domingo, janeiro 22, 2006

Análises a retalho sobre o Futuro Parque Temático da Moita

Conflito insanável entre o Futuro Parque e a Vacaria de Gado de Leite
ali mesmo em frente

Nesta série de Análises a retalho iremos tratar individualmente de temas que nos vão ocorrendo sobre o Futuro Parque Temático da Moita.
Comecemos pela Vacaria de Gado de Leite ali mesmo em frente, uma das maiores da Região, e propriedade de um Vizinho nosso, pessoa estimada e respeitada no lugar.
Referimo-nos à enorme instalação pecuária, sita ao longo de várias centenas de metros na Estrada Municipal Pinhal do Forno, ao longo de toda a frente leste do Pinhal do Forno.
Ela é aliás bem visível a partir do IC 13/ IC 32, e muitas vezes, quem vai distraído a conduzir, sente-a de qualquer modo ao passar no local.
É uma propriedade de muitos hectares, vários milhares de cabeças de gado, onde importantes investimentos em Gado e em logística foram realizados nos últimos anos, de uma expressão económica considerável.

Mistério, os Investidores da Badoca Parques parecem não ter notado
a sua existência

Sim, parece um mistério deveras intrigante:
Como foi possível ao longo de 3 anos de negociações os Representantes da Promotora nunca terem levantado uma perguntazita, uma objecção, do tipo:
Aquela Vacaria ali, o gado, o estrume, o cheiro, enfim, não será que aquilo poderá conflituar com o nosso Hotel de 4 Estrelas, com os nossos Restaurantes para 4.000 Pessoas sentadas (slow food), mais os McBurgers a granel, com milhares e milhares de comensais de pé (fast food), com os 3 milhões de visitantes ao ano no nosso querido Parque?

Não é crível que o não tenham perguntado.
E só se imagina uma conclusão do Investidor:
Nah!, não pode ser, ou há parque e a Vacaria migra, ou queda-se a Vacaria e migra o Projecto!
E logo a seguir o jogo de cintura e os paliativos da Macle SA, “única e legítima proprietária e possuidora do Pinhal” (palavras do Presidente da Câmara, com enorme surpresa geral), da Câmara da Moita e dos seus Representantes:
Não é nada que se não resolva. Avancem lá com o Projecto, que a Câmara resolve esse imbrógliozito.
Réplica da Badoca:
Assim sim, o Projecto pode avançar, Parque com animais de brincar talvez, com milhares de Vacas de produção pecuária logo ali defronte, nem pensar, terão respondido os Investidores para grande gáudio dos Representantes locais.
Afinal é de um Projecto de Parque de Diversões que estamos a falar, não de uma qualquer iniciativa de defesa ou incremento da nossa capacidade produtiva, nem de uma economia geradora de mais riqueza, não senhor.

Mas aí, a Câmara fica com um menino nos braços, e que menino!

É verdade. É bem verdade.
Como resolver o problema das vistas? Com um muro alto, complementado ainda com um mais alto paredão vegetal? Não é fácil.
E os cheiros característicos de uma tão grande exploração pecuária? Fazendo a toilette diária a cada vaca, a cada bezerro, com recurso a milhões de “Dodots”, implementando Vaco-WC’s limpinhas de hora a hora, autoclismo e pia e tudo o mais do mais moderno para cada animal? Com geradores gigantes e correntes de ar quente contínuo mais a nascente, para criar uma superfície de baixas pressões, que faria os odores saírem todos para leste? Para a Vila da Moita? Não é razoável.
E as toneladas diárias de dejectos, bostas de vaca em vernáculo local, coisa normal e aliás importante em termos de economia de escala para os campos de milho da própria Fazenda, como eliminá-los, como deslocá-los, como lidar com eles sem topar de frente com os Autopulmans apinhados de Visitantes para o Parque? Não é muito prático.
O assunto é delicado, e o tempo o dirá, só tem uma solução:
Vai ser imperioso fazer a Vacaria migrar dali para fora, para bem longe, que onde a ordem é para brincar não há lugar para trabalhar, vai ser limpinho.
E esse é o projecto mais credível que poderá estar na mente dos Decisores públicos face a este problema.

