domingo, outubro 22, 2006

A Educação, pois...

Fico sempre comovido com as declarações dos políticos, ou dos que passam por isso, em relação à Educação.
Talvez pensando no próprio caso, e alguns por terem (tido) responsabilidades na matéria, gostam de se mostrar enamorados pela Educação, fazendo promessas muitas.
Na já longínqua entrevista em que o professor aposentado e actual Presidente da Câmara da Moita deu no início do mandato ao Rostos Online lá se afirmava o empenho em melhorar a Educação e mais um palreio do género. Desde lá tem sido um ai-jesus em torno do pavilhão da Escola José Afonso em Alhos Vedros, quem paga o quê, quem não pagou e tal, embora saibam muito bem que vão acabar por receber o dinheirinho e talvez mesmo mais cedo que muitos fornecedores da CMM.
Mais recentemente, a também professora em (co)missão de serviço como vereadora Vivina Nunes voltou a desenrolar a lista das acções mil em prol da Educação no concelho.
Só que, como bem sabemos, há muito que a Educação por estas bandas anda mal e dificilmente se recomenda.
Apesar de todos os defeitos que possam ter os rankings, eles aí estão e a permanência das Escolas Secundárias do concelho na metade baixa da tabela é uma invariável.
No suplemento do Expresso de ontem só vinham as melhores 100 escolas, pelo que precisei de andar a mendigar a amigos o Público que traz a lista de todas e eis os resultados.
Em 587 escolas a Secundária da Moita encontra-se em 430º lugar e a da Baixa da Banheira em 467º. É verdade que em volta a situação não é muito melhor, pois nos concelhos limítrofes (Barreiro, Montijo, Palmela) só a velha Alfredo da Silva sobe a um 205º lugar, na metade superior da tabela, enquanto as demais se vão espalhando entre o 317º lugar da Escola Augusto Cabrita e o 526º lugar dos Casquilhos.
Digamos que - para dar uma melhor ideia, se reduzíssemos a amostra a 100 escolas, a da Moita estava em 73º lugar e a da Baixa da Banheira em 79º.
Alguns até dirão que não estão mal de todo e eu quase concordo.
Mas para quem está numa zona tão próxima de Lisboa e, apesar das dificuldades socio-económicas da região, com uma situação bem menos desfavorável que outros concelhos periféricos, estes são resultados no mínimo medíocres.
Mas qual é a acção da CMM em relação às Escolas Secundárias, para além de armar a tenda anual para a Feira dos projectos Educativos?
Provavelmente por desconfiar do Estado Central, prefere criar parcerias e ajudar a estabelecer uma escola que não percebo se é privada se é uma criatura híbrida (pois só tem apoios autárquicos) em vez de desenvolver um trabalho em articulação com as escolas da rede pública.
Pior, a CMM promove activamente a saída de alunos da rede pública para este novo estabelecimento que, quando estava o ano lectivo em preparação, nem sequer disponibilizava publicamente a equipa padagógica da escola e os planos de estudos.
Mas certamente que as autarquias locais e os seus eleitos, benzidos pela unção da maioria absoluta que, como sabemos, concede uma infalibilidade semelhante à papal, saberão no que se metem.
Aliás, até muitos dos autarcas eleitos deveriam frequentar um cursito na dita Escola, para que alguns boletins ou sites oficiais fossem menos caricatos no destratamento da Língua Portuguesa.
O que nunca poderia acontecer, e acho que não se corre esse risco, é que se encontrassem entre o pessoal docente.
A bem do bom-senso e da ética.
Penso eu.

AV1

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