segunda-feira, outubro 03, 2005

Independentes ?

Estas autárquicas representam, a nível nacional, uma forma de desacreditar aquilo que se entende por “listas independentes”.
Como já repetidamente escrevi, em freguesias ou concelhos com mais de alguns milhares de habitantes – nomeadamente as de carácter (sub)urbano - as candidaturas autárquicas independentes são quase uma ficção da legislação, atendendo ao mecanismo triturador dos aparelhos partidários.
Só quem parte de uma situação de Poder de tipo caciquista consegue impor-se a esses aparelhos, em especial porque já os utilizou, explorou e sabe como combater no seu próprio terreno.
Gondomar, Amarante, Oeiras e Felgueiras são exemplos desse tipo de listas falsamente “independentes”.
São apenas listas que não são subscritas pelos partidos, porque se tornaram projectos de poder excessivamente pessoais e que nem a lógica dos partidos já consegue conter.
Infelizmente, parece que os eleitores andam a ler tudo às avessas e estes “independentes” até andam bem cotados nas intenções de voto.
Existem duas explicações lógicas para o fenómeno e uma ingénua: esta última é que eles foram excelentes autarcas e que o eleitorado reconhece isso, apesar dos problemas com a Justiça; as outras são, em primeiro lugar, a que explica o facto pela permanência de um espírito de caciquismo eleitoral em que o eleitor retribui nas urnas os favores que pensa que o eleito fez por si, pelos seus e pela sua terra, independentemente dos meios (no fundo é uma variação hipócrita da explicação ingénua). Em segunda lugar, existe a explicação que vê nisto uma leitura equivocada dos eleitores, que assumem que estes “independentes” são os injustiçados de um sistema partidário mau, contra o qual legitimamente se rebelaram.
Todas estas explicações são insuficientes para justificar que estas pessoas estejam prestes ou perto de ser eleitas nos concelhos por onde concorrem, em especial quem é arguido ou já foi condenado (mesmo se sob recurso) por prática de actos ilícitos exactamente no desempenho das suas funções públicas ou políticas.
Se eles vencerem, perceber-se-á porque já nem nos eleitores – naqueles que lá vão depositar o seu voto alegremente - pode residir uma grande esperança de mudança do sistema político.
Daí o desânimo em apresentar propostas e listas verdadeiramente independentes.Se resistir aos ataques do exterior ainda se consegue, difícil é aguentar o comportamento deste tipo de eleitorado que, afinal prefere “mais do mesmo”.

AV1

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