Até quando tolerarão os professores, classe onde tenho demasiados amigo(a)s e até familiares, serem tratados da forma como esta Ministra o faz, de forma abusiva e generalizante?
Hoje, o novo ataque de Verão aos docentes faz manchetes em 2 jornais do mesmo grupo, logo por coincidência:
Hoje, o novo ataque de Verão aos docentes faz manchetes em 2 jornais do mesmo grupo, logo por coincidência:
No DN (artigo assinado por Elsa Costa):
«Ministra traça retrato arrasador das escolas
A ministra da Educação traçou ontem um quadro arrasador da falta de orientação das escolas e dos professores para os resultados dos seus alunos. Turnos da manhã reservados a turmas dos melhores alunos e filhos dos funcionários da escola, preocupação quase exclusiva para o cumprimento "burocrático-administrativo" das leis e distribuição das melhores turmas aos melhores professores são alguns dos exemplos apontados por Maria de Lurdes Rodrigues para dizer que a escola tem-se preocupado em dar aulas, mas não com o sucesso educativo dos alunos.»
No JN (artigo assinado por Fernando Basto):
«Ministra culpa professores e escolas pelo insucesso
Docentes comparados aos médicos
Demolidor. Esta foi a tónica do discurso da ministra da Educação na sessão de abertura do Debate Nacional sobre Educação, ontem, na Maia. Maria de Lurdes Rodrigues justificou o elevado insucesso escolar e a falta de qualificação dos alunos com críticas ao trabalho dos professores e ao funcionamento das escolas. Alguns docentes não gostaram e protestaram dentro e fora do auditório, exortando a governante a adoptar um discurso que respeite a sua dignidade profissional.»
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Vamos lá por partes:
A senhora Ministra esteve quase para se ir embora há um ano, quando andou a meter os pés pelas mãos.
Fazendo-lhe um favor, os sindicatos portaram-se ainda pior e entalaram a classe docente com uma greve aos exames saída da cabeça de quem não conseguiu ultrapassar o pensamento sindical no imediato pós-PREC.
Com a acalmia que se seguiu e a generalização de situações de ilegalidade - ao que consta o Estatuto da Carreira Docente está suspenso de forma nebulosa - a senhora ganhou forças e volta agora ao ataque, de novo na véspera das férias.
E como o faz: atacando publicamente a classe que tutela, misturando aquilo que é legítimo criticar, mas está na sua competência corrigir, com generalizações abussivas e desprestigiantes.
Uma coisa é identificar situações de evidente desmando, despotismo e/ou incompetência dos Conselhos Executivos que fazem tudo aquilo que ela diz: constituição de turmas e distribuição selectiva de horários, proteccionismo a cliques e grupos dentro das Escolas, ausência de medidas efectivas de promoção do insucesso escolar, para além de medidas burocráticas, alheamento da realidade da comunidade educativa que dirigem. Há aqui por perto exemplos deste tipo de diversa ordem. Só que isso está na esfera de competências da Ministra controlar e, através de inspecções feitas por gente competente e não por malta de de escassa experiência e seleccionados com base no cartão, identificar os casos e puni-los convenientemente. Mas não foi isso que a Ministro fez, pois o que consta é que, quanto mais melífluo e habilidoso o órgão de gestão da escola nas reuniões em que participam, maior o sucesso em transferir as culpas para os professores.
Outra coisa, muito diferente é culpar toda a classe dos professores por atacado de ser responsável pelo insucesso escolar.
Não estou a ver como um professor contratado, atirado às feras nos primeiros anos de actividade, com 200 alunos a cargo ou mais poderá inverter uma situação que os sucessivos Governos e Conselhos executivos no Poder há décadas não conseguiram.
Nem como é justo acusar equipas de docentes que, em zonas de risco social elevado, trabalham para tentar suprir os problemas dos seus alunos.
Só que esta Ministra tem um problema adicional em relação a outros ocupantes deste cargo.
David Justino tinha um discurso contra o insucesso, mas não o atirava para as costas dos professores.
Àquela senhora qualquer coisa Seabra, irmã do seu irmão, ninguém levava a sério, portanto.
Só que esta, depois do primeiro embate, tem beneficiado de grande protecção por parte da comunicação social, de muitos opinadores e não só.
Não é ignorante por completo, para que simplesmente a não levem a sério.
Mas é suficientemente desonesta para generalizar abusivamente as acusações e não agir onde devia: na limitação de mandatos dos órgãos executivos das Escolas e na fiscalização efectiva de aspectos como constituição de turmas, elaboração de horários e atribuição de reduções sempre às mesmas pessoas, controle da indisciplina reinante em muitos estabelecimentos escolares e uma pitada de atenção às contas de certas escolas.
A senhora Ministra esteve quase para se ir embora há um ano, quando andou a meter os pés pelas mãos.
Fazendo-lhe um favor, os sindicatos portaram-se ainda pior e entalaram a classe docente com uma greve aos exames saída da cabeça de quem não conseguiu ultrapassar o pensamento sindical no imediato pós-PREC.
Com a acalmia que se seguiu e a generalização de situações de ilegalidade - ao que consta o Estatuto da Carreira Docente está suspenso de forma nebulosa - a senhora ganhou forças e volta agora ao ataque, de novo na véspera das férias.
