Hesitei um bocado, prái 3 segundos, sobre se haveria de comentar a enésima repetição desta argumentação esgrimida pelo delfim do regime moiteiro, o comissário político, especialista geógrafo nas horas cada vez menos vagas, Nuno Cavaco.
Só que não nos devemos ocupar só em abordar as "grandes" questões, sendo por vezes necessário perdermos tempo com algumas minudências.
Passo à frente quanto à repetição de argumentos, escritos neste ou noutra forma parecida, já outras vezes.
Passo adiante o facto de tudo isto ser motivado pela defesa interessada num processo de regionalização.
Detenho-me apenas no hábito irritante de alguns "especialistas" quererem demonstrar metaforicamente as suas afirmações com exemplos que, porque mal amanhados, acabam por demosntrar apenas o contrário.
É o caso do articulista em causa que não percebe que o exemplo que dá serve exactamente para criticar a solução regionalista.
Dividindo o país em regiões, cada qual tendencialmente fechada sobre si mesma e os seus problemas, em especial quando existem interesses contrastantes e concorrentes ou, mesmo quando não existem, quando são dominadas por forças políticas divergentes, é que se tem um Alentejo ao pé coxinho, ao lado de um Algarve a trote e de uma região de Lisboa e Vale do Tejo a galope.
Porque cada uma vai contar apenas com os seus recursos para a corrida interna que vai desengonçar e agravar as clivagens e assimetrias nacionais, em vez de as reduzir.
Quem tem mais potencial e meios vai descolar mais rapidamente dos outros.
Isto percebe-se bem, mesmo ao nível das nações.
A Suécia, a Alemanha, a Dinamarca e a Áustria, mesmo integradas na União Europeia como nós, crescerão sempre mais do que nós ou do que a Grécia, se descurarmos os elementos de coesão e solidariedade e reforçarmos os factores de divisão e concorrência.
Para harmonizar o desenvolvimento, devem eliminar-se barreiras, não criar novas, entre regiões (nações, etc) com níveis de desenvolvimento e riqueza muito desiguais.
A regionalização só vai introduzir um elemento adicional de perturbação na já frágil coesão nacional.
Não falando no resto... no novo nível de burocracia e tachismo que se lhe vai associar que nem lapa ao rochedo salgado.
Mas esperar que se perceba isso a quem só quer a regionalização por fé cega ou instrumental, é pedir de mais, não é?
Acho que nem o Einstein lá chegaria.
AV1
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6 comentários:
Então é este o brilhante cromo...brilhante mesmo e rumo ao disparate.
Com todo o respeito e porque considero que a crítica feita levanta algumas questões, afirmo que não pode ler apenas uma parte do artigo. Se eu encadeio o artigo do Nacional para o Regional e do Regional para o Local, não fico apenas nas Regiões, antes pelo contrário, utilizo esta entidade administrativa como o garante da coesão nacional, não de uma forma fechada como refere mas cumprindo as orientações nacionais. Quanto ao facto de pensar que eu e o P.C.P. defendemos a regionalização por uma fé cega está redondamente enganado e a resposta que lhe dei em cima serve para responder à sua argumentação. Entrementes não me parece ilógico o que escreveu mas se tiver um pouco de boa vontade e lucidez vai reparar que o contexto do artigo leva a formular ideia contrária à sua.
Um abraço do seu amigo delfim.
P.S.- Ponto Verde informe-se um pouco sobre o que escreve, assim saem menos asneiras.
Não acho que o PC e o os seus militantes defendam a regionalização com uma fé cega.
A opção que acho é a que a defendem como algo "instrumental".
Se reparou, eu colocava duas opções, pois acho que há defensores sinceros da regionalização como panaceia universal e os que acham que ela é uma fórmula adequada aos seus interesses.
Incluo o seu caso e do PC nesta última categoria.
Dividir um país como o nosso (dimensão, falta de sentido de serviço público da classe política, acomodamento das estruturas técnicas) em regiões, vai ser desarticulá-lo ainda mais, criando estruturas intermédias que acharão ter legitimidade para cotestar o Poder Central e as outras regiões.
Exemplo óbvio: como gerir bacias hidrográficas com margens em regiões diferentes, com interesses de circunstãncia conflituantes?
AV1
Em primeiro lugar quero-lhe dizer que a pergunta que coloca é muito pertinente e é por isso que muitos "especialistas" como lhe chama, defendem que a unidade administrativa deveria ser a bacia hidrográfica, mas infelizmente não o é. Em segundo lugar, o P.C. defende a Regionalização por vários motivos e um deles é de que as regiões são a única forma de garantir a articulação entre os planos, claro que os planos tem de convergir para desígnios nacionais. Aí, pasme-se até concordo consigo, quando o Plano Nacional de Ordenamento do Território (está em fase de discussão) refere que a desertificação do interior é uma inevitabilidade, pergunto porque é que se fez? Não era para esbater ou minimizar as desigualdades territoriais. As regiões são referidas na constituição com propósito e metodologia, são essas as que defendemos.
A rregionalização, repito-o, nem como metodologia com cobertura constitucional, nem como prática que se adivinha, resolverão nada em termos de desenvolvimento do país.
Mas, como de costume, cá estaremos para ver quem tem razão, se a coisa avançar.
Não era o primeiro sistema teórico muito direitinho que esbarrava contra a realidade das coisas e dos homens (e mulheres, por via da paridade).
AV1
Essa também é uma das minhas preocupações, mas penso que as coisas podiam funcionar melhor.
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