sexta-feira, dezembro 09, 2005

O ridículo da Tradição é isto !

O Centro Náutico Moitense fez 25 anos, fez bem em festejar a coisa e está de parabéns.
Mas há coisas que ultrapassam todos os níveis de ridículo imaginável, mesmo para o espírito moiteiro.
O Arre-Macho já dedicou ao evento um dos seus melhores posts dos últimos tempos, mas aqui não podíamos deixar passar em claro dois aspectos da cerimoniosa comemoração que representam, a meu ver, um grau extremamente elevado de tradicionalismo idiota e serôdio, bem como de demonstração cabal da aliança triste entre o poder político e este novo tradicionalismo emergente no poder moiteiro.
Em primeiro lugar, as declarações particularmente risíveis do presidente da instituição, pessoa certamente estimável (convém escrever isto, por causa das coisas) mas que produziu esta tirada a propósito do convite endereçado (e aceite) a D. Duarte Pio para estar presente na sessão da passada semana:

«Se D. Duarte é a memória viva da revolução que deu a independência a Portugal, também o Centro Náutico Moitense é a memória viva da restauração das tradições.»

Mesmo não sendo em defesa das tradições bovinas, o que já é algo positivo, esta frase gongórica contém quase tantos equívocos quanto palavras e revela uma grande confusão (in)voluntária do autor ao misturar alhos e bugalhos. Por mim, mandaria o senhor consultar um qualquer livro de História (mesmo do Hermano Saraiva) e a seguir um dicionário para tentar descobrir o que significa "revolução" e o que se passou em 1 de Dezembro de 1640. A única vantagem é que designa D. Duarte Nuno (El-Rei D. Bacocó na feliz expressão de O Broncas do Arre-Macho) como memória viva o que está longe de significar que ele está mesmo vivo.
Em segundo lugar, a foto da mesa de honra da sessão solene revela-nos a dupla João & João (Lobo e Faim), claro que em funções institucionais, lado a lado com o dito D. Duarte, representante do conservadorismo mais passadista que se consegue arranjar neste raio de país, para não dizer do tradicionalismo mais idiota que se consegue imaginar.
É verdade que o poder deve estar nestas sessões e mostrar-se aberto a tudo e a todos.
Mas, caramba, acho que eles se recusariam a sentar-se ao nosso lado fosse onde fosse e aqui ninguém é monárquico de ascendência absolutista (D. Duarte é descendente da via miguelista e não da liberal).
Só faltou vir a Izxabelinha para confraternizar com a nossa elite feminina.

(Já agora, podiam ter esperado que o senhor da esquerda na imagem, acabasse de despejar a água antes de fazerem a fotografia; ou então o homem é muito distraído porque os convivas logo ao seu lado perceberam bem que ia haver retrato)

AV1

4 comentários:

Carlos (Brocas) disse...

"(Já agora, podiam ter esperado que o senhor da esquerda na imagem, acabasse de despejar a água antes de fazerem a fotografia; ou então o homem é muito distraído porque os convivas logo ao seu lado perceberam bem que ia haver retrato)"

O fotografo deve ser o mesmo que fotografou os sinais há/à entrada da Baixa da Banheira...

LoL

Mas deste-me umas ideias para as minhas proximas "bostas" fotograficas (30 minutos )

AV disse...

Óptimo...

Av1

Mário da Silva disse...

O homem da Esquerda (na foto) é um homem do povo e um proletário e logo daí pouco habituado a estas coisas de fotografias e politiquices. Isso ele deixa para os intelectuais sentados à sua Esquerda.

AV disse...

Mmmmm.....
Mas os defensores do proletariado não são os outros ?
E, vai-me desculpar meu caro MdS, o que é que isso tem a ver com inabilidade para ficar no "retrato" ?
Afinal, não era le o anfitrião e quem convidou a imprensa ?

AV1