«A política, sr. Marquês, sabe V. Exª que é uma ciência ? Sabe que a ciência, filha castíssima do Espírito, só tende a elevar, a instruir, a moralizar, a santificar a vida humana ? A política é o instrumento da justiça social. Revestida, pela autoridade, dum carácter quase religioso, é uma voz de grandes ecos, que diz à verdade fala ! Que diz à consciência revela-te ! Que diz às almas emancipai-vos ! Que sobretudo diz ao costume moralizai-vos ! Para ter o direito de dizer isto, a política tem mais que tudo de ser moral - é preciso que todos a julguem mais que tudo moral.»
Antero de Quental, "Carta ao Exmº Sr. António José de Ávila, Marquês de Ávila, Presidente do Conselho de Ministros", 1871, a propósito do encerramento forçada das chamadas Conferências do Casino)
Quando se diz que em Portugal tudo continua na mesma, parece-me que neste caso estamos bem longe das ilusões de Antero nesses tempos em que, ou o homem andava nos opiáceos, ou claramente lhe faltava a visão para prever no que a nossa vida política seria incapaz de se tornar.
Porque a cegueira dos Poderes quanto à liberdade dos cidadãos se expressaram de forma crítica continua a mesma, independentemente dos regimes, com maiores ou menores baias.
AV1
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