segunda-feira, maio 01, 2006

Deixem-me ver se percebo

As contas da CMM andam em derrapagem.
O presidente da autarquia, que tem o pelouro, parece que não percebe muito do assunto e joga a bola para o lado.
Os aios do regime usam dois argumentos: a culpa é das leis do país e do Poder Central que assenta o financiamento das autarquias em princípios errados (mas não sabiam que era assim ? é que a respectiva lei já não é moça nova) ou então a Moita não está mal porque há quem esteja muito pior.
É a teoria do tuberculoso feliz, porque está no quarto ao lado dum doente terminal com cancro.
Quando em devido tempo, e repetidamente, aqui se chamou a atenção para a ostentação de meios na campanha eleitoral, para os custos brutais de um par de obras estratégicas por oposição ao desinvestimento em muitas outras áreas que podiam ser melhor aproveitadas, para os incumprimentos no pagamento a fornecedores, chamaram-nos mentirosos e caluniadores. Quando mostrámos documentos, é porque não devíamos publicitar assuntos que deviam ser privados e compararam isso à publicitação das minhas contas bancárias (???).
Mas agora é o próprio chefe da banda que diz que a coisa está mal.
Mas não há um mínimo de coerência nos argumentos e de decência nas atitudes ?
É ou não verdade que o ano de 2005 foi caracterizado por um disparo do passivo da CMM à custa principalmente dos encargos com as obras da Marginal, que ainda aí estão a arrastar-se depois de ganha a Junta de Freguesia respectiva ?
É ou não verdade que a propaganda de "obra feita" foi mais do que numerosa ?
É ou não verdade que foram feitas novas promessas que se sabia serem impossíveis de cumprir nos prazos adiantados ? veja-se onde andará o placard que anunciava a Piscina Municipal da Moita...
É ou não verdade que um Presidente da Câmara que assume o pelouro das Finanças e desterra o anterior detentor da área para o Matão, não devia agir como se dependesse de conselheiros e assessores para gerir uma área tão sensível ?
É ou não verdade que o investimento foi direccionado principalmente para algumas freguesias com intuitos eleitoralistas, enquanto se despachavam uns pilaretes e uns arbustos para Alhos Vedros, às últimas do mandato para parecer que se tinha feito alguma coisa ?
É ou não verdade que a lei das Finanças Locais é a que é e com ela é que se devem organizar e que as limitações ao endividamento vinham já dos tempos da Manuela Ferreira Leite, pelo que tinham tido tempo para se adptar às novidades ?

Ó meus caros guardas pretorianos do regime (Cavacos, Madeiras, Cacav's AV1's e quejandos), ninguém acha que a CMM pode fazer obra basta e dispendiosa sem meios.
O que se pede é rigor e gestão racional do que existe !
Eu não quero um Centro Cultural de Belém em Alhos Vedros. Chega-me que não anunciem projectos que nunca mais se vêem, tipo Alhos Vedros Cultural, tirando uns andaimes para a caiação do costume, ou que, quando fazem, façam coisas sem nexo, como uma Biblioteca/Núcleo Cultural sem nenhum tipo de valências.
Chega-me que não cedam aos interesses privados, quando os construtores teimam que não fazem o que não querem e levam a melhor (caso do antigo Cinema).
Chega-me que não deixem o Julião ir a pouco e pouco camartelando tudo da zona antiga da vila, desde que "mantenha a traça" !
Chega-me perceber se o que se diz sobre a gestão do Fórum Cultural Joisé Figueiredo é ou não verdade, que há gente avençada a ganhar por dois lados, pela avença e pelo agendamento de certos espectáculos.
Chega-me que o presidente (aposentado) da Assembleia Municipal não ande de passeio, à conta de outros erários.
Chega-me que alguém, por uma vez, ponha a mão na consciência e reflicta se, com menos pompa e circunstância, não se conseguiria mais e melhor.

E que não (re)ajam como se o que pretendemos não seja, muito pura e simplesmente, uma gestão da coisa pública (dos dinheiros, dos terrenos, dos equipamentos), que seja feita de acordo com o interesse de todos e não só de alguns e que siga uma agenda coerente e não de ciclo eleitoral.
Para que não se inaugure hoje e se volte a esburacar amanhã, porque não ficou bem feito.
As coisas constroem-se da base para o tipo, com alicerces e não o contrário.
Será que a Marginal da Moita não poderia ter sido intervencionada de uma forma menos onerosa para os cofres da autarquia ?
Será que certas obras do regime (da tijolada e betonada à "arte pública") vão cair sempre por acaso nos mesmos regaços ?
Não seria possível que a CMM fosse uma "pessoa de bem" e pagasse a tempo e horas a fornecedores ?
Será que se a CMM gerisse melhor o seu pessoal, não usando os seus quadros e regimes especiais, como agência de empregos e recompensa de fidelidades, e colocando as pessoas a trabalhar a sério nas suas áreas, em especial o pessoal técnico superior, não seria possível aparecer muita obra feita que agora não aparece ?
Ou o pessoal político não é capaz de fazer esse tipo de alocação de meios ?
Ou alguns técnicos, do quadro ou avençados, são mais úteis em outro tipo de trabalho ?

Pois. São muitas questões. Muitas formas diferentes de ver as coisas. Que ninguém me sopra ao ouvido, que ninguém me encomenda, que ninguém me paga para ter.
Porque eu sou do mais estúpido que existe, sou dos que acham que há liberdade de opinião e de pensamento e que todos nos podemos expressar quando temos meios para isso, que para propaganda chega o Boletim Municipal e o resto da papelada publicada pela CMM que, pelo que dizem que custa, deve ser impressa com tinta dourada em velinos medievais.
Mas como quem não é de fiar, não se fia nos outros, acredito que não acreditem em mim.

Zé Parvo

3 comentários:

AV disse...

Será que alguém responsável do PCP e dos Verdes, irá fazer alguma coisa quando ler isto ?
Por exemplo substituir o actual presidente da Câmara da Moita, aproveitem agora, o homem também já está reformado !
Como podem falar de má gestão do governo Nacional, quando neste seu Feudo, têm esta política despesista e arruinadora do erário público ?
E é para quando que removem o dique da Moita, que está a assorear a caldeira, quando já não houver água devido à contínua subida das lamas ?
E quando pressionam nem que seja um bocadinho o Porto de Lisboa para retirar o desmantelamento do Caís Novo de Alhos Vedros ?
São muitos erros neste concelho de "Bem Gastar, à Beira Tejo"

AV2

AV2

AV disse...

Desculpa lá, andas com insónias ?
Andas aqui às 6.25 da manhã ?
Eu sei que não gostas de usar os meios informáticos do patronato, mas isto é muito cedo, caramba !
Até eu que me levantei às 7.15 ainda estava a dormir a essas horas!
Faz como resto da malta, comenta na hora do expediente, a menos que sejas noctívago como um cert'outro comentador que já abordou esta questão, com conhecimento - e ó que conhecimento - de tudo isto.

Zé Ensonado

Carlos (Brocas) disse...

Ele não pode fazer isso pois a patroa está sempre em cima dele....

;)