segunda-feira, dezembro 12, 2005

Mas porquê ?






Se no Luxemburgo, na Alemanha, em França ou mesmo na Autoeuropa, os trabalhadores têm altíssimos níveis de produtividade, porque será que neste torrão natal toda a gente se parece baldar ?
Uma explicação simples é que quem quer trabalhar vai lá para fora, onde se trabalha muito, mas também se ganha mais.
Outra explicação, se calhar igualmente simples, é que cá ninguém parece chatear-se muito com nada, tirando dizer mal do colega que se esforça um pouquinho mais e das chefias que, por definição são incompetentes e cujas orientações não são para levar a sério.
Em alguns casos, isso é bem verdade.
Mas não é em todos.
E a verdade é que por cá existe uma profunda crise de autoridade moral entre os que mandam em relação aos que necessariamente são mandados.
A nível político, porque os que temos são bem fraquinhos e no outro dia no debate com o Louçã, e sem que quase se percebesse, o Cavaco deixou cair que ainda continua por aí muita moeda má (vá lá que os comentadores de serviço, deixaram passar o deslize).
A nível económico, porque já sabemos que muito empresário só vive de subsídios e muitos outros só quer uns lucros para começar logo a ostentar com carrinho novo, almoçaradas e jantaradas de horas e a proverbial casinha com pescina e outras merdices parecidas, mas raramente pensando em reinvestir para crescer mais. Ou então, fazem-no à custa de trabalho precário dos empregados.
A nível administrativo, porque aí é o forrobodó completo, pois não há qualquer sistema viável de progressão na carreira por mérito, se quase ninguém está em condições (materiais e morais) de avaliar o mérito alheio, havendo sempre cumplicidades, amiguices e rabos presos que é necessário manter , nem que seja à custa do nacional-porreirismo que tudo afunda.
E depois é o que se vê: temos uma produtividade abaixo dos 50% da França onde trabalha a nossa maior comunidade emigrante e pouco superior a metade da dos EUA, onde... lá está mais uma enorme comunidade tuga.
Mas depois todos apontamos o dedo ao parceiro e ao chefe.
Dando o exemplo, eu vou ficar por aqui e vou trabalhar porque, embora faça os meus horários, o meu eu-chefe anda a ficar meio irritado com o meu eu-empregado, porque anda a gastar muita net e a produzir pouco.
Ó lá se anda.
E vamos lá desligar já a treta do rádio, que isto não é uma discoteca.
Malandro.

AV1

3 comentários:

Carlos (Brocas) disse...

Horas 1.574.203.400
Dias 65.591.808
Semanas 9.370.258
Meses 2.186.394
Anos 182.199

Agora se dividirmos isto pelo numero de trabalhadores......

Carlos (Brocas) disse...

Só pa dizer, que contribuo para ai com 30 minutos por dia.....

LoL

1313 disse...

"chefias que, por definição são incompetentes e cujas orientações não são para levar a sério.
Em alguns casos, isso é bem verdade"

eu diria que é verdade na maior parte dos casos e esse é que é a origem do problema. não há uma "cultura de mérito" no nosso país. quem faz o menos possível para errar o menos possível, os encolhidos e agoniados, os que não ousam, os graxistas e yes men, esses é que normalmente são chefes. maus chefes obviamente. e más lideranças geram más lideranças num círculo infernal que nunca mais pára.
temos uma grande crise de liderança. são poucos os que sabem mandar. e, contrariamente ao que dizem alguns experts, a liderança não se aprende. tem-se ou não se tem. os pobres de espírito que desgraçadamente temos à frente dos nossos destinos, obviamente não abrem mão do poder que têm. quem quer o poder tem que ganhá-lo na luta. não há outra maneira.
isto se um natural born leader quiser de facto o poder. porque depois temos uma crise nos restantes níveis. os trabalhadores/funcionários que temos também não são grandes espingardas. o nível nunca esteve tão baixo...
para progredirmos colectivamente, só se fizermos todos (ou pelo menos a maioria esmagadora) força na mesma direcção, se não não vale a pena...