é isso que se passa.
É quase o inverso.
Não são só os meios de campanha que decidem as coisas, mesmo se ajudam.
Conta muito a emanação pessoal da vontade do candidato, como manifestação de uma vontade colectiva, que não se pode confundir com "colectivos" que não passam de comités de elites partidárias fechadas.

No nosso concelho, será interessante ver os meios de campanha mobilizados e os resultados eleitorais do próximo domingo, apenas três meses e meio depois de uma maioria absoluta da CDU para as autárquicas.
Em todo o concelho da Moita não há um único outdoor da campanha de Alegre, porque mesmo que houvesse quem os colasse, não os haveria fisicamente para colar, por falta de meios.
Já Jerónimo herdou todos os cantos que Lobo ocupou desde Setembro.
Só que este tipo de análises são mal vindas para estas bandas, em especial para os opinadores que ocupam o balcão do único tasco de porta (semi) aberta ao público.
Pudera, só eles é que sabem onde está a chave...

AV1

Nota final: Atenção às sondagens de amanhã no Público/Católica e Expresso/Eurosondagem, que deve sair antecipado e ao que Pedro Magalhães venha a explicar no Margens de Erro sobre o seu conteúdo porque o rapaz é novo mas é muito bom no que diz; o resto é fumaça.

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