A saque !

O episódio que se vai desenrolando em torno de um dos anéis que restam nos dedos enjelhados - a EDP - apenas demonstra como de Estado de Direito o nosso Portugal só tem um simulacro formal ou nem tanto.
Pina Moura Ministro (na altura neófito "socialista", depois de longa carreira de controleiro comunista) incentiva a entrada da Iberdrola no capital social da GALP e da EDP (sendo que são empresas concorrentes nos mesmos segmentos de mercado).
Pina Moura ex-Ministro torna-se administrador da Iberdrola em Portugal.
Após interregno de alguns tempo - em virtude de governo não rosado - a intriga recomeça.
Pina Moura Deputado e Administrador prepara-se para entrar (ou alguém a seu mando e, por ele, a mando dos espanhóis) nos órgãos sociais da EDP, após aquela outra novela paralela que levou ao afastamento dos italianos da ENI.
Ou seja, antes eram os privados que funcionavam como testas de ferro para a entrada dissimulada dos espanhóis, como seria o caso de Roquette no sector da Banca.
Agora saltou-se um degrau na indulgência e complacência e é o próprio Estado que é testa de ferro para a entrada dos espanhóis nos centros de decisão do pouco que nos resta de empresas estratégicas sob controle nacional.
Já pouco resta para fazer render, por isso já estamos no vale tudo.
Só assim se explica um Ministro da Economia como Manuel Pinho.
Ou a repescagem do laranjinha António Mexia para a administração da EDP, para tentar um Bloco Central que amanse à negociata as críticas e as reduza às franjas radicais.
Ou, saltando para outra nomeação muito recente, um Mega Ferreira na condução do CCB, figura bem vista em todos os lados que soube alimentar quando tinha os dinheiros da Comissão de Descobrimentos e na Parque-Expo.
Ou um Primeiro-Ministro de que ninguém ouve falar, em queda, em virtude de férias na neve, coitadinho, de joelho operado.
Ou um candidato a Presidente da República que já não diz coisa com coisa, que aparece na Sic-Notícias a mostrar a sua casinha do Campo Grande, enquanto se houve na TSF a queixar-se da discriminação que lhe votam os grupos ligados á comunicação social.
A esta altura do campeonato já nem sei se vale a pena sermos arreigados patriotas e defendermos a nossa independência.
Só que, a ser anexado e governado por estrangeiros, que o seja por suecos ou outra qualquer safra de escandinavos, porque sempre são mais agradáveis à vista e delicados no trata do que a castelhanada que nos quer colocar a arreata.

AV1 (a pensar quantas páginas do Jornal da Moita serão necessárias para os opinadores locais, antes tão preocupados com a gestão da água, manifestarem o seu repúdio perante este ataque à autonomia da EDP e à gestão da energia eléctrica em território nacional)