quarta-feira, maio 16, 2007

Avante, camarada, é isso mesmo

Do jornal Avante:

Névoa sobre o território
Manuel Augusto Araújo

«Os negócios proporcionados pela construção civil e pelo imobiliário ultrapassam o imaginável. Em poucos anos empresas têm lucros fabulosos por vezes sem terem produzido o que quer que seja. Recorde-se os recentes negócios em volta do Parque Mayer, dos terrenos na Expo ou em Telheiras onde terrenos onde não era previsto construir, portanto quase sem valor, acabaram a ser ocupados por grandes blocos edificados, valorizando-os brutalmente. Há desde empresas mediáticas como a Bragaparques a quase desconhecidos empreendedores como o que há uns tempos atrás, um jornal dito de referência assinalava como um dos homens mais ricos de Portugal, que tinha obtido os seus grossos cabedais em negócios de compra de terrenos de pouco valor acrescentado que subitamente adquiriam fabulosas mais valias por alteração do seu valor de uso. Homens e empresas que fazem chover…dinheiro!
Faz-se dinheiro, muito dinheiro, com o caos urbanístico do país. Loteiam-se e urbanizam-se terrenos a torto e a direito e estão devolutas centenas de milhares de habitações. Atira-se para o abandono mais de um terço do espaço agro-florestal, continua-se a autorizar o aumento do terreno urbanizável, empreendimentos turísticos em zonas protegidas, etc. É a especulação desenfreada do território, um bem limitado e frágil, com cobertura legal o que não deixa de ser imoral e, em muitos casos, ter um fortíssimo travo de corrupção, de favorecimento ilegítimo quando, por alteração de valor de uso ou de índices de ocupação o mesmo terreno passa, do dia para a noite, a valer 5 000, 10 000, 20 000 vezes mais. Negócios da china? Não, negócios da nossa terra.»

Este homem, este bom camarada, deve ter passado recentemente pela Moita.
É que se não passou, como conseguiu retratar tão bem a nossa realidade?
Será adivinho?
É que mesmo o factor de multiplicação das mais valias é certamente inspirado nas Fontaínhas.
E aquela de se urbanizarem terrenos "atorto e a direito"?
Então e a de se lotearem nova urbanizaçãoes quando existem centenas de habitações devolutas?
Será que este homem virá à Moita nos próximos dias 18 e 19?

6 comentários:

k7pirata disse...

Como diria São Bartaço:
Olha para o que eu digo e não para o que eu faço.

Anónimo disse...

Ou então:

Bem prega Frei Tomás. Façam o que ele diz, mas não o que ele faz!

Anónimo disse...

AV,

fico mt satisfeito de leres o avante, sempre aprendes qq coisa.

AV disse...

Recebo e leio o Avante e O Militante há várias décadas.
Ao contrário de muito boa gente que só faz a assinatura.

E aprendo muita coisa, isso é bem verdade.
E noto quem lá escreve e quem nunca lá escreveu.

Anónimo disse...

Já havia duas referência a esse fantástico artigo nos blogs da terra. Essa leitura anda atrasada...

Acho que o pessoal da conferência até o convidou (mas não tenho a certeza).

Ele há (mais) gente que só visto.

Até mais.

O Broncas disse...

"...quando os interesses e práticas de grupo se instalam num organismo do Partido, como um lobie, por vezes o melhor é assumir todos os riscos politicos, e começar de novo..."

Isto a propósito da admiração do freguês de uma das freguesias, por o AV também ler o Avante. Eu também o recebo todas as semanas, considero-o até um excelente complemento a toda a informação que uso.

O texto acima foi escrito por um destacado comunista - calculo que o tal freguês não o leu, pois se o tivesse feito já teria percebido que o que se passa neste Concelho, obriga a comecem de novo.