Como se faz alguém sair do seu lugar:
Estudo de métodos possíveis

Bem, fazer a Vacaria sair, é fácil de dizer.
E quanto à metodologia? Ao modus operandi? De que modo, com que meios, por que métodos poderá tal ser conseguido?
Como se compreenderá, à força e ao empurrão, nem pensar.
Com guerra administrativa e a vida das pessoas azucrinada com dificuldades e más-vontades burocrático-administrativas sem fim, nem falar nisso é bom.
Ao engodo de um qualquer embuste, no lo creo. As Pessoas, os Proprietários, o Pessoal que aí trabalha sabem muito, já viveram muito, não se deixam endrominar e é normal.
Resta uma hipótese:
Com uma considerável e justa indemnização em dinheiro, cash, el contado.
Isso talvez, aí sim, que a vida dos Empresários e o ganha-pão dos Trabalhadores, a serem deslocalizados e prejudicados, merecem uma boa de uma indemnização
Isso sim.

E o dinheiro, quem falou em dinheiro, onde está o dinheiro?

No Protocolo, não está.
Responsabilidade da Badoca, nem uma linha.
Nos cofres da Câmara, com os nossos IMT’s e os nossos IMI’s, mais as Taxas da Nova Ponte, mais as Taxas e Emolumentos vários, os trocados não vão chegar, e se chegarem, não é justo, porque os meios são escassos e fazem falta noutras afectações.
Dinheiro, é seguro, não vai haver. É preciso muito, e muito não há. Nem pensar.
Mistério!...

A solução nas Áreas Urbanas que crescem e circundam instalações pecuárias,
no Concelho e em muitos outros lugares

A menos de 1.000 metros de distância, a uma escala muito menor, ali bem perto nas Arroteias também o crescimento urbano cercou uma Vacaria muito conhecida, e as Vaquinhas tiveram de fazer as malas e emigrar.
Houve dinheiro para as compensações?
Não.
Então como se indemnizaram as Pessoas desse incómodo e prejuízo tão grandes?
Fácil, corre que se classificou a terra de Habitacional Proposta, esta passou a ter um valor elevado, e aos Donos ter-se-lhes-á soprado ao ouvido um conselho:
Vendam a terra e indemnizem-se a si próprios, que cá a gente dinheiro não tem!
Fácil, barato, e dá milhões.

E frente ao Pinhal do Forno, em terra que o Projecto de Revisão do PDM versão 2005 previa ser varrida toda, todinha a REN?

Aí, a coisa vai fiar mais fino.
Não é coisa que não se resolva, quem desclassifica 64 hectares de REN para o novo Parque, também lhe acrescenta o IVA, são mais 21%, ora bem, desclassificam-se mais uns hectares bons, os necessários para expulsar as Vaquinhas e indemnizar (salvo seja) os respectivos donos.
Depois de desclassificados da REN os Hectares da Vacaria, e de se lhes passar a chamar por exemplo Habitacional Proposto, ou Multiusos Propostos, ou Urbanos Lúdico-Culturais, ou de Golf, ou outra hiper-valorização qualquer, os Proprietários só terão é que os passar a patacos e se auto-indemnizar, emigrando eles e as vaquinhas todas.

Simples, não é?
É.
Contudo, acrescentarão pressurosos os dinamizadores e decisores de tais alquimias da transformação dos solos, convém manter o discurso bem firme a favor da REN e da imprescindibilidade dos mais 922 hectares de REN em toda a Várzea da Moita, urgirá dizer que a coisa é necessária e que é imposta por Lisboa, não vão os restantes Proprietários e Moradores lembrar-se de vir de novo dizer que a REN nestas terras é um absurdo, uma desnecessidade, um erro, uma injustiça, uma ditadura que só tem um fito:
O fito de servir de embrulho nobre e credível, muito respeitável para o exterior e tirânico para as Pessoas de cá, capaz de esconder atrás do pano as desclassificações de ex-REN no Cabau, nas Fontainhas, na Migalha, no Penteado, no Esteiro Furado, nas Arroteias e agora no Pinhal do Forno, a pedido e à maneira de alguns grandes interessados com acesso rápido a patadas certeiras e poderosas.
E para mais com todo o mundo gritando que um pote furado no fundo uma vez, duas e três, é um pote estragado de vez.

Dirão pressurosos os Pais e os Padrinhos de tão interessante Projecto:
Pronto, faz-se assim, já está! A coisa resolve-se!
Será?

Conservador (com foto dos arquivos AVP)
21/Jan/06

1 comentário:

Anónimo disse...

A necessidade de dizer mal é mesmo muita.Isto até dá vontade de cair no chão a rir.