segunda-feira, maio 08, 2006

O Grunho

Garanto que nunca me deixei enganar pela prosápia nacionalista dos aficionados taurinos.
Eles gostam demasiado das castelhanadas e sevilhanices para confiar neles.
Marialvismo por marialvismo, o fadista é mais tuga. O taurino é todo espanholado.
Para começar, nunca entendi aquela mania de arranjarem nomes de guerra espanholados, como se tivessem vergonha da sua origem ou lhes faltasse imaginação para mais.
Os negócios, já sei. É mais fácil obter contratos em Espanha se usarem merdices como Procunas, Velasquez ou, como no caso que agora aqui se traz, El Grenho.
Este grunho é um português de nome José Franco que foi bandarilheiro de João Moura e como agora parece estar com dificuldades, vai de tratar de se naturalizar espanhol para ter mais vantagens no país vizinho.
Assim se vê o amor à Pátria e ao seu país.
Acenem-lhe, já não com um punhado pesetas, mas de euros com o Juan Carlos na frente e eles lá vão a correr orgulhosamente tornar-se espanhóis.
E o mesmo seria e é válido para muitos outros, desde que as circunstãncias se propiciem.
Por isso, esta malta taurina, da qual os moiteiros se assumem como grandes representantes, tem uma relação muito dúbia com a identidade nacional e aquilo a que eles chamam "tradições" deixa-me muitas reservas.
Já aqui se escreveu no AVP mais de uma vez, mandem a Moita e os moiteiros boiófilos para Espanha, ou tornem-na um enclave castelhano e dêem-nos de volta uma parte da Galiza ou a mítica Olivença.
Mal por mal os oliventinos estão numa das zonas mais pobres de Espanha e não notariam a diferença.
E muitos galegos há muito que preferem o Porto ou até Lisboa do que Madrid.
Já esta maralha taurina de segunda cepa dêem-lhes Sevilha, Alicante ou uma qualquer Talavera, e eles esquecem-se logo das quinas, do hino e lá vão alegres e contentes de camisola vermelha e dourada em busca de novo passaporte.

Zé Tércio (com o nº 311 do passado dia 5 de Janeiro do jornal Farpas)

2 comentários:

Anónimo disse...

Oh Zé Tércio, que mau feitio.

Deixa lá o homem fazer pela vida.

Também noutras modalidades desportivas temos Decos no futebol, no andebol, no volei, etc... Todos estes nasceram com alma lusitana...

E hoje em dia qual é o português que não se importaria de se passar para espanhol ? Vá, diga lá um (não contam os gestores publicos).

Pagassem aquilo que eu mereço e, em vez de apoiar -gratuitamente e com gosto - a causa da emancipação de Alhos Vedros - eu passaria a apoiar a independencia de Jaen, em pleno Al Andaluz.

AV disse...

é pá, eu não gostava de ser espanhol, a sério que não, nem com pagamento em cima.
Estou farto de dizer, para isso prefiro ser dinamarquês (podia fazer cartoons a gozar com o que me apetecesse e tudo) ou mesmo suiço, apesar das tend~encias muito rigorosas dos tipos ou talvez por isso.
Se é para mudar, que se mude para muito melhor e não apenas para um bocadito melhor.
Aqui no AVP somos assim, os princípios vendem-se que ninguém é incorruptível, mas vendem-se caro.
Como se lia na Visão, os tugas corrompem-se por pouco.
Nesse aspecto, em especial eu, só me corrompem por tabelas europeias.
Menos do que isso, não vale o trabalho.
;)