E como o faz: atacando publicamente a classe que tutela, misturando aquilo que é legítimo criticar, mas está na sua competência corrigir, com generalizações abussivas e desprestigiantes.
Uma coisa é identificar situações de evidente desmando, despotismo e/ou incompetência dos Conselhos Executivos que fazem tudo aquilo que ela diz: constituição de turmas e distribuição selectiva de horários, proteccionismo a cliques e grupos dentro das Escolas, ausência de medidas efectivas de promoção do insucesso escolar, para além de medidas burocráticas, alheamento da realidade da comunidade educativa que dirigem. Há aqui por perto exemplos deste tipo de diversa ordem. Só que isso está na esfera de competências da Ministra controlar e, através de inspecções feitas por gente competente e não por malta de de escassa experiência e seleccionados com base no cartão, identificar os casos e puni-los convenientemente. Mas não foi isso que a Ministro fez, pois o que consta é que, quanto mais melífluo e habilidoso o órgão de gestão da escola nas reuniões em que participam, maior o sucesso em transferir as culpas para os professores.
Outra coisa, muito diferente é culpar toda a classe dos professores por atacado de ser responsável pelo insucesso escolar.
Não estou a ver como um professor contratado, atirado às feras nos primeiros anos de actividade, com 200 alunos a cargo ou mais poderá inverter uma situação que os sucessivos Governos e Conselhos executivos no Poder há décadas não conseguiram.
Nem como é justo acusar equipas de docentes que, em zonas de risco social elevado, trabalham para tentar suprir os problemas dos seus alunos.
Só que esta Ministra tem um problema adicional em relação a outros ocupantes deste cargo.
David Justino tinha um discurso contra o insucesso, mas não o atirava para as costas dos professores.
Àquela senhora qualquer coisa Seabra, irmã do seu irmão, ninguém levava a sério, portanto.
Só que esta, depois do primeiro embate, tem beneficiado de grande protecção por parte da comunicação social, de muitos opinadores e não só.
Não é ignorante por completo, para que simplesmente a não levem a sério.
Mas é suficientemente desonesta para generalizar abusivamente as acusações e não agir onde devia: na limitação de mandatos dos órgãos executivos das Escolas e na fiscalização efectiva de aspectos como constituição de turmas, elaboração de horários e atribuição de reduções sempre às mesmas pessoas, controle da indisciplina reinante em muitos estabelecimentos escolares e uma pitada de atenção às contas de certas escolas.
O problema é que Portugal gasta bastante - é verdade - na Educação com fraquíssimos resultados.
A culpa é dos professores?
Não é de mais ninguém?
Da ausência de uma ética que, na vida social e política, demonstre aos alunos que o esforço será recompensado?
Que anos de Escola servirão para algo?
Que se chega a Ministra percebendo algo do assunto?
Não, a Ministra ataca pelo lado mais fácil, da Demagogia populista, como este Governo sempre tem feito. Atacando classes e grupos profissionais, no geral, acusando-os do seu mau desempenho, para obter o aplauso fácil do observador mal-entendido de circunstância.
E se nós dissermos que a culpa do Estado deste País é dos sucessivos governantes?
Não estaremos mais perto de uma generalização correcta?
A ministra apenas está a preparar o caminho para terraplanar por completo a profissão docente no próximo ano lectivo, reduzindoi educadores a burocratas de uma aparelho sem rosto mas negando-lhes, o que concede a advogados, médicos e outros profissionais, que é a possibilidade de se distanciarem do processo em que estão envolvidos para exercerem a sua função de forma neutra.
Não, os professores tornaram-se os responsáveis por tudo e por nada, os bodes expiatórios do insucesso de décadas de políticas erradas.
É uma postura herdada e requentada dos anos 60 e 70, mas não se pode esperar muito de quem tem o background e o currículo da área da Educação desta senhora doutora.
Até que pontos os professores vão tolerar isto, sem ripostar a sério, não sei.
E ripostar a sério é organizando-se de forma a constituirem-se como grupo de pressão capaz de desmontar as artimanhas, meias-verdades e insuficiências das políticas educativas criadas a martelo.
Como terão reparado, deixei de fora da conversa os Sindicatos.
Embora não queira generalizar ao nível individual, os sindicatos de professores estão neste momento reduzidos a um papel triste e meramente decorativo em todo o processo.
Há gente que procura novas formas de intervenção, mas uns estão acomodados e outros não conseguem fugir às fórmulas do passado.
Enquanto os professores não perceberem isso e não entenderem que é necessária uma reacção orgânica a sério, intervindo ao nível da produção de opinião fudamentada e credível, desmascarando perante o público esta Ministra, continuarão a ser os bombos da festa.
Estas batalhas travam-se na opinião pública.
Mas precisam de trabalhinho de casa, preparação, estudo das soluções lá de fora, conhecimento de experiências de outros países e dos seus resultados.
E cada presença de Sucenas e quejandos em debates televisivos é mais uma machadada na credibilidade da classe.
Cada tartamudeio inconsequente é uma oportunidade perdida.
Porque há gente nos sindicatos que percebe tanto disto, ou menos, do que aqueles a quem se deveriam opôr.
E enquanto os professores não entenderem que não chega esperarem por envelhecer, para beneficiarem dos "tachos" que há para alguns, nada mudará para melhor.
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AV1 (com cartoon mandado por um amigo prof., sem identificação do autor)
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