quinta-feira, junho 01, 2006

Timor-Leste a crise prevista

Colaboração de Manuel Pedro, que há muito tempo, não dava sinais de existência...

"O problema que Timor-Leste está a passar é que se tornou uma república arquista, sem passar por uma interligação dos seus dirigentes para com os problemas e necessidades do seu povo.
Como o principal problema desse país é a extrema miséria em que o povo vive, onde a maioria da população ganha menos de 1 dólar por dia, o que os dirigentes nacionalistas deste ou qualquer país teriam de fazer de imediato era tentar aumentar essa quantia para pelo menos 5 dólares por dia.
Como?

A questão é tirar a quem tem para distribuir a quem não tem.
Como neste caso quem tem é o Estado, porque a iniciativa privada é pouco importante neste momento para a economia de Timor-Leste, e o Estado é detentor de quase toda a riqueza, basta à classe política ganhar menos para a distribuição de renda se tornar mais equilibrada.
Outro factor importante e de um despesismo imenso, são os cooperantes, a minha opinião é que se outros países querem ajudar Timor-Leste cooperando, no caso de Portugal, dando cursos para professores Timorenses de Português, terão de ser esses países que querem cooperar, que terão de pagar aos seus cooperantes, Timor-Leste, como país subdesenvolvido, apenas terá de pagar com o agrado e o respeito dos Timorenses e nada mais, noutra fase de desenvolvimento do País, voltar-se-á a ponderar no assunto e pedir dividendos, porque todos sabemos que não há almoços grátis.
Outro pormenor, quanto ganhará um deputado em Timor?
E Xanana Gusmão?
Será que Timor tem necessidade da existência de um parlamento como aqui é regra na Europa?
Não pode o povo eleger delegados que o representem, sem necessidade de eleições?
Porque tem este modelo de “Democracia” ocidental ser exportado para países que estão a começar uma nova experiência existencial autónoma.
A passagem de duas colonizações (a Portuguesa e a Indonésia) deveria ter despertado nos dirigentes de Timor-Leste um sentido de Pátria e uma compreensão das diferenças culturais dos seus cidadãos.
Primeiro de tudo ter-se-ia de salvaguardar e conseguir a unificação de um estado multicultural e isso não passa por arquismos, mas sim por múltiplos anarquismos, locais (em cada região) e depois nacionais.
O que proponho é reuniões de cidadãos (tribos, neste caso) que debatam abertamente os problemas que são realmente importantes para eles.
O Estado, porque existe, deveria ser o regulador e organizador de todas essas reuniões, até os cidadãos Timorenses se organizarem e criarem a sua própria ideia de Estado, ou de Nação, arquista ou anarquista conforme se viesse a propor.

Quando os cidadãos timorenses tiverem o poder de decidir o que realmente desejam então poder-se-iam organizar em Estado como melhor o acharem.
Até lá a função do Estado seria a de distribuir os apoios internacionais o mais igualitariamente possível. Quando numa sociedade em construção o estado adquire demasiados poderes torna-se uma ditadura como em Cuba em que Fidel Castro, reina num país em que povo está na miséria, mas ele é detentor das maiores fortunas do mundo (segundo a revista Forbes).
O estado só é necessário quando faz alguma coisa pelos seus cidadãos, quando deixa de fazer e apenas faz enriquecer alguns à sua custa, o estado deixa de fazer sentido e isto é válido em qualquer parte do mundo.

Penso, por fim, que a Língua Portuguesa poderá e deverá ter um papel unificador em Timor-Leste, muito maior do que qualquer força da GNR.
Se estes requisitos não forem preenchidos o que acontecerá é Timor tornar-se um estado mais da Austrália e criar com isso mais um foco de conflito na região, com a Indonésia, especialmente por causa do petróleo."

Manuel Pedro

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