O jornal O Rio e o seu director Brito Apolónia estão directamente ligados à origem e manutenção de um dos pseudónimos que usei durante algum tempo aqui no AVP.
Vou contar-vos porquê, agora que é hora de fazermos um balanço dos seus oitos anos de vida.
A minha relação com o O Rio foi durante muito tempo de mero leitor ocasional.
Quando criámos o AVP, nunca pensámos que os nossos textos tivessem grande audiência ou divulgação, pois apenas eram um divertimento.
Com o passar do tempo, começámos a descair para assuntos mais sérios e, a certo ponto, o meu colega co-editor achou que uma das minhas prosas estava acima de medíocre e propôs-me que a enviasse para o mail de O Rio.
Quem andou por aqui nessa altura, sabe que ainda não existia AV1 nem AV2, apenas pseudónimos de circunstância usados por nós ou por um ou outro colaborador que não queria ver a sua verdadeira identidade revelada.
Foi então que decidi fixar o nome de António da Costa para a autoria de certo tipo de textos e graças aos bons ofícios de um antigo colaborador de O Rio, bem conhecido do seu director, foi estabelecido o contacto para a publicação de um texto originalmente pensado para o AVP.
Como seria de esperar o sr. B.A. pensou que esse antigo colaborador seria quem agora se acoitava no nome de António da Costa e quando foi informado que assim não era, ficou naturalmente curioso sobre quem seria essa ave rara que agora aparecia a escrevinhar que nem um desalmado, zurzindo a eito.
Achei que nada de mais regular do que apresentar-me nos devidos termos a quem solicitava espaço na sua publicação.
Combinou-se um breve encontro e assim fomos apresentados, sendo que essa revelação voluntária da minha identidade só voltou a acontecer com mais duas outras pessoas do meio bloguístico local.
A partir de então, produzi mais alguns textos que enviei para O Rio, assim ficou tacitamente consentido que O Rio poderia usar o que bem entendesse da nossa crescente verborreia.
O ponto alto da minha nossa passou, contudo, pelo caderno especial feito para comemorar os 31 anos do 25 de Abril, em que colaborei com gosto com um texto especialmente feito para a ocasião e só posteriormente usado em posts do AVP.
Durante todo este tempo, o director de O Rio nunca me levantou qualquer questão relativamente aos textos que lhe enviei. Sei que nos visitava e, quase instintivamente, detectava os comentários, embora poucos, que nos foi deixando.
Coincidência ou talvez não, o período que correspondeu a essa colaboração foi o mesmo que assistiu ao início da agonia do único órgão de comunicação social digno desse nome no concelho.
Os poderes (económico e político) instituídos no concelho começaram progressivamente a não quererem ajudar O Rio a sobreviver, embora dele se tenham servido em outros tempos.
Preferindo paragens mais dóceis e pastagens menos ásperas, muitos opinadores bissextos acharam melhor assentar a sua tenda em outras publicações de contornos mais cordatos e adaptáveis aos ventos de cada ocasião.
A publicidade, comercial e institucional, seguiu o mesmo rumo, obedecendo à voz de comando dos donos, interessados no estrangulamento do projecto de independência do senhor Brito Apolónia.
Muitos dos que dele se desapegaram foram e são os mesmos que de nós não gostam nem um bocadinho.
Muitos dos que dele se usaram para se destacarem individualmente e fazerem o seu nome e cara serem conhecidos pelo vulgo, quando alcançaram os seus objectivos deixaram de o considerar útil.
Outros ainda foram-se mantendo, mas cada vez mais distantes.
A esse conjunto de gente que convive mal com as diferenças de opinião começámos aqui a designá-los como defensores do Pensamento Único e são todos aqueles que gravitam directamente em torno do poder político local, que dele recebem o seu estipêndio mensal ou que com ele estabelecem relações comerciais, financeiramente compensadoras.
A outros, não tão ligados à Situação, mas que gostam de manifestar as suas discordâncias de forma cordata, domesticada, convencendo-se a si mesmos que o vazio de conteúdo pode ser encoberto com um ou outro recurso de estilo da forma, passámos a chamar os arautos do Politicamente Correcto. Também eles sabem que, se levantarem muito a voz, podem ser integrados na lista negra e lá se podem escapar umas oportunidades de apoio a isto ou aquilo.
Ao contrário de todos eles, aqui no AVP nunca procurámos que a nossa escrita e colaboração nas páginas de O Rio fosse um veículo para mais nada do que a difusão das nossas ideias.
Por isso sempre usámos pseudónimos, porque não queremos que nos batam nas costas, nem com palmadinhas amigas nem com marretas pesadas.
Na sua penúltima edição de sempre, o sr. Brito Apolónia usou no espaço que normalmente reservava para si na página 2, um texto meu, feito na sequência de o ouvir dizer que O Rio ia fechar as portas no início de 2006, para poder fechá-las de cabeça erguida e com as contas direitas.
Foi a maior honra e o maior elogio que nos podia ter feito.
Não podemos, de forma alguma, substituir o papel que O Rio desempenhou desde 1997.
Mas podemos honrar a sua memória.
E é isso que faremos, pausadamente, ao longo dos próximos dias, pensando mesmo dedicar-lhe um especial no ultimamente inactivo Alhos Vedros Visual.
Porque nós temos memória e não gostamos que a apaguem impunemente.
AV1
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1 comentário:
Assinei "O Rio" para ai em Março/Abril de 2005 graças a um Post vosso em que falavam, já na altura das dificuldades que "O Rio" atravessava.
Evidentemente que não esperava que fossem os 10 Euros que paguei que iriam fazer com que o mesmo "sobrevive-se", a ideia foi tão somente dar algum apoio mais que não fosse, moral.
E até porque, lia sempre "O Rio" antes de o receber em casa.
Quase todas as coisas, e "O Rio" não será excepção, têm o seu principio meio e fim, neste caso é pena muita pena mesmo que isto aconteça, mais a mais quando os Pasquins que se ajoelham perante a classe dirigente, e que utilizam de artimanhas para receberem subsidios para eles e para toda a familia (JM) conseguem continuar e inclusivamente fazem edições especiais para agradar a troianos como é o caso do distritonline.
Cada vez mais vivemos numa terra sem lei onde, quem consegue vingar na vida são os vigaristas, onde por vezes dizemos que "x" está mal, mas noutras vamos fazer o mesmo.....
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