Sérgio Aníbal (Diário de Notícias)
Portugal é um dos países na União Europeia que mais estão a sofrer com a deslocalização de empresas. De acordo com o European Restructuring Monitor - uma entidade que monitoriza todas as mudanças registadas em empresas que criem ou destruam empregos -, as transferências de unidades de produção para o estrangeiro anunciadas desde o início de 2002 provocaram ou irão provocar em Portugal a perda de um número de postos de trabalho equivalente a 0,11% do total da população empregada.»
Portugal é um dos países na União Europeia que mais estão a sofrer com a deslocalização de empresas. De acordo com o European Restructuring Monitor - uma entidade que monitoriza todas as mudanças registadas em empresas que criem ou destruam empregos -, as transferências de unidades de produção para o estrangeiro anunciadas desde o início de 2002 provocaram ou irão provocar em Portugal a perda de um número de postos de trabalho equivalente a 0,11% do total da população empregada.»
Pois é, rapaziada.
Há, nos tempos que correm, poucas formas de competir no mundo globalizado: ou apostar na inovação tecnológica e em empresas que se destaquem pela competitividade em sectores emergentes, ou em nichos de mercado muito específicos ou, como tem sido hábito por cá, em baixos salários como vantagem comparativa.
Só que duas destas vias estão-nos cada vez mais barradas: pensar que Portugal se vai tornar uma economia de ponta em meia dúzia de anos só se for como piada de fraco gosto, pois mesmo quem o conseguiu preparar a tempo levou uma ou duas décadas a fazê-lo e foi com gente competente à frente; quanto aos salários baixos, estamos falados porque nem é preciso ir à China para encontrar quem ganhe menos e seja melhor qualificado, bastando passar pela Polónia e República Checa, para não sair da UE. Resta, portanto, a exploração de nichos de mercado (os famosos clusters de que falava Michael Porter no estudo encomendado por um dos governos de Cavaco), mas mesmo esses (cortiça, azeite, vinho do Porto e outras tradicionalices nossas que dependem de uma agricultura e de uma política de ocupação dos solos coerente) também dependem de factores de inovação, produtividade e capacidade de competição no mercado externo que só estreitos segmentos do nosso tecido empresarial possui.
Por isso, ficamos entregues à belmirização do país, onde os super e hipermercados e as grandes e enormes superfícies vendem barato o que se produz lá fora, pois por cá pouco poder de compra vai restando a quem mantém o emprego, com ou sem deslocalizações.
E se a Autoeuropa se for embora, nem quero ver.
AV1
3 comentários:
Essa da "BELMIRIZAÇÃO" é muito bem encontrada, parabéns pela expressão !!!
Para inventar conceitos sociológicos profundos, é connosco.
AV1
O meu problema com o Belmiro nem é quanto à sua atitude, é apenas quanto ao facto da Sonae se basear em sectores completamente ligados ao terciário, preferindo ir à China comprar barato para conseguir vender muito - e barato - do que investir na capacidade produtiva interna.
Mas isto é a minha solitária costela neo-marxista e anti-blobalização a falar.
AV1
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