terça-feira, janeiro 03, 2006

Em memória de O Rio - III

Foi em 1999 que publiquei o meu primeiro texto no RIO, o Sr. Brito respeitou e apoiou-me quando lhe disse que desejaria manter o anonimato, inclusive deu-me a ideia para o heterónimo de Manuel Pedro, que eu primeiramente tinha pensado ser Manuel Portugal, segui o seu conselho e fui escrevendo diversos textos sobre diversas situações que aconteceram nesse ano e nos anos seguintes.
O Sr. Brito nunca me censurou nenhum texto e sempre me deu um espaço do RIO para publicar a minha prosa.
O anonimato que resolvi adoptar não foi para mim uma questão de me esquivar às réplicas que me poderiam ser feitas na altura e o foram efectivamente, mas apenas uma forma de poder exprimir-me, sem tabus partidários quando ainda estava no poder o governo PSD/PP. Achei que teria o dever de mostrar uma visão particular sobre os acontecimentos que ocorreram nessa época, numa visão de esquerda, talvez até próxima do verdadeiro comunismo e por isso muito abrangente, mas também muito idealista.
Ideologicamente, poderemos situar o Manuel Pedro entre a Social-Democracia e o Anarquismo o que sempre me fascinou, devido a leituras do jornal Anarco-Sindicalista, “A Batalha”, ou da revista Anarquista, “Renovação”, dos princípios do séc. 20.
Penso que é possível uma transição da Social-Democracia para o Anarquismo, seguindo uma política da redistribuição da riqueza duma maneira mais favorável aos mais necessitados.
Este Anarquismo da abundância, teve seguidores na corrente literária dos “Sci-Fi Libertarians”, mas remonta a Kropotkin.
Sou apologista de que os Países que têm mais devem dar aos que têm menos e devem dar já !
A nossa sociedade humana criou até agora extremos de pobreza e de riqueza que fazem com que não seja possível uma evolução global do planeta Terra.
Os humanos são actualmente a única espécie dominante, por isso temos responsabilidades para com o equilíbrio ambiental, ecológico e espiritual no planeta Terra, se não tivermos consciência disso ou menosprezarmos o ecossistema planetário a que pertencemos, a nossa espécie não criará condições para sobreviver e será exterminada, como foram outras espécies dominantes.
Só partindo do princípio de que somos uma espécie e não um conjunto antagónico de diversas Raças é que poderemos sobreviver.
Naturalmente acho que Trotsky tinha razão, quando se referia a que a Revolução tem de ser Mundial, só que não se pode fazer uma Revolução para implantar uma ditadura, por isso não acredito no Poder, mas acho que ele tem de existir até existir uma sociedade humana auto-suficiente e que gere e distribua riqueza suficiente para alimentar toda a Humanidade.
Os textos publicados no RIO por Manuel Pedro nunca sofreram nenhuma critíca destrutiva por parte do Sr. Brito, embora os comentasse em particular comigo.
Alguns foram bastante politicamente incorrectos, como por exemplo no caso do “Imposto Taurino Moitense”.
Tal independência e o sentido de poder estar além das pseudo-proridades partidárias, talvez tenham feito do projecto “O RIO”, um projecto supra-partidário e demonstrativo duma sapiência fora do comum por parte do Sr. Brito e bem demonstrativo das potencialidades da ala do PCP que ele integra e representa.
Um grande bem haja para esse Homem que criou um jornal de referência e de resistência, dentro e fora do actual concelho da Moita.
O PCP deveria ter orgulho neste seu militante e não se deixar transformar nesta coisa sem sentido que é o actual poder camarário no concelho da Moita.

Manuel Pedro

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