Saber se a Margem Sul está ou não mais perto não é o problema fundamental.
Como é habitual está no mesmo sítio. As acessibilidades melhoraram, mas o desregulamento urbanístico descompensou largamente isso.
Títulos como "falhou visão de conjunto" ou "não houve desenvolvimento" explicam um pouco dos muitos erros cometidos nas últimas décadas, quando a Margem Sul optou por ser semelhante à Margem Norte e crescer à imagem da Amadora ou do Cacém.
E sacrificou a qualidade de vida à quantidade de loteamentos e preferiu as receitas provenientes do sector imoboiliário a uma aposta num outro modelo de crescimento.
Mas o suplemento Cidades do DN traz um outro detalhe supremamente delicioso.
Em todo ele, fala-se explicitamente de cinco concelhos ribeirinhos: Almada, Seixal, Barreiro, Montijo e Alcochete.
Sim.
Exacto.
A Moita está perfeitamente ausente.
Como se não existisse.
É irrelevante.
Não surge destacada nem pelos espaços de lazer (surgem o Parque da Paz em Almada e a Marginal do Seixal).
Nem pelos equipamentos culturais (surgem o Cinema Teatro Joaquim d'Almeida ou o Auditório Augusto Cabrita).
Nem pelas propostas comerciais.
Como é natural, pequenos homens fazem pequenas lideranças, desenvolvem uma acção irrelevante e apagam do mapa os locais por onde passam.
Os bois afinal não dão visibilidade e a colocação da Moita no mapa é uma ficção.
Maior atestado de inocuidade e irrelevo não poderia existir para o poder moiteiro, apoucado entre os seus próprios pares.
João Lobo y sus muchachos talvez sejam mais conhecidos em Cabo Verde.
Pelo menos parecem mais preocupados com isso.
Mas talvez os jovens amoitados consigam ocupar umas páginas da imprensa local.
É isso que interessa.
Gente pequena.
Horizontes curtos.
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6 comentários:
gente muito pequena mesmo, tens razão.
Provavelmente a deslocação a C V destina-se à recuperação de fundos
São as "Novas Centralidades" em toda a sua pujança.
É tão central, tão central, que quando se passa por ela nem se vê.
E então com este novo PDM -- e com o desvio do fluxo pela futura Circular da Moita e consequentes urbanizações já protocoladas com acessibilidades externas ao concelho -- é que vai ser lindo já que vai acentuar ainda mais a sua suburbanidade face ao Concelho do Barreiro e a sua desagregação identitária e cultural.
Até mais.
Em contrapartida, Alhos Vedros, através de esforços individuais e colectivos está cada vez mais no mapa, exemplos como o do fotógrafo Alhos Vedrense JJCN, do músico João Martinho de Artistas como o Zeca ou divulgadores da Lusófonia como o Luís Carlos e de colectividades como a CACAV, a Academia, O CRI, a Velhinha entre outras e duma estruturação Cultural e Alternativa como o AVP, dimensionou-se na criação dum quinto poder, o poder de cada indivíduo modificar no que pode, o melhor que lhe é permitido.
Também experiências antigas, como a Rádio Tejo e a Rádio Opção, descendentes da Estação 15 que nos princípios dos anos 80 emitia com programas semanais temáticos, em que eu participei e o jornal O RIO que nasceu em Alhos Vedros e se tornou um jornal de referência na margem sul, fazem-me pensar que pela persistência e veracidade, Alhos Vedros cada vez está mais no mapa.
Pela minha parte tenho tentado tudo o possível para que Alhos Vedros esteja no mapa.
Luís Guerreiro
Vocês falam todos bem mas o problema é que essa gente toda está a ficar velhota, salvo seja, e depois? Quem fica cá?
É só ir espreitar lá para os lados da Margem Norte e percebe-se que os jovens que têm hoje 15 anos têm a noção de outra terra e um desapego ao que a mesma foi e que ninguém lhes soube incutir.
E assim o património vai-se. A natureza vai-se. Até a participação civíca se vai no mesmo cano.
E mesmo na margem de cá é só ir passeando e falando com as pessoas mais jovens e percebe-se o que nos espera aqui também.
A explicação para o eclipse da Moita foi-me dada pelo meu camarada co-editor e tem toda a lógica: se o concelho deveria ser o de Alhos Vedros, logo a Moita não deve ter lugar.
Claro que os banhos cabo-verdianos devem saber muito melhor nesta altura do ano.
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