Que eu gosto mais do Manuel Alegre do que dos outros candidatos que pairam por aí ?
É óbvio que aos 10 anos não li nada do Mários Soares, do Cavaco Silva, do Francisco Anacleto Louçã ou do camarada Jerónimo.
Mas li o texto Rosas Vermelhas de Manuel Alegre, excerto da obra A Praça da Canção, que se encontrava na página 25 do meu manuel do 1º ano do Ciclo Preparatório de Língua Portuguesa.
O texto é de conteúdo político fortíssimo e esperar que aos 10 anos a petizada o entendesse por completo era utópico, embora todo este manual (de seu título Nascer da Plátano Editora) fosse de conteúdo cerrado.
Antes de chegar ao texto de Manuel Alegre já tínhamos passado por prosas ou poemas de Almada Negreiros, Alves Redol, Eugénio de Andrade e Sebastião da Gama e, logo ao virar da esquina, vinham excertos de Aquilino Ribeiro, Maria Rosa Colaço, Manuel da Fonseca, Miguel Torga, Raul Brandão e Carlos de Oliveira, entremeados por uns mais tradicionalmente infanto-juvenis António Torrado, Richard Bach ou Selma Lagerloff.
Depois dizem que agora os pobres dos alunos enfrentam dificuldades e que o insucesso e tal.
Agarrem num aluno ou aluna do 10º ano e dêem-lhe estes textos e quero ver o que fazem com eles.
A malta ficou tão politizada que agora tudo o que nos cerca é um desânimo.
Caramba, afinal ainda quando a infância não tinha acabado faziam-nos ler coisas como:
«Em Maio de 1963 eu estava na cadeia.
Era terrível acordar nessa estreita passagem com sete passos de comprimento por sete passos de largura.»
AV1
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